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Ensino religioso nas escolas? Por Frei Betto

Em artigo, Frei Betto aborda a autorização que o STF deu às aulas confessionais nas escolas brasileiras. Para ele, em um país laico, é necessário discutir todas as religiões e seus princípios éticos

Frei Betto
Foguinho/Imprensa SMetal
Frei Betto é escritor, autor de “Um Deus muito humano” (Fontanar), entre outros livros.

Frei Betto é escritor, autor de “Um Deus muito humano” (Fontanar), entre outros livros.

O STF se debruçou, nesta quarta-feira (27), sobre o polêmico tema do ensino religioso nas escolas. Ora, a própria adjetivação de religioso é falaciosa. O ensino pode e deve ser religioso em escolas confessionais, sejam elas católicas, protestantes, judaicas etc.
Em um país laico como o Brasil não faz sentido falar em ensino religioso na rede pública. Deve-se, sim, incluir o ensino das religiões, assim como há o das civilizações. É inconcebível que um aluno termine o curso sem noções a respeito das grandes vertentes religiosas, como judaísmo, cristianismo e islamismo, bem como o que é espiritismo, umbanda, candomblé, santo daime e outras manifestações religiosas ou espirituais, como o budismo, encontradas no Brasil.
Debater se o ensino deve ser das religiões ou religioso chega a ser redundante. Importa é o conteúdo das religiões. E todas que merecem fé têm em comum os mesmos princípios éticos: amor ao próximo, cuidado da natureza, partilha dos bens, solidariedade, atenção aos necessitados, tolerância ao diferente, respeito à diversidade de crenças, combate à discriminação e ao preconceito.
Essa ética deveria ser o tema transversal de todas as matérias curriculares. É o mínimo que se espera de uma educação de qualidade.
Vale recordar as palavras do papa Francisco no Teatro Municipal do Rio, a 27 de julho de 2013: “Favorável à pacífica convivência entre religiões diversas é a laicidade do Estado que, sem assumir como própria qualquer posição confessional, respeita e valoriza a presença da dimensão religiosa na sociedade, favorecendo as suas expressões mais concretas.”

Frei Betto é escritor, autor de “Um Deus muito humano” (Fontanar), entre outros livros.

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