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Política

‘Os conflitos devem servir para a convivência democrática com as diferenças’

Padre Adelar, da paróquia Rosa Mística, que foi ordenado aos 26 anos pelo então arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, defende o amadurecimento da sociedade.

Imprensa SMetal
Daniela Gaspari

Entre suas reflexões, Padre Adelar fala da contradição entre a fé manifesta pelos fiéis e o ódio destilado nas ruas nos protestos antigoverno

O padre Adelar Piccin, responsável pela paróquia Rosa Mística, que fica na zona norte de Sorocaba, compartilha em sua página da rede social Facebook publicações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e também algumas reflexões de assuntos político e social.

Entre eles, a contradição entre a fé manifesta pelos fiéis e o ódio destilado nas ruas nos protestos antigoverno. Para ele, é preciso mais tolerância para as ideias divergentes. Adelar ressalta que é saudável que as pessoas pensem diferente. “Não pode ser um país de um pensamento só, de um partido só, tem que ser, como toda sociedade é, rica em maneiras de pensar, expor ideias e divergir, mas com tolerância”.

Antes de conceder entrevista à imprensa do SMetal, em sua paróquia, o padre Adelar tomou café da manhã junto à comunidade, logo após celebrar a missa matinal de quinta-feira. Questionado sobre a contribuição da igreja à formação cidadã ele citou como exemplo o santo do dia 20 de agosto, São Bernardo de Claraval, que viveu no século 12 e foi contemporâneo de São Francisco. “Todos viam no monge Bernardo um estadista e de fato ele encheu a Europa de mosteiros e contribuiu na política e na religião para o bem do seu tempo. De modo que um religioso, como no caso do Frei Betto, pode e deve contribuir com seu pensamento e suas ideias”.

Mas seu posicionamento acaba incomodando aqueles que tem verdadeira ojeriza aos movimentos mais progressistas da sociedade. “Mas não há como ter ojeriza a um Leonardo Boff, por exemplo, sem conhecimento de sua trajetória”, declara.

Um dos problemas apontados por ele durante a entrevista foi a falta de politização da sociedade, não aquela partidária, mas a do bem comum. “O pessoal não está politizado. O único meio que recebe informação é por meio da mídia, aquela que dominar é a que vai fazer a cabeça dele”.

No seu dia a dia, Adelar observa que tudo que exige um pouco de engajamento social não tem interessado muito às pessoas. “Até as pastorais hoje tem dificuldade de encontrar agentes que se interessam e condições para trabalhar junto às pessoas”.

Para ele, a única saída para um país melhor é pensar no próximo. “O exercício da boa política é a forma mais excelente da caridade que a igreja tem, de trabalhar pelo bem dos outros, não somente dar uma cesta básica, mas se engajar em benefício da sociedade, mas sozinho a gente não faz. Tem que ser através de entidades, movimentos, organizações, sindicatos, comunidade eclesial engajada, ou seja, se associando às pessoas”.

O caminho para a transformação

“É a política, não somente aquela partidária, porque aprendi com dom Paulo Evaristo que nós da igreja fazemos a grande política, a busca do bem comum. Isso a igreja e qualquer entidade que busca o bem das pessoas. Todo cristão deve querer isso também.

Manifestação de ideias

“O bispo chegou a dizer que os da minha geração são de esquerda, não sei se isso é verdade porque eu até fiquei pensando depois não se isso me deixa à vontade, ser enquadrado ou definido. Mas não me sinto ofendido. Se me chamassem de direita eu me sentiria ofendido, devido ao meu conceito, a minha visão de ver o mundo”.

Algumas das publicações do Padre Adelar Piccin em sua página do Facebook

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