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Editorial: Dias melhores virão mas só com muita luta

O editorial da Folha Metalúrgica nº 960 mostra que, em meio a tantas fake news, 2019 foi na realidade um ano retrocessos e ataques cruéis aos trabalhadores e a quem está em busca de emprego. Mas o movimento sindical nunca fugiu à luta e agora não será diferente.

Imprensa SMetal
Arte: Glauco Góes
Antes que seja tarde demais, devemos nos unir como nunca e agir em prol de um Brasil mais justo, se ódio de classes, e com políticas efetivas de crescimento econômico

Antes que seja tarde demais, devemos nos unir como nunca e agir em prol de um Brasil mais justo, se ódio de classes, e com políticas efetivas de crescimento econômico

Esta é a última Folha Metalúrgica do ano e queríamos poder dar notícias boas, como geração de emprego, melhorias na economia, investimentos ou conquistas de direitos. Mas, infelizmente, nesta edição trazemos uma tragédia em nossa categoria, a morte de um trabalhador terceirizado que estava a caminho do trabalho, em Araçariguama.

Como se o falecimento tão repentino não bastasse, temos que nos manter atentos para garantir que seus familiares, já tão fragilizados, tenham seus direitos garantidos. Medidas recentes decretadas pelo presidente Bolsonaro trazem só inseguranças aos trabalhadores.

Retirar o acidente de percurso da lista de acidentes de trabalho, reduzir o valor do auxílio-acidente e decretar o fim do Seguro DPVAT, que cobre casos de morte, invalidez permanente ou despesas causadas por acidentes de trânsito, são apenas algumas delas.

Em meio a tanta desinformação e fake news, na realidade, o ano 2019 foi de retrocessos e de ataques cruéis aos trabalhadores e a quem está em busca de um emprego ou recolocação no mercado de trabalho.

Tivemos a aprovação da Reforma da Previdência, que dificulta ainda mais a aposentadoria e rebaixa os valores dos benefícios dos trabalhadores. Enquanto isso, o governo aprova regras bem mais brandas sobre as pensões dos militares, que são milionárias. Então cadê o tal corte de privilégios prometido?

A MP 905, que nada mais é do que uma Reforma Trabalhista piorada, foi o ápice da crueldade neste ano. Trata-se da história do Robin Hood ao contrário: tira do pobre para beneficiar o mais rico – neste caso, os grandes empresários.

Para a classe trabalhadora, pagar taxa sobre o seguro-desemprego; destinar 20% das gorjetas para o patrão; redução das cotas para pessoas com deficiência e aprendizes – isso se não acabar de vez como prevê o PL 6.195/2019 – além do incentivo ao trabalho precário e sem direitos, com a Contratação Verde e Amarela.

Já os patrões deixarão de pagar cerca de 34% de tributos, como a contribuição ao INSS de 20% do salário e as alíquotas do Sistema S e do salário-educação; poderão convocar o funcionário para trabalhar aos domingos e feriados sem pagar horas extras em dobro e não precisarão mais de aprovação prévia para instalação de caldeiras, fornos, entre outros, medidas extremamente necessárias para garantir a segurança no local de trabalho.

Se tudo isso não bastasse, a política neoliberal implementada no país vem pesando ainda mais no bolso da classe trabalhadora, com aumentos expressivos em itens básicos de sobrevivência, como alimentação (carnes, gás de cozinha, feijão) e transporte (combustível).

Enquanto isso, o desemprego no país não vê melhorias e o trabalho informal bate recorde a cada mês. Isso prova que aquele discurso de ‘menos direitos por mais empregos’ não funciona, muito pelo contrário. Nos leva a caminho de um colapso social. É isso mesmo que queremos?

Mas os movimentos sindicais e sociais nunca fugiram à luta e agora não será diferente. A Jornada Nacional de Lutas unificada está apenas começando e só para quando essas medidas que oprimem a classe trabalhadora sejam revogadas. Para isso, devemos nos unir como nunca e agir em prol de um Brasil mais justo, se ódio de classes, e com políticas efetivas de crescimento econômico. Antes que seja tarde demais.

Para 2020 fica a nossa esperança por dias melhores, mas com a certeza de que sem mobilização e muita luta não haverá melhorias. Mais uma vez: trabalhadores, uni-vos!

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