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Indústria se diz preparada para maior expansão do PIB

Cláudio Zattar, diretor da Vocal, acredita que as montadoras estão preparadas para atender à demanda apesar da fila de espera

Brasil Econômico

Entidades do setor produtivo garantem que o aquecimento da economia brasileira não assusta, mas as empresas já sentem a pressão da demanda e negociam novos prazos para entrega.

A aceleração da economia brasileira foi confirmada pela elevação da previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2010 pelo governo federal, que na semana passada alterou o índice de 5,2% para 5,5%, reforçando a ideia de que o país assiste à crise europeia pelo retrovisor.

Mas a perspectiva coloca em dúvida a capacidade da indústria nacional de acompanhar o ritmo do consumo. A luz amarela foi acendida pelo Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em abril, que pontuou 85,1%.

O percentual indicaria folga pequena da indústria para responder rapidamente ao aquecimento da economia no ano. Leitura contestada pelo Nível de Utilização da Produção Plena (Nupp), divulgado em seguida pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que apontou o ritmo de atividade em 69,2% – indicando que não há gargalos produtivos.

O levantamento realizado com 247 empresas assegura que 57,9% delas têm “demanda insufiente”. Cerca de 76% das entrevistadas precisariam de seis meses para ocupar a capacidade instalada.

Opinião da Depecon/Fiesp
O diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon/Fiesp), Paulo Francini, ressalta haver margem para reação em caso de aumento de demanda. “A indústria é uma criança bastante forte na sua flexibilidade, com capacidade dinâmica de reagir à euforia do processo econômico”, diz.

É uma avaliação compartilhada por Milton Cardoso, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). “O setor calçadista tem uma característica muito interessante de reação: os investimentos são sempre de curto prazo, sendo possível corrigir gargalos com a criação de turnos”, indica.

A ocupação em 86,3% no segmento de embalagens, um dos primeiros a sentir a reação da indústria, não é vista como alarmante. A diretora da Associação Brasileira de Embalagens (Abre), Luciana Pelegrino, diz que o índice está dentro da previsão de crescimento de 6,1% do setor para 2010.

“Há espaço para aumentar um pouco mais a ocupação e investimentos segurados no começo de 2009, por causa da crise, devem ser acelerados”, diz.

Setor de Transportes
Termômetro da economia, o setor de transportes vem retomando a atividade nos últimos meses. As montadoras de caminhões instaladas no país anunciaram investimentos para aumento de capacidade e começam a trabalhar em mais de um turno.

A demanda está tão aquecida que, em alguns modelos, há fila de espera para entrega do veículo.

Segundo dados da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), de janeiro a abril foram comercializados 53,39 mil unidades, alta de 70% em relação ao mesmo período de 2009.

O diretor superintendente da Vocal, maior concessionária Volvo da América Latina, Cláudio Zattar, diz que nos modelos pesados da marca a entrega está em torno de 60 dias.
“Estamos com a carteira de pedidos vendidas para julho. Além do mercado de caminhões novos, as vendas de seminovos também segue o mesmo ritmo”, disse Zattar.

Iveco e Mercedes
Trata-se de situação semelhante enfrentada pela Iveco Latin America. Segundo o vice-presidente comercial e institucional da montadora, Antonio Dadalti, o mercado está acelerado e, com os lançamentos realizados neste ano, a produção de alguns modelos está atrasada e as entregas sendo feitas em 90 dias.

“Isso ocorre porque ainda temos modelos antigos na linha de produção. O Strallis NR, o nosso caminhão extrapesado lançado em março, tem uma carteira de pedidos de mil veículos e isso será equacionado no próximo mês”, afirma Dadalti.

Já a Mercedes-Benz trabalha com planejamento de pedidos. A produção é coordenada de acordo com o volume de entregas estimadas, segundo o diretor comercial da companhia, Gilson Mansur.

“Trabalhamos três meses a frente. A produção está quase fechada para os meses de agosto e setembro”, indica.

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