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Estudo do Dieese

Em julho, 47,3% dos reajustes salariais ficaram abaixo do INPC

Outras 31,8% negociações fechadas no mês passado tiveram aumento real e, em 20,8%, os resultados foram iguais à inflação acumulada em 12 meses; na categoria metalúrgica, patrões querem parcelar o reajuste

Imprensa SMetal (com informações do Dieese)
Divulgação
Data-base da categoria metalúrgica representada pela FEM/CUT-SP e pelo SMetal é 1º de setembro

Data-base da categoria metalúrgica representada pela FEM/CUT-SP e pelo SMetal é 1º de setembro

Estudo divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) demonstra que 47,3% dos reajustes salariais no Brasil firmados em julho deste ano sequer repuseram as perdas inflacionárias acumuladas em 12 meses. Outras 31,8% negociações fechadas no mês passado tiveram aumento real e, em 20,8% dos casos, os resultados foram iguais ao INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) acumulado em um ano.

O levantamento “De olho nas negociações”, divulgado na semana passada (confira a íntegra), analisou 245 reajustes salariais registrados no Ministério do Trabalho e Previdência até o dia 10 de agosto. Desses, 5,3% foram parcelados em duas ou mais vezes – índice inferior ao observado no mês passado (12,4%) e ao mesmo período (julho) de 2021, que foi de 11,5%.

Quando analisadas as negociações de 2022 (de janeiro a julho), até o momento, somente 20,7% dos reajustes ficaram acima da inflação; 35,4% tiveram valores iguais ao INPC acumulado e 43,9% não repuseram nem o índice de 12 meses.

Considerando apenas as negociações com aumento real no ano, a variação média foi de 0,59% de reajuste acima da inflação. Já entre os acordos que tiveram reajustes abaixo do INPC, a variação média foi de -2,19%. No total do ano, avaliando todos os reajustes de 2022, a variação média é de -0,84%.

Se levarmos em consideração os resultados por setor econômico, a indústria teve maior percentual de reajustes com aumento real, de 26,9%, seguido por serviços (18,1%) e comércio (16,6%). Porém, no setor de serviços, mais da metade dos reajustes (52,6%) ficaram abaixo da inflação.

Para o presidente interino do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba a Região (SMetal), Silvio Ferreira, os dados levantados pelo Dieese confirmam a quanto a Campanha Salarial da categoria, negociada pela Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT (FEM/CUT-SP), tem sido desafiadora.

Faltando apenas o índice do mês de agosto para fechar a data-base da categoria, a perda dos trabalhadores representados pela FEM/CUT-SP está acumulada em 9,16%. O INPC de agosto será divulgado pelo IBGE no dia 9 de setembro.

Parcelamento do reajuste

Silvio recorda que não é de hoje que os representantes sindicais dos metalúrgicos têm alertado sobre os desafios das negociações deste ano. “Nunca é fácil, mas este ano, com inflação alta e instabilidade econômica causada pelo atual governo federal, as discussões com as bancadas patronais está ainda mais intensa, especialmente referente ao parcelamento do reajuste, que somos totalmente contra”, explica.

Segundo ele, como ocorreu no ano passado, os empresários estão repetindo a proposta de parcelar o reajuste salarial da categoria. E ainda pior, algumas bancadas patronais sinalizaram a intenção de congelar os pisos e tetos salariais.

“Mesmo quando temos índices baixos de inflação, as bancadas patronais reclamam na hora de negociar o reajuste da categoria. Quando temos a inflação elevada fica ainda pior. No ano passado, conseguimos repor o salário no valor do INPC e, em alguns casos, garantir aumento real com muita luta e mobilização do SMetal e da categoria. Neste ano não será diferente”, assegura Silvio.

Além das questões econômicas, no Grupo 2, Siniem, Sindifupi, Grupo 8.2, Grupo 8.3, Grupo 10, Aeroespacial e Montadoras (negociações por fábrica), a FEM-CUT/SP e o SMetal estão negociando a manutenção e ampliação das cláusulas sociais da Convenção Coletiva de Trabalho, uma das principais ferramentas de proteção aos direitos da categoria.

A Campanha Salarial da FEM/CUT em 2022 abrange cerca de 200 mil metalúrgicos em todo o Estado de São Paulo.

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