Por 16 votos a 4, o mandato do prefeito José Caldini Crespo (DEM) é cassado após 13 horas de sessão extraordinária, iniciada na quinta-feira, às 13h20 e encerrada na madrugada desta sexta-feira, 2, por volta das 2h.
A população fez pressão nos vereadores, principalmente os que ainda estavam indecisos, para que votassem a favor da cassação. Tanto na Câmara Municipal, durante o dia todo desta quinta-feira, 1, assim como nas redes sociais, os pedidos eram de “Fora Crespo”.
Durante a exaustiva sessão, devido à leitura do processo da Comissão Processante, secretários de Crespo chegaram a circular nos corredores da Câmara na tentativa de reverter votos para o prefeito. Guardas civis municipais ficaram a postos na Câmara, enquanto a polícia militar fazia vigia do lado de fora. Mas não houve nenhum confronto.
O protesto contra Crespo, envolvido no escândalo do falso voluntariado da “funcionária” Tatiane Polis, foi pacífico e soou como desabafo da maior parte da população que não aguentava mais Crespo como chefe do executivo.
Mudança de estratégia
A principio, a defesa de Crespo, representada pelo advogado Marcio Leme, solicitou a leitura das 1000 páginas do processo e mais a exibição de vídeos do processo, que poderiam ser de 4h a 30h. Essa estratégia foi combatida pelos vereadores que já tinha declarado voto a favor da cassação como sendo estratégia do “tapetão” para tentar ganhar tempo ou vencer pelo cansaço.
Mas, ao adentrar a noite, Marcio Leme mudou de opinião e pediu para encerrar a leitura. Após quatro vereadores usarem 15 minutos de fala, como prescrito pela Lei, o advogado de Crespo fez a defesa, para finalmente ir à votação.
Posse
Jaqueline Coutinho foi avisada do resultado por telefone e seguiu para a Câmara Municipal, onde preferiu seu primeiro discurso como prefeita de Sorocaba ao tomar posse, por volta das 3h.
O ex-vereador Izídio de Brito e atual diretor de organização do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba (SMetal) lembra que Jaqueline faz parte do governo de Crespo, que teve na campanha eleitoral o apoio de Renato Amary e outros políticos de direita.
“Foi vitoriosa a cassação porque Crespo está envolvido nessa infração político-administrativa e a população não aguentava mais a cidade parada por conta de uma falta de responsabilidade na gestão municipal. Mas, é bom destacar que não podemos esperar uma transformação social da parte de Jaqueline, porque a divergência dela com Crespo é somente por conta da atuação da Tati Polis na prefeitura. Não é por conta de divergência de projeto político ou forma de governar”, esclarece Izídio.
O secretário de organização lembra ainda que o SMetal preza por uma política voltada à atender a população. Como a entidade segue o conceito de Sindicato Cidadão, continuará cobrando o poder Executivo para melhorias de vida e desenvolvimento, em benefício dos trabalhadores.