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Previdência: ‘A proposta condena a população a viver na miséria’

Debate sobre a Reforma da Previdência, promovido pela CNM-CUT, mostra que a proposta de capitalização da aposentadoria que querem implantar no país deixou os chilenos miseráveis. Dia 20 tem ato na Sé

Imprensa do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Adonis Guerra
Debate sobre a reforma da Previdência mostra que a proposta de capitalização da aposentadoria que querem implantar no Brasil deixou os chilenos miseráveis

Debate sobre a reforma da Previdência mostra que a proposta de capitalização da aposentadoria que querem implantar no Brasil deixou os chilenos miseráveis

A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, CNM-CUT, organizou o debate “Privatização da Previdência Social Brasileira” no dia 6, na sede da entidade, em São Bernardo. O presidente da CNM-CUT e vice-presidente dos Metalúrgicos do ABC, Paulo Cayres, o Paulão, explicou que o objetivo é dar elementos aos dirigentes e aos trabalhadores sobre o que a proposta de reforma da Previdência representa.

“Temos que fazer o debate e preparar o enfrentamento com qualidade para impedir essa reforma. Com essa proposta não tem negociação possível, tem luta. Não dá para remendar algo que significará perda de direitos dos trabalhadores”, afirmou.

A assembleia geral chamada pelas centrais sindicais no dia 20, na Praça da Sé, definirá os próximos passos de luta em defesa da aposentadoria.

Por videoconferência, dirigentes de diversos estados e países participaram do debate, inclusive com o relato do presidente da Confederação de Trabalhadores Metalúrgicos do Chile, Horácio Fuentes, sobre o modelo de aposentadoria chileno, que o governo Bolsonaro quer implantar no Brasil.

No Chile, 44% dos aposentados estão abaixo da linha da pobreza e 78% não atingem o salário mínimo. “O modelo rebaixou a qualidade de vida no Chile, com pobreza absoluta e aposentadorias muito menores do que as prometidas na implantação do sistema, que seriam 70% do salário, mas hoje são 30% do salário mínimo”, contou.

“O sistema chileno foi imposto na ditadura de Pinochet nos anos 1980. Não tinha parlamento para discutir o tema e os dirigentes sindicais estavam ou presos ou assassinados. São pensões baixíssimas, que condenam a população a viver na miséria. A luta tem que ser grande para impedir esse modelo no Brasil”, afirmou.

Pelo sistema, não há mais aporte patronal nem do governo na Previdência Social. O que o trabalhador poupar durante a vida, obrigatoriamente em Administradoras de Fundos de Pensão, as AFPs, será a sua aposentadoria, que pode acabar.

“Os recursos depositados nas AFPs, ligadas ao sistema financeiro, chegam a 70% do PIB do país. E as AFPs podem investir onde quiserem como se fosse um cassino, podendo perder o dinheiro do trabalhador. É a ganância do sistema para fortalecer o mercado de capital enquanto trabalhadores são castigados”, disse.

O ex-ministro da Previdência Social, Carlos Gabas, reforçou a importância de entender a diferença do sistema que existe hoje e as propostas de Temer e Bolsonaro. “Temos que ter claro que a proposta é um equívoco total. Não é nenhuma melhoria, é o desmonte do sistema de proteção social”, ressaltou.

Gabas explicou que o modelo atual tem como característica principal a solidariedade, em um pacto de gerações de quem está trabalhando contribui para o fundo que paga as aposentadorias.

“A Previdência Social no Brasil é parte da solução dos problemas. O que está em disputa com a reforma é o orçamento da união. O dinheiro que é do povo, arrecadado de contribuições sociais e de impostos, vai servir para proteger a sociedade ou vai servir para acumular recurso do capital especulativo? É essa a disputa”, argumentou.

“É bobagem dizer que o sistema atual está quebrado. O modelo tem viabilidade, tanto que era superavitário até 2015, quando a crise econômica e política criada para desestabilizar um governo legítimo levou o país a uma das piores crises de desemprego. O desemprego derruba a arrecadação da Previdência. Além disso, se hoje não tem emprego para os jovens, terá para o trabalhador com mais de 65 anos que não conseguirá se aposentar?”, explicou.

“A saída é exigir crescimento econômico, emprego com carteira assinada e distribuição de renda para a Previdência voltar a ter viabilidade. E precisamos discutir reforma tributária para quem tem mais pagar mais e quem não tem não pagar impostos. No Brasil é o contrário e isso precisa ser corrigido”, defendeu.

Gabas afirmou que o modelo de capitalização é uma enganação. “O dinheiro no Chile está em seis Administradoras de Fundos de Previdência, que têm bancos por trás. E 50% estão investidos fora do Chile. O país não ganhou nada, só aumentou a concentração de renda e a exclusão social em um exército de pobres e pessoas desprotegidas. Não funcionou no Chile e não vai funcionar aqui”, concluiu.

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