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Vidas Negras

Por uma outra história: Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo

13 de maio não é dia de comemorar uma falsa abolição; a data marca o Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo, que apesar de ser crime no Brasil, pouco efeito prático traz para população negra

Artigo do Coletivo Racial do SMetal

Elza Soares já cantava a bola há muito tempo: a carne mais barata do mercado é a carne negra. João Alberto, espancado e morto no Carrefour, em Porto Alegre, que o diga. Como ele, outros tantos corpos pretos tombam diariamente Brasil afora.

Os números mostram o tamanho da brutalidade que a população negra sofre. 78% dos mortos pela polícia em 2020 eram negros, segundo dados do Monitor da Violência. Isso significa que quase quatro em cinco pessoas mortas nas ações policiais eram pretos.

Somente em 2019, o infográfico sobre “Violência e Desigualdade Racial no Brasil” aponta que 35,5% pessoas foram mortas pela polícia brasileira. Isso no mesmo Brasil que mata um jovem negro a cada 21 minutos.

Quando falamos das mulheres negras, a situação é ainda mais alarmante. 59,7% das vítimas de abuso sexual, em 2018, eram mulheres pretas. Elas também são a maioria das vítimas de feminicídio – 66,5% (dado de 2019).

Os números são uma pequena amostra do cotidiano dos negros e negras no Brasil. Uma realidade que insiste em acontecer todos os dias. Como a chacina que tirou a vida de 28 pessoas no Rio de Janeiro. Ou como o caso do jovem André de Jesus Senna, de 27 anos, morador de Sorocaba, encontrado morto depois de uma abordagem por Guardas Municipais.

Essa desigualdade se repete também no mercado de trabalho. Negros ganham 31% a menos que os brancos. No caso das mulheres, essa diferença chega a ser o dobro, segundo o Pnad/Insper. Trabalhadores negros e negras ocupam menos de 5% dos cargos de gerência ou diretoria, de acordo com pesquisa da Vagas.com.

A pandemia da Covid-19 agravou essa situação. O Instituto Polis levantou que são os homens negros que mais morrem pela doença. Cada 100 mil habitantes, 250 dos óbitos são de homens pretos. Entre as mulheres, são 140 mortes a cada 100 mil habitantes, quase o dobro das mulheres brancas que perderam a vida pelo coronavírus.

O IBGE também mostra que negros e pobres são os mais afetados pela Covid-19. Sete a cada dez pessoas com mais de um dos sintomas da doença são pretos. A desigualdade social e o preconceito explicam esses dados.

Hoje, 13 de maio, não é dia de comemorar uma falsa abolição. Uma abolição que ainda não acabou. A data marca o Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo, que apesar de ser crime no Brasil, pouco efeito prático traz para sua população.

Ao todo, o IBGE aponta que 54% do povo brasileiro é negro. Fruto de uma sociedade construída em cima do sangue dos povos arrancados das suas terras para serem escravizado por aqui.

Não é uma caminhada em pé de igualdade. Enquanto brancos e ricos gozam de todos os privilégios, como acesso a saúde, educação e cultura, os negros e negras padecem de necessidades básicas. Falta saúde de qualidade, a educação é capenga e a cultura, tão rica entre esses povos, é negada repetidamente. Os jovens negros tentam, com toda sua força, conciliar os estudos com trabalho e afazeres domésticos, porque as famílias dependem disso.

E mesmo como todos os percalços pelo caminho, a população negra encara a vida e corre atrás de sonhos. Sonhos que, muitas das vezes, é apenas voltar para casa com vida. Todos os dias, homens e mulheres negros dão duro em empregos que não lhes valorizam para, quem sabe, ter o reconhecimento merecido.

Nesse dia 13, Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo, o Coletivo Racial do SMetal denuncia e repudia o genocídio do povo preto, as mortes pela violência policial e a desigualdade no mercado de trabalho. O Coletivo, ainda, reafirma o compromisso de continuar lutando por uma sociedade justa e igualitária para todos. Por isso, os trabalhadores e trabalhadoras metalúrgicos podem contar com SMetal nessa luta.

#vidasnegrasimportam

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