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Eleições 2010

Pesquisa consolida crescimento de Dilma nos redutos de Serra

Apesar de haver clara divisão por renda e região do país entre tucano e petista, ex-ministra consegue expansão em todos os setores e ex-governador mantém patamar apenas entre ricos

Por: João Peres / Rede Brasil Atual
Fotos: Janine Morais e Roberto Stuckert Filho
Dilma Rousseff continua com menos votos entre as mulheres, com 33% das intenções, contra 41% entre os homens

Dilma Rousseff continua com menos votos entre as mulheres, com 33% das intenções, contra 41% entre os homens

A pesquisa Ibope divulgada no último fim de semana reforça a tendência de divisão do eleitorado entre maior e menor renda e entre divisões do país. No geral, os pré-candidatos do PT, Dilma Rousseff, e do PSDB, José Serra, aparecem rigorosamente empatados, com 37% das intenções de votos cada um no primeiro turno e 42% numa eventual segunda rodada.

Mas, à medida que se avança na leitura do relatório, percebe-se uma clara divisão: o tucano é o preferido entre aqueles que ganham mais de 5 salários mínimos (42% a 33%), ao passo que a petista lidera com tranquilidade entre os que recebem até um salário (43% a 32%). É interessante notar que, em abril, Dilma perdia nessa faixa de renda por seis pontos. No topo da pirâmide, fica mais difícil fazer a comparação porque o Ibope alterou a divisão entre as faixas de renda. Nos estratos intermediários, entre 2 e 5 salários, os dois pré-candidatos aparecem empatados.

A divisão por regiões também está claramente consolidada. Dilma Rousseff lidera no Norte, no Centro-Oeste e no Nordeste (43% e 47% contra 31% e 27%, respectivamente), enquanto Serra venceria no Sudeste e no Sul (41% e 46%, contra 33% e 26%). Novamente, Dilma fortaleceu-se nas regiões nas quais Serra ainda lidera, ganhando cinco pontos no Sudeste e oscilando dentro da margem de erro, dois pontos, no Sul.

O crescimento de Dilma no quadro geral mostra o aumento de confiança em sua candidatura. Agora, 40% dos eleitores acreditam que a ex-ministra da Casa Civil será a vencedora, contra 35% que apostam em Serra. Isso consolida um crescimento que já podia ser visto em abril, mas mostra ao mesmo tempo uma inversão: antes, o ex-governador de São Paulo era visto como favorito por 43%, nove pontos a mais que a petista.

Espontânea
A pesquisa espontânea, novamente, oferece alguns subsídios para indicar o caminho de cada candidato. Dilma passou de 15% para 19%, mas Serra oscilou dentro da margem de erro, de 14% para 15%.

Interessante, novamente, notar que a petista cresceu como um todo, inclusive nos segmentos que têm sido mais afins ao PSDB. Na espontânea, ela chegou a 17% no Sudeste e a 16% no Sul, crescimento de quatro pontos nos dois casos. Nas duas regiões, o tucano ficou dentro da margem de erro, crescendo dois pontos no Sudeste e caindo um ponto no Sul.

O percentual de indecisos na pesquisa espontânea é grande, de 36%, o que mostra espaço para crescimento das candidaturas. Infelizmente, o Ibope tirou deste levantamento uma pergunta que constava da edição anterior e que mede a possibilidade de expansão de cada um: o grau de conhecimento sobre o candidato.

Pode-se aferir, no entanto, que Dilma tem mais espaço para crescer por dois fatores. A rejeição à candidatura da ex-ministra é de 19%, contra 24% de Serra. Além disso, Lula ainda tem 12% de intenções de votos na pesquisa espontânea, chegando a 22% no Nordeste – o natural seria que os votos no presidente fossem transferidos para a candidata apoiada por ele.

Governo
A avaliação positiva de Lula, por sinal, continua alta. A aprovação a Lula é de 86% e, do governo, de 75%. Se considerados os que apontam a gestão como regular, sobram apenas 5% que classificam a atual coalizão como ruim ou péssima.

No geral, as pessoas apontam que a vida melhorou nos últimos anos. 83% dos brasileiros se dizem satisfeitos ou muito satisfeitos. O levantamento oferece algumas pistas sobre os temas que têm levantado mais discussão nessa fase de pré-campanha. As áreas nas quais as queixas são maiores são impostos e segurança.

Não por acaso, logo no início da atual fase de disputo, Serra, que vinha se apresentando como candidato da continuidade e evitando críticas a Lula, propôs a criação de um eventual “Ministério da Segurança”. Depois disso, na última semana, o ex-governador visitou o Impostômetro, que mede a quantidade de impostos pagos pelos brasileiros, e levantou uma antiga discussão: sobre a necessidade de reforma tributária.

Os setores nos quais a população tem a sensação clara de melhoria, como poder de compra, oportunidades de emprego e educação, têm ficado fora da discussão até agora, reforçando a avaliação de que o PSDB evitará entrar em áreas nas quais a gestão de Lula é claramente bem avaliada.

Marina Silva
A pré-candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, oscilou dentro da margem de erro, passando de 8% para 9% das intenções de votos. A rejeição à senadora é de 15% no geral, chegando a 20% no Nordeste e caindo para 11% no Sudeste. Na pesquisa espontânea, ela tem apenas 3%.
O levantamento do Ibope, encomendado pela Globo e pelo jornal O Estado de S. Paulo, ouviu 2.002 pessoas em todo o Brasil. Os questionários foram feitos entre 28 de maio e 4 de junho.

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