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Lula conclui seu ministério com 26 homens e 11 mulheres

Lula bate o recorde no número de mulheres ocupando esses cargos num governo brasileiro; ele pediu ao seu novo ministério trabalho duro e que quer ganhar o título de “melhor governo do mundo”

Da CUT Brasil
José Cruz/Agência Brasil
Lula toma posse no próximo domingo, dia 1º de janeiro

Lula toma posse no próximo domingo, dia 1º de janeiro

Com 26 homens e 11 mulheres o presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concluiu a nomeação dos 37 ministros do novo governo que terá início em 1º de janeiro de 2023. Com os 16 novos nomes anunciados nesta quinta-feira (29), Lula bate o recorde no número de mulheres ocupando esses cargos num governo brasileiro.

O PT, partido do presidente Lula, lidera com 10 nomes; MDB, PSB, PSD e União Brasil terão três ministros cada. Já PDT, PSOL, PCdoB e Rede ficaram com um ministro para cada um. Confira a lista abaixo.

Ao nomear o ministério, Lula ressaltou que eles terão um trabalho duro pela frente para reconstruir o país com geração de emprego e renda; recuperar as 13 mil obras paradas de infraestrutura nas estradas, as 4 mil obras de escolas e outras milhares de moradia do Minha Casa, Minha Vida. “Vamos começar o governo trabalhando porque precisamos gerar empregos e renda, pagar salários e acabar com o sofrimento do povo”, disse Lula

Ele ainda pediu aos nomeados que sejam democráticos na hora de escolherem suas equipes, pois há muitos técnicos, “gente preparada”, que podem assumir cargos no segundo e terceiro escalões ministeriais. O presidente diplomado disse ainda que quer que todo ministério trabalhe duro como ele, e que quer ganhar o título de “melhor governo do mundo”.

“Quero que vocês façam parte da história política desse país, de um momento em que nós tivemos a coragem de assumir o Brasil em uma situação extremamente delicada. Um Brasil que foi destruído em muitas das coisas que nós fizemos. Quase tudo na área social foi desmontado e nós vamos ter que remontar tudo outra vez, mas com muito mais competência, muito mais vontade, muito mais disposição, porque foi para isso que eu me candidatei outra vez”.

Lula comparou a escolha do seu ministério ao desempenho da seleção brasileira de futebol, comandada por Tite. Segundo ele, a imprensa esportiva do país acreditava no hexa e elogiava o time, mas o resultado não foi o esperado. O Brasil foi eliminado nas oitavas de final pela Croácia, nos pênaltis. A comparação foi para rebater críticas, pois, segundo ele, não dá para agradar todo mundo em relação aos nomes escolhidos para o seu ministério e, que nem sempre, apesar do apoio, o time ganha como aconteceu com a seleção na Copa do Qatar.

Preocupação com diversidade

Ao anunciar as mulheres que ocuparão cargos de ministras, inclusive a primeira indígena, Sonia Guajajara (PSOL-SP), no ministério dos Povos Indígenas , o presidente Lula, ressaltou ainda que as presidências da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Banco do Brasil (BB) também serão ocupadas por mulheres (nomes a serem definidos). Ele também diz que fará uma lei para que homens e mulheres tenham igualdade salarial.

“Em 200 anos de histórias desses bancos nunca uma mulher ocupou a presidência. E também vamos acabar com essa história de homens ganharem mais do que mulheres”, prometeu.

Sobre as estatais, Lula afirmou que somente após a posse os nomes que ocuparão os altos cargos serão anunciados. O presidente também confirmou que fará reunião nos próximos dias após a posse com governadores e ministros para decidirem em conjunto a reconstrução do orçamento da União e as primeiras ações do governo, de acordo com a necessidade de cada pasta e de cada estado.

Críticas a Bolsonaro

Ao agradecer os líderes partidários que trabalharam pela aprovação da PEC da Transição no Congresso, que ampliou o espaço no teto de gastos, Lula criticou Jair Bolsonaro (PL) e reiterou a promessa de reduzir o preço dos combustíveis no país.

“Quero agradecer aos líderes dos partidos que trabalharam para que tiveram a proeza de se juntar para aprovar uma PEC [Proposta de Emenda à Constituição]que foi lembrada como a PEC do governo Lula, quando na verdade a PEC era para cobrir a irresponsabilidade do governo que está saindo, que prometeu coisas e não cumpriu”, disse.

“Como hoje, prosseguiu, ele continua mandando Medida Provisória, não teve coragem e mandou uma Medida Provisória agora acabando com a desoneração do óleo diesel, da gasolina e do gás. Exatamente faltando dois dias para ir embora ele faz essa medida, quem sabe na perspectiva de achar que o povo vai colocar na nossas costas isso. Vocês estão lembrados que eu dizia: para reduzir preço da gasolina, do óleo [diesel] e do gás a gente não precisava mexer com o ICMS [tributo estadual]. Bastava que a mesma mão que assinou o aumento assinasse a diminuição. Isso vai acontecer a partir do momento que a gente montar também a diretoria da Petrobrás, porque leva um tempo, tem toda uma legislação que rege as empresas estatais e nós vamos fazer”.

Ao encerrar, o presidente diplomado convidou a população para a festa da posse no domingo (1º/1), em Brasília.

“Estejam aí, não fiquem preocupados com ‘maluques’, quem perdeu fique quietinho e quem ganhou participe da festa popular aqui em Brasília”, concluiu ao se referir aos atos de terrorismo feito por bolsonaristas que não aceitam o resultado das urnas e pedem intervenção militar, numa afronta à Constituição brasileira.

Confira a lista dos ministros nomeados e seus partidos

PT : 10 ministros

Fazenda: Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação

Casa Civil: Rui Costa, ex-governador da Bahia

Secretaria das Relações Institucionais: Alexandre Padilha, deputado federal (PT-SP)

Secretaria-Geral da Presidência: Márcio Macêdo, vice-presidente do PT.

Educação: Camilo Santana, ex-governador do Ceará

Mulheres: Cida Gonçalves, ex-vereadora e ex-secretária nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres.

Desenvolvimento Social: Wellington Dias, ex-governador do Piauí.

Trabalho: Luiz Marinho, ex-ministro, ex-prefeito de São Bernardo e presidente do diretório estadual do PT em SP

Desenvolvimento Agrário: Paulo Teixeira (PT-SP), deputado federal indo para seu quarto mandato, vice-presidente do PT e ex-secretário de Transportes da cidade de São Paulo.

Secretaria de Comunicação Social: Paulo Pimenta (PT-SP). Formado em Comunicação Social e jornalismo, foi vereador em Santa Maria, deputado estadual no Rio Grande do Sul, e é deputado federal indo para seu 5º mandato.

MDB: 3 ministros

Planejamento: Simone Tebet (MDB-MS), senadora e candidata à Presidência em 2022, foi prefeita de Três Lagoas.

Cidades: Jader Filho (MDB), é empresário e presidente do MDB do Pará.

Transportes: Renan Filho (MDB-AL). Foi prefeito de Murici por dois mandatos, deputado federal, governador por dois mandatos e eleito senador da República.

PSB: 3 ministros

Portos e Aeroportos: Márcio França, ex-governador de São Paulo

Justiça e Segurança Pública: Flávio Dino, ex-governador do Maranhão

Desenvolvimento, Indústria e Serviços: Geraldo Alckmin, vice-presidente eleito e ex-governador de São Paulo

União Brasil: 3 ministros

Integração e Desenvolvimento Regional: Waldez Góes, governador do Amapá. Foi deputado e é, pela quarta vez, governador do Amapá.

Turismo: Daniela do Waguinho (União-RJ), deputada federal reeleita, a mais votada do Rio de Janeiro. Ex-Secretária de Assistência Social e Cidadania de Belford Roxo.

Comunicações: Juscelino Filho (União-MA), deputado federal indo para o 3º mandato.

PSD: 3 ministros

Agricultura: Carlos Fávaro (PSD-MS). É fazendeiro, nascido no Paraná foi para o Mato Grosso onde começou em um assentamento da reforma agrária, e hoje é um grande produtor rural. Foi vice-presidente da Aprosoja, vice-governador do Mato Grosso e é Senador pelo mesmo estado.

Pesca: André de Paula (PSD-PE), deputado federal. De Pernambuco, foi vereador, deputado estadual, várias vezes deputado federal, e secretário estadual do Trabalho e Ação Social, da Produção Rural e Reforma Agrária e da Cidades em Pernambuco.

Minas e Energia: Alexandre Silveira (PSD-MG), senador. Foi deputado federal e diretor-geral do DNIT, e secretário estadual em Minas Gerais.

PDT: 1 ministro

Previdência Social: Carlos Lupi, presidente do PDT. Foi deputado Federal, ministro do Trabalho nos governos Lula e Dilma, e é presidente do PDT.

PSOL: 1 ministra

Povos Indígenas: Sônia Guajajara (PSOL-SP). Da Terra Indígena Araribóia, no Maranhão, formada em letras e enfermagem, pós graduada em Educação Especial e deputada federal. Foi coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil e candidata a vice-presidente em 2018 pelo PSOL.

PCdoB: 1 ministra

Ciência e Tecnologia: Luciana Santos, presidente do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco

Rede: 1 ministra

Meio Ambiente e Mudança Climática: Marina Silva (Rede-AC), ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente nos governos Lula . Foi eleita deputada, foi senadora e foi candidata a presidente.

Sem atuação partidária: 9 ministros

Defesa: José Múcio Monteiro, ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU)

AGU: Jorge Messias, procurador da Fazenda Nacional

Saúde: Nísia Trindade, presidente da Fiocruz

Gestão: Esther Dweck, economista e professora da UFRJ

Cultura: Margareth Menezes, cantora e compositora

Igualdade Racial: Anielle Franco, jornalista e irmã de Marielle Franco, vereadora do Rio assassinada em 2018

Direitos Humanos: Silvio Almeida, advogado

Esportes: Ana Moser. Ex-jogadora de vôlei, fundadora do Instituto Esporte e Educação, atuou nos meus governos na Comissão Nacional de Atletas do Conselho Nacional de Esportes. Participou do Plano de Governo e do Grupo de Transição na área de Esportes.

Gabinete de Segurança Institucional: Marco Edson Gonçalves Dias, general da reserva, chefiou a segurança da presidência nos dois primeiros mandatos de Lula, foi comandante da 6º Região Militar.

O presidente anunciou ainda os nomes dos seus líderes. Na Câmara será o deputado federal José Guimarães (PT-CE); no Senado, o ex-governador da Bahia, Jacques Wagner (PT-BA) e no Congresso Nacional, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

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