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Editorial

A indústria e os empregos de hoje e do futuro

A palavra da diretoria desta edição fala sobre a política econômica do Brasil e as estratégias de negócio utilizada por empresas, como a Toyota, para continuar os investimentos no país

Imprensa SMetal
Arte: Lucas Delgado/Imprensa SMetal

A CUT e o SMetal contam com o apoio dos trabalhadores para exigir correções de rumo na economia a fim de solucionar problemas atuais

A reafirmação, no final da semana passada, das 500 contratações previstas pela Toyota de Sorocaba para este ano, agora com mais informações sobre a designação de parte deles para a unidade de Porto Feliz, revela a importância das discussões sobre a política econômica do País que vêm acontecendo nos últimos anos sobre a estrutura da indústria nacional e o futuro dos empregos.

Claro que os debates sobre as necessidades mais urgentes, como a manutenção de postos de trabalho, a inflação, a taxa de juros são fundamentais. Mas em momento nenhum os atores sociais, que são trabalhadores, empresários e governos, podem abrir mão do planejamento da economia para os próximos anos.

A Toyota, além de adotar como estratégia de negócios no Brasil a continuidade de investimentos, vislumbrando sair à frente da concorrência na esperada retomada do crescimento, dá sinais de que o futuro do emprego depende muito da valorização da indústria nacional e do desenvolvimento tecnológico e estrutural nos mais variados segmentos produtivos.

Das 500 vagas que foram abertas nos últimos meses, uma parcela irá para a fábrica de motores da Toyota em Porto Feliz. No entanto, a empresa afirma não ter o número exato porque isso depende de quantos componentes ou peças terão que ser importados para produzir o motor planejado.

O Dieese do ABC estima que cada emprego em uma montadora gera 3,8 postos de trabalho somente em autopeças nacionais. Estima-se ainda que, considerando toda a cadeia produtiva, cada emprego em uma montadora de veículos pode gerar de 7 a 9 vagas.

As 500 contratações da Toyota estão gerando um número ainda não apurado de empregos nas sistemistas instaladas no entorno da montadora em Sorocaba e na região.

Obviamente, quanto menos peças tiverem que ser importadas, quanto mais tecnologia, capacidade e variedade de produção nacional, mais empregos serão gerados na região e no País.

É para fazer esse debate de longo e médio prazos que existem iniciativas como o Inovar-Auto e o Inovar-Peças, do qual a CUT e o SMetal participam. Tratam-se de fóruns de debates criados pelo governo federal em 2012 e 2013, respectivamente, e que envolvem representantes dos trabalhadores, dos empresários e do governo.

Os debates do Inovar-Auto, por exemplo, geraram um decreto assinado pela presidenta Dilma em julho de 2014 que obriga as montadoras instaladas no Brasil a informarem ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) a origem dos componentes que utilizam na fabricação de veículos.

Quanto mais componentes nacionais utilizar, mais incentivos oficiais a montadora poderá requerer junto ao governo.

Enfim, a CUT e o SMetal contam com o apoio dos trabalhadores para exigir correções de rumo na economia a fim de solucionar problemas atuais, mas sem permitir que o governo mude tanto que venha a prejudicar os empregos e a indústria nacional no futuro.

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