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Entregadores por aplicativos realizam protesto e param por 24h

Em Sorocaba, os profissionais aderiam à paralisação por melhores condições de trabalho e teve buzinaço pelas ruas da cidade; Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região apoia a greve da categoria

Com informações da CUT Brasil
ROBERTO PARIZZOTI
Renda dos entregadores caiu durante a pandemia da Covid-19

Renda dos entregadores caiu durante a pandemia da Covid-19

Entregadores de alimentação por aplicativo, como Rappi, Loggi, IFood, Uber Eats e James, estão em greve nesta quarta-feira, 1º, que deve durar 24 horas, por melhores condições de trabalho e renda. Em Sorocaba, os profissionais também aderiam à paralisação e houve buzinaço pelas ruas da cidade.

Segundo o SindMoto Sorocaba, que representa a categoria, cerca de 65% dos entregadores aderiram a manifestação. A entidade estima algo em torno de 5 mil trabalhadores atuam na entrega por aplicativo na cidade. Os motoboys pedem que a população ajude no protesto e não façam pedidos durante o período de paralisação.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) apoia a paralisação dos entregadores. O presidente da entidade, Leandro Soares, diz que as cobranças da categoria são necessárias. “É um absurdo que tenhamos pessoas trabalhando por centavos a cada entrega, colocando a vida e a saúde em risco, seja por causa da Covid-19, por possíveis acidentes no trânsito ou pelas muitas horas de trabalho. Como todo trabalhador, os entregadores precisam ter condições dignas de trabalho e ganhar o que é justo pelo serviço que prestam. Não podemos aceitar que sejam submetidos a condições precárias todos os dias para que possam garantir o seu sustento”.

O protesto é contra os bloqueios feitos pelas empresas, quando algum deles se nega a fazer corridas que não compensam financeiramente, e também contra o desrespeito à categoria, que corre grande risco de contaminação pelo novo coronavírus (Covid 19), pois circula dia e noite em todos os locais, enquanto a maioria da população se isola para se proteger do vírus.

Os trabalhadores reivindicam aumento da taxa mínima por entrega, do valor pago por quilometragem e mais transparência sobre os repasses feitos diante as gorjetas pagas por clientes via aplicativo. De acordo com os entregadores, as empresas diminuíram o valor repassado no período da pandemia, como confirmou pesquisa feita pela Unicamp.

O levantamento online mostrou que 68,9% dos entregadores tiveram queda de ganhos durante a pandemia. Os que ganhavam em torno de um salário mínimo (R$ 1.045,00) antes da pandemia eram 17%. Agora essa proporção dobrou (34%). Ou seja, 1/3 desses trabalhadores ganham até um salário mínimo por mês.

Protesto em todo Brasil

De acordo com organizadores da paralisação, cerca de 98% da categoria deve aderir ao protesto em todo o Brasil e muitos clientes prometeram apoiar não fazendo pedidos. Segundo Mineiro, um dos organizadores da greve, haverá paralisação em mais cinco países: Argentina, Austrália, China, México e Inglaterra. “Conseguimos contatos com nossos parentes que moram no exterior e a corrente chegou até lá fora. Chegamos a nos reunir virtualmente com entregadores de outros países que prometeram também organizar paralisações na mesma data”, diz Mineiro.

Mineiro diz que não haverá manifestação nas ruas do Brasil e, sim, diálogo com quem quer trabalhar neste dia, “especialmente nos locais de maior movimentação de entregadores da Uber, Ifood, Rappi, Lalamove e Loggi, para que entendam que a luta é de todos”.

Além da baixa remuneração, os entregadores protestam contra a inexistência de direitos trabalhistas, a insegurança em caso de acidentes, doenças e mortes, assim como o dever de terem de arcar com toda a estrutura para o trabalho, como a manutenção de motos, dos aparelhos celulares e das bicicletas até a compra das bags (bolsas) que levam nas costas

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