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Lei Padre Júlio Lancellotti

Governo Lula sanciona Lei na qual proíbe arquitetura que afasta pessoas dos espaços públicos

SMetal diz que lei Padre Júlio Lancelotti um avanço, critica falta de dados local e busca denunciar a pobreza em Sorocaba

Amanda Monteiro / Imprensa SMetal
Henrique de Campos

Segundo levantamento do Ipea com base em dados do CadÚnico, a população em situação de rua no Brasil aumentou quase 10 vezes mais

Presidente Lula sancionou nesta segunda-feira, dia 11, o decreto que regulamenta a Lei Padre Júlio Lancellotti (Lei nº 14.489/2022), que proíbe “arquitetura hostil”, elementos e materiais utilizados para afastar pessoas em situação de rua dos espaços públicos.

O governo federal delineou um cronograma que prevê a conclusão do pacto com os municípios até dezembro de 2024. Além disso, destinará recursos para a elaboração de uma cartilha sobre arquitetura hostil, direcionada a profissionais como engenheiros, arquitetos e urbanistas. Estes esforços buscam criar uma cultura de respeito e inclusão, promovendo a importância da conscientização em diversas esferas da sociedade.

Segundo levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) com base em dados do CadÚnico (Cadastro Único) do governo federal, a população em situação de rua no Brasil aumentou 935,31% nos últimos dez anos, quase 10 vezes mais. O número saltou de 21.934 em 2013 para 227.087 até agosto de 2023.Esses números destacam a urgência de ações efetivas para lidar com a complexidade das questões, que vão além da hostilidade na arquitetura.

Entre as causas do problema estão a exclusão econômica, que envolve insegurança alimentar, desemprego e déficit habitacional; ruptura de vínculos familiares; e questões de saúde, especialmente de saúde mental.

“A regulamentação da Lei Padre Júlio Lancellotti representa um avanço significativo na proteção dos direitos das pessoas em situação de necessidade no Brasil. A sociedade brasileira está convocada a buscar medidas que promovam a superação da situação de rua com empatia, comunhão e compreensão e eu incluo o SMetal nesse ‘pacote'”, reforça Silvio Ferreira, secretário-geral do SMetal.

Sindicato para além do chão de fábrica

O Sindicato SMetal  iniciou mais uma ação solidária que faz parte do conceito Sindicato Cidadão. Desta vez, com doação de marmitas. Trata-se do “SMetal do Bem”, iniciativa que surgiu a partir da Campanha do Agasalho 2023, com o objetivo de atender, de forma contínua, famílias em vulnerabilidade social e denunciar a fome na cidade.

A iniciativa está sendo coordenada pelo dirigente Alessandro Marcelo Nunes (Marcelinho), que possui experiência em culinária e já realizou ações sociais semelhantes, com entrega de marmitas à população que passa por necessidades e que, de um modo, é negligenciada pela prefeitura de Sorocaba, principalmente, pela falta de dados oficiais.

“Se o poder público não arregaça as mangas para mudar essa estatísticas, a gente, como sindicato cidadão, se propõe a realizar essas denúncias ao mesmo tempo que fazemos o que podemos. Estamos fazendo a nossa parte”, complementa.

Nesse mesmo sentido, Leandro Soares, presidente do Sindicato reitera que “essa falta de dados da fome na região mostra o quanto a prefeitura não se importa com a população carente da cidade. Não quantificar essas pessoas, é a mesma coisa que torná-las invisíveis, quando não dá nome, rosto e dados sobre essas populações, faz com que ela não exista diante do poder público”.

Ciclo de Debates

Em junho deste ano, o SMetal promoveu mais uma edição do Ciclo de Debates, visando cultivar reflexões sobre cultura e sociedade com a palestra “Como as instituições podem auxiliar no combate à desigualdade social?”. Dentre os convidados, Padre Julio Lancellotti esteve presente virtualmente.

Durante a palestra, o padre defendeu com veemência o engajamento de todos os movimentos organizados na luta pela “de superação da desigualdade”, que inclui não somente direitos fundamentais, como moradia e alimentação, mas também acesso à cultura, educação de qualidade, saúde, entre outros.

Júlio Lancellotti enfatizou, inclusive, que o termo “garantir o mínimo de dignidade” não existe e que a luta dos movimentos sociais deve ser por dignidade. “O que é o mínimo de dignidade para quem tem fome? Para quem está sem agasalho, sem roupas, sem vestuário, sem água, sem terra, sem teto, sem condições de vida digna?”, questionou.

 

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