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Políticas públicas

Conselho que monitora e avalia políticas de segurança alimentar está de volta

Presidente Lula assinou decreto que reinstala o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), que havia sido desativado pelo governo Bolsonaro em 2019

Imprensa SMetal
Antônio Cruz/Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa durante cerimonia de recriaçao do Conselho

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa durante cerimonia de recriaçao do Conselho

Na manhã da última terça-feira, 28, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou o decreto que reinstalou o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), que havia sido desativado pelo governo de Jair Bolsonaro em 2019. Na ocasião, Lula também empossou conselheiros e a presidente, Elisabetta Recine.

O Consea funciona como um órgão institucional para a participação e o controle social na formulação, no monitoramento e na avaliação de políticas públicas de segurança alimentar e nutricional. Este órgão está funcionando nos moldes de hoje desde 2003, no primeiro mandato de Lula. Desde então, diversas políticas foram pensadas por meio deste mecanismo.

Inclusão do direito à alimentação saudável na Constituição, a exigência da presença de um profissional de nutrição nas escolas públicas e aquisição de 30% da merenda escolar junto à agricultura familiar, são algumas das medidas que exemplificam a atuação do Consea.

Outro programa importante na promoção da segurança alimentar, criado diretamente a partir das diretrizes do Consea, foi o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que tem como objetivo a doação de cestas básicas para famílias de baixa renda. Há, ainda, outros marcos deste conselho, um deles valendo com força de lei. Se trata da Lei de Segurança Alimentar e Nutricional, que cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN), que assegura o direito humano à alimentação adequada.

Para o presidente do Banco de Alimentos de Sorocaba (BAS), Tiago Almeida do Nascimento, a retomada do Consea sinaliza esperança para famílias brasileiras. “Nos últimos anos, assistimos desesperançosos a situação da população. Somente em 2022, eram 33 milhões de brasileiros sem o básico da alimentação em casa. A retomada deste conselho importante é, também, a volta da esperança de acordar e ir dormir de barriga cheia”, comenta Tiago.

Foguinho/Imprensa SMetal
Natal Sem Fome, de 2022, atendeu ao menos 40 famílias da reserva indígena Tekoa Gwira Pepo, por meio do BAS

Natal Sem Fome, de 2022, atendeu ao menos 40 famílias da reserva indígena Tekoa Gwira Pepo, por meio do BAS

O BAS é mantido pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) e foi criado, em 2005, por meio do conceito de Sindicato Cidadão. À época, famílias reviravam o que sobrava das feiras e as caçambas de lixo em busca de restos que pudessem servir como refeição. A partir da indignação com a fome, e consequentemente com o desperdício de alimentos por parte de quem tinha mais, o Banco foi criado.

Durante os três governos petistas (2003 a 2016), as políticas de segurança alimentar estiveram no radar das lideranças como prioritárias. Aos poucos, ações como o “Fome Zero”, por exemplo, levaram a garantia de, minimamente, três refeições diárias. Solidificando essas medidas, o próximo passo era pensar em nutrição, afinal, segurança alimentar é um conceito que mede diversos fatores, entre eles, o quão “bem” os indivíduos se alimentam.

Foguinho/Imprensa SMetal
Natal sem Fome de 2022 teve como tema

Natal sem Fome de 2022 teve como tema

“Logo nos primeiros anos de governo bolsonarista, percebemos que todo aquele esforço havia sido destruído. A desativação do Consea foi uma das primeiras ações de Jair Bolsonaro oficialmente como presidente da República. Depois disso, os vídeos de brasileiros e brasileiras revirando lixões de açougues em busca de ossos para encorparem uma sopa”, lamenta Leandro Soares, presidente do SMetal – entidade mantenedora do BAS.

A volta do Brasil ao Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU) também foi outra consequência drástica do desmonte promovido nos últimos quatro anos. Pesquisa realizada em 2021-2022 pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN) demonstrou uma grave escalada da fome no Brasil no período. Em 2022, 33,1 milhões de brasileiros passavam fome e seis, em cada dez brasileiros (58,7% da população), convivia com algum grau de insegurança alimentar.

“A gestão atual tem uma grande luta pela frente. As entidades, como o BAS, continuarão atuando pelas famílias que mais precisam. Mas, agora, com a certeza de que temos aliados na base governista”, reforça Tiago, presidente do BAS.

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