Após audiência de conciliação realizada na última quinta-feira, dia 15, os trabalhadores da Amazul (Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A.), empresa instalada no Centro Experimental Aramar, em Iperó, votaram pela suspensão da greve.
A paralisação teve início na manhã de terça-feira, dia 13, e foi deflagrada após proposta de 0% de reajuste nos salários e possível corte de benefícios, apresentada pelo Ministério do Planejamento e pelo Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (DEST).
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia (SINTPq), a audiência de conciliação ocorreu no Tribunal Regional de Trabalho de São Paulo, após encontro entre o Sindicato e a empresa com o desembargador Rafael Edson Pugliese Ribeiro.
Na audiência, foi definido o abono dos dias de greve e a empresa se comprometeu a apresentar proposta de conciliação até terça, dia 20. Não havendo acordo, a Justiça do Trabalho agendará julgamento do dissídio.
Após a audiência, os mais de 270 profissionais paralisados, em São Paulo e Iperó, realizaram nova assembleia e deliberaram pela suspensão da greve. Entretanto, foi mantido estado de greve, o que possibilita a retomada da paralisação a qualquer momento, dependendo dos desdobramentos do processo.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) está acompanhando todo o processo junto ao SINTPq e se solidariza com a luta dos trabalhadores em busca de seus direitos.
Reajuste
Segundo informações do SINTPq, no últimos três anos, os trabalhadores da Amazul acumularam quase 12% de perda salarial, em função de reajustes abaixo da inflação. Neste ano, a empresa e o governo apresentaram uma proposta inicial que, além de 0% de correção, retirava uma série de benefícios presentes no Acordo Coletivo de Trabalho.
Após negociação com o SINTPq, o Ministério do Planejamento e o DEST concordaram com a manutenção dos benefícios, mas mantiveram o índice de reajuste em 0%.
A Amazul têm 1800 funcionários, dos quais 800 trabalham em Aramar (Iperó). A empresa participa do Programa Nuclear da Marinha (PNM), Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) e Programa Nuclear Brasileiro (PNB).
Intimidações
A direção do SINTPq ressalta que a agilidade no processo só foi possível graças aos trabalhadores e trabalhadoras, que lutaram arduamente durante os três dias de greve. “Enfrentando intimidações, sol forte e todas as dificuldades que um movimento paredista impõe, cada profissional presente nas mobilizações ajudou a fazer história na Amazul”, afirma o Sindicato.
E conclui: “A luta ainda não acabou. O processo seguirá na Justiça do Trabalho e derrotas não estão descartadas. Todavia, em três dias, os trabalhadores saíram de uma realidade de 0% de reajuste e eminente perda de benefícios para um cenário de esperança em dias melhores”.