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Perfil do Presidente

Movido a desafios, Leandro reafirma seu compromisso com a luta

Reeleito para o segundo mandato como presidente do SMetal, o jovem recorda as experiências do passado e renova seu compromisso com a categoria para um futuro de conquistas sociais e econômicas

Imprensa SMetal
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Leandro esteve à frente de vários pilares importantes na organização política do país

Leandro esteve à frente de vários pilares importantes na organização política do país

Talvez seja a juventude ou estilo “descolado” que conceda ao presidente reeleito do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) uma facilidade imensa na hora de dialogar com as mais diversas faixas etárias. Leandro Soares, 39, está indo para mais um mandato na liderança de um dos mais importantes sindicatos do Brasil.

Na bagagem, o menino paulistano de nascimento e sorocabano de coração, coleciona diversas lutas seja na vida pessoal ou em defesa do trabalhador e da trabalhadora. O destino se encarregou de incluir a metalurgia na vida de Leandro muito cedo já que, seu pai, seu Guilhermino, foi metalúrgico na empresa Dana. Para quem nasce em casa de assalariado, o estopim para a indignação está na rotina, no dia a dia, e isso está estampado na trajetória do presidente.

Antes de mobilizar a juventude e negociar com os patrões em prol de melhorias para sua categoria, ele se arriscou no futebol. Chamou atenção do Figueirense, como bom goleiro que era. Em 2002 estreava no Caxias, mas um infortúnio podou seu sonho precocemente. Por conta de uma infecção de amígdala mal diagnosticada, viu a infecção correr pela corrente sanguínea e se alojar no quadril. Isso levou a um quadro de septicemia, que resultou em coma natural e induzido de 24 dias.

A artrose no quadril o impediu de seguir a carreira como atleta, mas não tirou sua capacidade de sonhar com algo grandioso. Por meio das Cotas Para Deficientes (PCD), sancionadas à época pelo presidente Lula, ele ingressou na empresa ZF do Brasil. Em 2007 teve contato com a CIPA e começou a entender as dificuldades do ‘chão de fábrica’.

Seu primeiro contato com o SMetal foi controverso. Não estava sabendo de uma negociação empenhada pelo Sindicato junto à ZF e, desta forma, acabou interferindo nas negociações – a pedido da empresa. É claro que teve o famoso “puxão de orelha” por parte dos sindicalistas, mas eles viram ali uma potência a ser trabalhada. O convite, para compor com o SMetal, veio neste momento.

Esteve à frente de vários pilares importantes na organização política do país. Ajudou a fundar a secretaria de Juventude da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em 2009. Já em 2011, tornou-se secretário nacional da CNM/CUT, onde teve a missão de incluir a juventude nos debates.

Foi secretário-geral do SMetal e ganhou destaque se tornando presidente no mandato de 2017 que perdurou até maio deste ano. Agora, reeleito, mostra que a gestão mais jovem da história do SMetal pode até parecer ‘descolada’ demais aos olhos dos mais conservadores, mas dialoga muito bem com a categoria. O futuro ele comenta aqui, nessa entrevista que você pode conferir nas próximas linhas.

Imprensa: Quais foram os principais desafios do seu primeiro mandato como presidente eleito do SMetal? O que você leva para a próxima gestão?

Leandro: Bem, 2017 o primeiro mandato nosso – no qual nós nos preparamos dentro do movimento sindical desde 2008, quando vim para diretoria. Naquele momento, viemos para organizar a juventude metalúrgica, justamente porque a categoria estava mudando de perfil por conta das oportunidades geradas pelo governo Lula e governo Dilma. Em um primeiro momento, era uma categoria mais velha, com mais vivência e então com a geração de postos de trabalho isso começou a alterar, fazendo com que o perfil fosse de pessoas com mais idade, para os mais jovens. Em 2011 assumimos a Secretaria Nacional de Juventude da CNM/CUT e foi um grande desafio para nós, em organizar a juventude a nível de Brasil o grande objetivo era: como organizar essa juventude para assumir os espaços?

Até porque temos no nosso Sindicato essa questão do sócio fazer parte da instituição. Isso nos trouxe uma experiência muito interessante quanto ao modelo de organização – a nível internacional. Em 2016 tivemos o impeachment da Dilma e posso dizer que foi o início da avalanche que caiu em cima dos trabalhadores e, consequentemente do movimento sindical. Tivemos diversas reformas e, neste momento, assumimos o mandato de 2017 com o grande desafio de coibir esses ataques e minimizá-los para a categoria metalúrgica. Foi um período de muitas lutas e o Sindicato não hesitou em ir para as ruas e portas de fábricas. Garantimos que a Reforma Trabalhista não impactasse à nossa categoria. Acabamos sendo pegos de surpresa, em 2020, pela maior crise sanitária e econômica da história da humidade – tivemos que trocar a roda com o carro andando. Juntamente com nossa diretoria, nos viramos nos trinta para apresentar à categoria nosso projeto de defesa da vida, do trabalho e da renda.

Imprensa: Como você observa a atuação do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região para o desenvolvimento cultural, social e econômico da cidade?

Leandro: Um grande acerto das direções que nos antecederam foi ter criado o Sindicato Cidadão. Hoje a gente colhe os frutos dessa decisão extremamente correta. É claro que o grande objetivo da entidade é defender o direito dos trabalhadores, mas um Sindicato deste tamanho não pode ficar somente atrelado às negociações. Criar um sindicato que atua dentro da fábrica, mas fora dos portões da mesma também. Nós temos uma categoria com bons benefícios, direitos e PPR’s, mas e o pai deste metalúrgico, suas mães, seus vizinhos? Como estão? Será que tem o mínimo para se alimentar, ter três refeições ao dia? Com essa visão social foi criado o Banco de Alimentos de Sorocaba e Região – que hoje dentro da crise que vivenciamos tem sido uma ferramenta extremamente importante no combate à miséria, o CEADEC e dentre outras várias ações que proporcionam justiça social, esporte e lazer. É de fundamental importância que o Sindicato continue nessa linha e, principalmente, cobre o poder público para que toda categoria possa ter acesso a esses elementos.

Imprensa: Você esteve em diversas frentes de organização da juventude como na CNM/CUT e na Juventude Metalúrgica. Como é para você ver essa categoria com perfil tão jovem e essa renovação de 25% da direção do SMetal? Você acha que isso é um mapa para o futuro?

Leandro: Não tenho dúvidas disso. Primeiro que é mais um desafio para o Sindicato, de como se aproximar dessa juventude usando ferramentas como os meios de comunicação, e pensar uma forma de mostrar para esses jovens que as bandeiras que carregamos são importantes. É algo que não tem sido nada fácil por conta da visão individualista que impera em nosso país. Os jovens estão socializando de formas diferentes hoje em dia, pela internet, redes sociais. Por conta das políticas públicas nos governos Lula e Dilma, temos a sensação que ficou meio pela metade vemos que criações como o FIES, Pro-Uni, Pronatec e outras ações que permitiram que os jovens pudessem ascender de classe, ter uma vida melhor. Por outro lado, não politizamos esses jovens o suficiente. Após o governo Temer e Bolsonaro isso tudo foi perdido. Precisamos organizar novamente a juventude para lutarmos pela volta desses programas. Esses novos dirigentes também estão com esse desafio de mobilizar esse percentual importante da categoria.

Imprensa: Se você pode escolher uma palavra, um mantra, para sua próxima gestão. Qual seria?

Leandro: Diante de todas as coisas que nós passamos eu acho que “coragem, luta e esperança por dias melhores”, este é o grande objetivo nosso. Cabe nós para, como lideranças, criar um ambiente em que a sociedade volte a ter esperanças. Só temos esperanças lutando, é claro. Se você não visualizar algo pelo qual você possa lutar, você acaba não tendo vontade de conquistar aquilo. Só lutamos pelo que a gente acredita. Então, na próxima gestão precisamos fazer com quem a categoria volte a lutar e acreditar em dias melhores.

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