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Covid-19: Com aumento de casos, SMetal apura denúncias na CNH Case

Denúncias apontam que a empresa não respeita o afastamento de quem tem suspeita da doença ou o período de isolamento para quem teve o contágio confirmado; Sindicato já discute a situação com a fábrica

Imprensa SMetal
Foguinho/Arquivo/ImprensaSMetal
Denúncias apontam irregularidades em casos relativos à Covid-19

Denúncias apontam irregularidades em casos relativos à Covid-19

Com a explosão de casos da Covid-19 no Brasil, causados pela variante ômicron, trabalhadores da CNH Case, em Sorocaba, denunciam que a empresa não está respeitando o afastamento de quem tem suspeita da doença e nem o período de isolamento daqueles que tiveram o contágio confirmado.

De acordo com os relatos que chegaram ao Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), funcionários com sintomas fazem o exame, mas são obrigados a continuar trabalhando normalmente antes de receber o resultado. Na maioria das vezes, o resultado confirma a Covid-19.

Há, ainda, denúncias de trabalhadores que testaram positivo e que são chamados de volta ao trabalho mesmo sem ter um novo exame que comprove não estar mais com a doença. Além disso, a direção da CNH teria forçado os funcionários a retornarem à fábrica antes do período de isolamento determinado pelo médico por meio de atestado.

A direção do SMetal, junto ao CSE da CNH, enviou na segunda-feira, 24, um documento para cobrar a empresa sobre as denúncias e já se reuniu com representantes da fábrica para tratar do assunto. O CSE, composto por Luiz Otávio Ferreira (Baixinho), Robson César Aparecido Alves (Biga), Rodrigo dos Santos Ferreira (Rodriguinho) e Paulo César Sola Garcia (Tatu), acompanha o caso de perto e está auxiliando os trabalhadores diante das denúncias.

Empresa alega seguir medida governamental

Na reunião com dirigentes sindicais, a direção da fábrica alegou que está seguindo as orientações da Portaria nº 14, assinada pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e Previdência, que foi publicada em 25 de janeiro.

De acordo com a nova orientação do governo federal, a empresa deve afastar por dez dias trabalhadores nas seguintes situações: casos confirmados, pessoas que estiveram próximas de quem teve a confirmação da doença e aquelas que têm suspeita de estar com Covid-19.

Para quem teve o contágio confirmado ou suspeita, a Portaria estabelece que a empresa pode reduzir o período de afastamento para sete dias desde que a pessoa “esteja sem febre há 24 horas, sem o uso de medicamentos antitérmicos, e com remissão dos sinais e sintomas respiratórios”.

No caso dos trabalhadores que tiveram contato com casos confirmados, a redução para sete dias de afastamento só deve ser mediante a realização de teste pelo método molecular (RT-PCR ou RT-LAMP) ou antígeno com resultado negativo.

Empresa não respeita a Portaria

Reprodução
Documento para cobrar a empresa sobre as denúncias foi enviado na segunda-feira, 24

Documento para cobrar a empresa sobre as denúncias foi enviado na segunda-feira, 24

O secretário-geral do Sindicato, Silvio Ferreira, enfatiza que a empresa não está respeitando qualquer norma para tratar da situação. “As denúncias apontam para um grave desrespeito das normas dos órgãos de saúde e mesmo para os critérios estabelecidos na medida do governo federal. Fica claro, na Portaria, que os trabalhadores precisam ser afastados quando estão com a Covid, se tiveram contato com quem teve e também em casos suspeitos. Não é isso que está ocorrendo na CNH”.

Silvio aponta ainda que a pressão da empresa em manter os funcionários na ativa, mesmo sob risco, é para manter a produção. “A CNH vive um bom momento, com a produção em alta, por isso essa pressão e esses atos de ilegalidade para que os trabalhadores não sejam ou não fiquem afastados pelo tempo necessário. É uma situação absurda a que vemos acontecer na empresa”.

O secretário-geral do Sindicato lembra que a entidade sempre esteve aberta ao diálogo. “O SMetal sempre esteve disposto a negociar medidas para proteger a vida e os direitos da categoria e levando em consideração a situação das empresas. Foi assim, por exemplo, que construímos acordos de calendário para paradas por falta de matéria-prima. Portanto, não podemos aceitar que a CNH simplesmente coloque a vida de milhares de pessoas em risco e não queira tratar do tema com o SMetal, que tem legitimidade para representar esses trabalhadores”.

De acordo com Silvio, há falta de respeito da empresa com a categoria. “O que vemos é a CNH tratar seres humanos como simples números para garantir a alta demanda de produção da empresa. É um total desrespeito com esses trabalhadores e não leva em conta as mais de 600 mil mortes já ocorridas por causa da Covid-19”.

Para o presidente do SMetal, Leandro Soares, o lucro não pode estar acima da vida. “Em todo o período da pandemia, buscamos acordos que garantissem o emprego, a renda e vida de pais e mães de famílias. Ao mesmo tempo, essas negociações foram conduzidas de forma que não prejudicassem as empresas. O trabalho da diretoria do Sindicato deu certo. As fábricas tiveram condições de continuar produzindo e conseguiram, inclusive, aumentar os lucros, mesmo mantendo os postos de trabalho e gerando novos empregos”.

A diretoria do SMetal continua acompanhando o caso e cobrando uma solução da empresa. O departamento jurídico da entidade também acompanha a situação e está pronto para tomar as medidas legais cabíveis.

Denúncias

Leandro destaca que é importante que os trabalhadores continuem denunciando situações como as relatadas acima. “Estamos sempre à disposição da categoria para combater qualquer ilegalidade ou desrespeito com a saúde e a vida dos metalúrgicos”.

Para denunciar ao CSE da CNH, os metalúrgicos devem procurar os dirigentes pelos seguintes whatsapps: Luiz (15) 99728-2200; Tatu (15) 99696-1279; Biga (15) 99699-5542 e Rodriguinho (15) 98178-4094.

Os trabalhadores também podem realizar denúncias diretamente no Sindicato, que fica na rua Júlio Hanser, 140, próximo à rodoviária e ao terminal São Paulo. Há ainda a possibilidade de entrar em contato com a entidade pelo telefone (15) 3334-5400 ou pelo whatsapp (15) 99714-9534, além das redes sociais (facebook e instagram).

Pelo site do SMetal, os trabalhadores podem usar o campo Denuncie. A fonte das denúncias será mantida em sigilo.

Sorocaba tem explosão de casos em 2022

De acordo com reportagem do Portal Porque, apenas nas três primeiras semanas de janeiro, Sorocaba registrou mais casos do que a soma dos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro.

Nos 24 dias de janeiro, Sorocaba confirmou 3.760 novas infecções, contra 3.168 na somatória dos últimos quatro meses. Ao todo, 91.674 foram confirmados na cidade e 2.908 pessoas perderam a vida em decorrência do coronavírus desde o início da pandemia.

Nesta segunda-feira, 24, 115 pessoas estão internadas por conta da covid-19 nos hospitais de Sorocaba, sendo 44 na UTI. Na rede pública, a ocupação é próxima de 100%.

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