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Desvalorização

Salário mínimo não terá aumento real e segue desvalorizado

Pelo terceiro ano consecutivo não haverá aumento real no salário mínimo que, a partir de janeiro, passa a ser de R$1.210; existe a possibilidade de o valor não cobrir as perdas da inflação acumulada

Imprensa SMetal com informações de RBA
Banco de Imagens - Freepik
É o terceiro ano consecutivo em que os trabalhadores e trabalhadoras não terão aumento real no salário mínimo

É o terceiro ano consecutivo em que os trabalhadores e trabalhadoras não terão aumento real no salário mínimo

A Medida Provisória (MP) que estabelece o valor do salário mínimo para 2022 foi aprovada e assinada pelo presidente, Jair Bolsonaro (PL), na última semana. Agora, o valor que antes era de R$1.100 passa a ser de R$1.210, a partir de janeiro de 2022.

O reajuste cobre pouco mais de 10% das perdas inflacionárias e não apresenta aumento real. Para chegar a este valor, a equipe econômica de Bolsonaro levou em consideração a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) prevista para o ano de 2021, que totalizou 10,02%.

Neste percentual, foram considerados os valores do INPC para os meses de janeiro a novembro. Para medir o percentual do mês de dezembro, o governo utilizou uma projeção, pois este dado só estará disponível a partir do dia 11 de janeiro. Sendo assim, existe a possibilidade de o reajuste salarial ficar abaixo da inflação.

É o terceiro ano consecutivo em que os trabalhadores e trabalhadoras não terão aumento real no salário mínimo. Para se ter uma ideia, desde 2003 – com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva – os trabalhadores tiveram, ano após ano, aumento real em seus ganhos. Em 2019, com a chegada de Bolsonaro à presidência, este cenário mudou.

A Constituição Federal, no capítulo dos Direitos Sociais, define que o salário mínimo deve cobrir todas as necessidades do trabalhador e de sua família, deve ser unificado em todo o território nacional e ser reajustado periodicamente para garantir seu poder aquisitivo.

“Apesar disso, não é o que se observa na política econômica do governo vigente. Hoje o trabalhador gasta uma fatia grande do seu salário apenas para comer. O Dieese já mostrou que, se fosse levar em consideração o valor do custo de vida, o salário do brasileiro deveria passar dos R$5 mil. Isso que estamos vendo é a desvalorização do salário”, comenta Leandro Soares, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal).

Estagnação

Como mencionado, o país viveu um período de valorização do salário mínimo a partir do governo Lula. Nesse período, a política econômica conseguiu assegurar ganhos de 78% acima da inflação para os trabalhadores e trabalhadoras. De acordo com o sociólogo Clemente Ganz Lúcio, ex-diretor técnico do Dieese, isso representou a entrada de R$ 250 bilhões ao ano na economia brasileira.

Esse montante entrava no bolso dos trabalhadores e se transformava em consumo das famílias. O salário, por sua vez, abastecia o comércio, mantinham as encomendas da indústria e do agronegócio (criando empregos) e faziam a roda da economia girar.

Neste momento, sem aumento real, o poder de compra das famílias está sufocado. Em Sorocaba, por exemplo, dos 193,985 trabalhadores com carteira assinada, 52,41% vivem com até dois salários mínimos. Os dados, organizados pela subseção dos metalúrgicos de Sorocaba do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico (Dieese), com base na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), também expõem que pelo menos 43% desse dinheiro é destinado para alimentação.

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