Programa de reciclagem de óleo de cozinha foi lançado na manhã desta sexta, dia 18; Sindicato dos Metalúrgicos é parceiro do projeto
Foi lançado na manhã desta sexta-feira, dia 18, no auditório do jornal Cruzeiro do Sul, o programa Limpa Óleo, que vai instalar 170 dispositivos coletores de óleo residual de cozinha na cidade. Minutos antes do lançamento, às 9h, havia 18 pontos de coleta cadastrados no programa, principalmente condomínios, cobrindo duas mil residências. Duas horas depois, no encerramento do evento, três novos condomínios residenciais haviam aderido à iniciativa, aumentando para sete mil o número de moradias abrangidas pela coleta.
O Limpa Óleo é uma realização do Centro de Estudos e Apoio ao Desenvolvimento, Emprego e Cidadania (Ceadec) e conta com o apoio do jornal Cruzeiro do Sul e do Sindicato dos Metalúrgicos.
A meta do programa é cobrir 60 mil residências dentro de poucos meses, além de escolas, fábricas e outras instituições que queiram aderir ao programa.
Para alcançar esse objetivo, o Limpa Óleo quer instalar 170 LEV (Local de Entrega Voluntária), que são dispositivos especialmente desenhados para receber garrafas PET de dois litros cheias de óleo residual de cozinha.
Cada LEV comporta 25 garrafas PET com óleo usado. Assim que o dispositivo estiver completo, o parceiro da iniciativa deverá telefonar para o Ceadec, que vai substituir o LEV completo por um vazio.
Usina de reciclagem
“Além de orientar a população, nosso programa se propõe a dar a destinação correta para o produto, que será reciclado em uma usina adequada. Consideramos essa providência essencial para concretamente minimizar o impacto do óleo no meio ambiente, inclusive na rede de esgoto de Sorocaba”, defende Rita de Cássia Gonçalves Viana, presidente do Ceadec.
Estima-se que cada litro de óleo pode contaminar um milhão de litros de água na natureza, além de obstruir a tubulação de esgoto quando jogado em ralos ou pias de cozinha.
No caso do Ceadec, as garrafas com óleo usado serão levadas à usina da Rede Cata-Vida, na rua Chile, vila Hortênsia, onde o produto será beneficiado para reutilização. Atualmente, o óleo reciclado pela usina é vendido para produtores de ração para animais.
Transporte inovador
Até o meio de transporte dos LEV será inovador. O Ceadec adquiriu um triciclo motorizado para realizar a tarefa. O veículo, da montadora brasileira Gurgel, faz 25 quilômetros com um litro de diesel e tem uma capacidade de carga de uma tonelada.
O triciclo também é mais estreito do que um utilitário convencional e por isso pode acessar mais facilmente os locais de instalação do LEV.
Outra vantagem do veículo, segundo o Ceadec, é que ele tem motor estacionário. Por isso o motorista não precisa ter habilitação especial para dirigi-lo, o que permite que ele seja operado pelos catadores da Coreso (Cooperativa de Reciclagem de Sorocaba) e da Rede Cata-Vida.
Além de Rita Viana, compuseram a mesa solene do lançamento Anclar Patric Crippa Mendes, editor-chefe do jornal Cruzeiro do Sul; o vereador Izídio de Brito, representando a Câmara Municipal e também o Sindicato dos Metalúrgicos; Maria Beatriz, representando os condomínios parceiros do programa; o secretário municipal de parcerias Fernando Oliveira; e o deputado estadual Hamilton Pereira.
Novas parcerias
No dia do lançamento, o Limpa Óleo já tinha pedidos para instalação de 18 LEVs, que abrangem sete mil moradias e 21 mil pessoas. Mas o projeto se propõe a ser bem maior. O objetivo é instalar 170 LEVs e abranger 60 mil pessoas.
“Com 60 mil pessoas depositando as garrafas de óleo do LEV, estimamos poder coletar cerca de 10 mil litros de óleo por mês. Essa quantidade é suficiente para tornar nosso programa autossustentável, sobrevivendo somente da própria coleta de óleo”, afirma Rita de Cássia.
Os contatos com o programa podem ser feitos pelo telefone 15-3018-2838 ou pelo email [email protected]
Limpa Óleo preserva o meio ambiente e gera renda
Além de poupar o meio ambiente, o programa também garante renda para os catadores vinculados ao projeto. Atualmente, o Ceadec assessora 11 cooperativas de catadores na região, que geram renda para cerca de 280 catadores, sendo 90 em Sorocaba.
Hoje, os principais produtos coletados são latas de alumínio, garrafas de plástico e papéis. Mas há meses o Ceadec vem se dedicando a ampliar a coleta para o óleo de cozinha.
Antes discriminado, o trabalho desses catadores organizados em cooperativas hoje é admirado pelos cidadãos que reconhecem a importância da reciclagem. “Sou parceira da Coreso há 12 anos. Digo sempre que hoje eu visto o jaleco verde dos catadores. O trabalho deles é voltado para a natureza, para o social, para a sustentabilidade”, afirmou Maria Beatriz, representante do condomínio Granja Olga, no lançamento do programa.
Mensagem para o futuro
O deputado estadual Hamilton Pereira (PT), também presente, lembrou a trajetória do Ceadec, fundado em 1999, e a evolução dos projetos, que conciliam preservação ambiental com geração de renda para centenas de catadores.
“O Ceadec traz uma mensagem para o futuro. A agressão ao meio ambiente pode custar caro. Precisamos preservar e reciclar. E o programa Limpa Óleo é uma iniciativa muito importante nesse sentido”, afirmou Hamilton.
“O resultado é palpável. O óleo de cozinha volta para a cadeia alimentar, como ração animal, tanta é a qualidade da reciclagem”, reconhece o secretário de Parcerias da Prefeitura, Fernando Oliveira, presente ao lançamento do programa.
Prefeitura recebe críticas durante lançamento do programa
Apesar do clima cordial e otimista do lançamento, o secretário de Parcerias Fernando Oliveira não escapou de algumas cobranças de participantes do projeto sobre a política ambiental do governo Vitor Lippi (PSDB).
A presidente do Ceadec agradeceu os elogios do representante do prefeito ao projeto, mas cobrou ações concretas de apoio, como a adesão da rede municipal de ensino ao programa Limpa Óleo. O secretário não respondeu à cobrança de Rita.
Projetos municipais
Já o vereador Izídio de Brito (PT), que participou do evento como representante da Câmara Municipal e do Sindicato dos Metalúrgicos, lembrou que ele mesmo é autor de dois projetos de lei que tratam da coleta seletiva e que não contam com o apoio da prefeitura.
Um dos projetos de Izídio prevê a remuneração de catadores, pela prefeitura, por tonelada de materiais recicláveis coletados. Desde 2009 a prefeitura estuda implantar a remuneração, mas até agora não o fez.
O ex-secretário de parcerias, Carlos Laino, que apoiava a remuneração de catadores, mas saiu da prefeitura por divergências com a administração de Vitor Lippi (PSDB), estava presente ao lançamento nesta sexta.
Outro projeto de lei do vereador Izídio, que está tramitando na Câmara, dá desconto de 30% na taxa municipal do lixo aos moradores que aderirem a programas de reciclagem reconhecidos pelo poder público.
“Para ampliar a reciclagem, o poder público deve atuar em duas vertentes: remunerar os catadores e premiar o munícipe que colabora com a coleta seletiva. Os projetos do meu mandato procuram ajudar nesse sentido; e por isso eu esperava contar com o apoio do governo municipal”, afirma Izídio.
