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CNM/CUT 30 anos de lutas: queremos dignidade inteira e não pela metade

A Confederação Nacional dos Metalúrgicos comemora três décadas de existência com luta e conquistas em prol metalúrgicos e segue firme em defesa dos direitos e da vida da categoria e de toda sociedade

Paulo Cayres (presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT)

Em 1989, os Metalúrgicos e as Metalúrgicas criaram o Departamento Nacional da categoria, que a partir daí se organiza enquanto ramo de atividade, cumprindo deliberação do terceiro congresso da CUT Nacional, que aconteceu um ano antes, em 1988. A categoria foi a primeira a implementar a resolução da Central.

Em 23 de março de 1992, no segundo congresso da categoria, fruto de muito debate e de uma construção coletiva, o Departamento dá lugar à Confederação Nacional dos Metalúrgicos e Metalúrgicas da CUT (CNM/CUT) e nesses 30 anos construímos uma história rica em organização, solidariedade, luta em defesa da categoria e da classe trabalhadora e na batalha cotidiana para a construção de um pais melhor para todas e todos.

Saímos na frente e seguimos fortes com várias ações e conquistas para a classe trabalhadora, como aumentos reais de salários, recuperação das perdas salariais, valorização das mulheres, dos negros e dos jovens e sempre estivemos nas lutas pela valorização dos aposentados, condições mais dignas de trabalho, lutas por medidas econômicas e políticas que promovessem a redistribuição de renda e organização de base nas fábricas.

A CNM/CUT sempre reagiu com fortes campanhas que ganharam o território nacional e que foram inclusive usadas por outras organizações sindicais, como foi o caso da nossa campanha em defesa da previdência pública e da nossa campanha por empregos e direitos. Não foi diferente nossa atuação nas campanhas eleitorais, quando ajudamos a eleger o primeiro trabalhador e a primeira mulher presidentes neste país.

Nós sempre estivemos envolvidos na defesa de políticas públicas, como um direito de toda a população. Para gente é fundamental a defesa de políticas que garantam qualidade de vida, como o SUS, educação de qualidade, uma política de segurança, que não promova o extermínio das populações pobres e da juventude negra nas periferias do Brasil, e acabe com a repressão aos movimentos sociais, mas que efetivamente atue na proteção da sociedade brasileira.

Além disso, vale destacar, que nestes 30 anos, a luta da categoria pelo contrato coletivo nacional, com a construção de uma pauta única representativa, para unificar a luta dos trabalhadores, é exemplo desse esforço permanente. A busca pela melhoria das condições de trabalho e renda e o fortalecimento das organizações sindicais são partes permanentes das ações da CNM/CUT e dos sindicatos filiados nestas três décadas.

Construímos também uma forte relação com as Confederações CUTistas para construção de uma pauta e organização comum para unificação a luta dos trabalhadores e trabalhadoras dentro da CUT organizado no Macrossetor da indústria.

Faz parte da nossa história, e da nossa natureza, a disputa permanente por um pais melhor e com justiça social, com garantia de direitos para todos e todas. E para reafirmar nosso compromisso de praticar um sindicalismo cidadão, incorporamos aos nossos compromissos a luta contra o racismo, o machismo, a homofobia e todas as formas de discriminação e preconceito.

A luta é internacional

No congresso de sua fundação, a CNM/CUT aprovou a filiação à Federação Internacional dos Trabalhadores na Indústria Metalúrgica (FITIM), que anos mais tarde se converteria na INDUSTRIALL, deixando clara sua estratégica de manter fortes laços com trabalhadores e trabalhadoras, de todo mundo para construir uma forte política de relações internacionais.

As metalúrgicas e os metalúrgicos conseguir aportar quadros para a direção da entidade, como o companheiro Fernando Lopes, metalúrgico da Bahia, que já compôs a direção da Industriall, e o companheiro Sanches, Metalúrgico do ABC, ex-secretário Geral da entidade.

E vale destacar a solidariedade entre Brasil e Moçambique e os intercâmbios com a Alemanha, que permitiram formar muitos dirigentes em diversos sindicatos e construir as redes sindicais internacionais de luta, organização e formação sindical.

Organização interna, nos locais de trabalho

Para fortalecer a luta dos trabalhadores e das trabalhadoras e construir sindicatos fortes, precisamos falar sobre a política de valorização das comissões internas de prevenção de acidentes (CIPAS) e também, sobre a proposta da CNM/CUT de construir a organização sindical a partir dos locais de trabalho: os Comitês Sindicais de Empresa (CSE).

Os CSEs fazem com que os sindicatos não sejam apenas um endereço, em que a categoria comparece de vez em quando, mas uma realidade presente no ambiente de trabalho todo dia, podendo responder rapidamente às demandas da classe trabalhadoras e atuar mais assertivamente no combate as injustiças e na defesa do respeito aos acordos e convenções coletivas.

Formação é papel dos sindicatos SIM

A trajetória da CNM com a Formação vem de sua origem e tem como propósito orientar sindicatos e federações filiados sobre a importância de constituir um ideário classista, voltado para o despertar da consciência de classe e para a percepção da importância da unidade para a luta.

Atuamos na qualificação de nossos dirigentes em consonância com os princípios da Política Nacional de Formação da CUT (PNF), um dos meios de atuação mais estratégicos e fundamentais para a luta da classe trabalhadora na CNM.

A formação é crucial para o avanço da ação sindical no combate às desigualdades de gênero e raça, afinal, são anos de uma educação forjada pela leitura da burguesia, que concentra renda a partir da exploração e da disputa ideológica da narrativa de nossa própria história. Uma burguesia que se constitui a partir da colonial idade, que marca o capitalismo brasileiro, racista e patriarcal.

É nosso compromisso e militância manter a formação como um dos pilares da ação sindical. A formação critica abre portas e janelas e também nos convida a atuar cada vez mais para além do chão das fábricas, na luta pela libertação da classe trabalhadora das amarras do capital.

Somos modelos para o mundo

Nossas experiências estão em sintonia com uma formação libertadora, seguindo as ideias de Paulo Freire, que como ele mesmo alertou: “a classe dominante não pode formar a classe dominada”.

Diante disso, a CNM foi protagonista na criação do Programa Integrar, um programa de educação, que rompeu com a lógica tradicional. O programa possibilita construir uma experiência em que os trabalhadores e as trabalhadoras possam atuar de forma autônoma e desinibida, dentro de uma perspectiva que junta a educação básica e a tecnológica.

Os resultados do programa foram além das expectativas da organização e até hoje é considerado uma referência nacional e internacional em termos de projeto educativo para e pelos trabalhadores.

De 1997 a 2007, mais de 300.000 trabalhadoras e trabalhadores participaram das atividades do Instituto Integrar. Destes, 11 mil receberam o diploma de ensino fundamental e 1.058 o diploma de ensino médio. Além disso, 500 dirigentes se formaram nas duas etapas e 90 receberam o certificado do curso de extensão universitária “Economia e Trabalho”, realizado em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Além deste marco, seguimos com formações, projetos e programas em interface com as pautas de gênero, raça e juventude, construindo formações de combate ao racismo que rodaram o Brasil e que seguem em formato virtual, assim como as formações sobre as desigualdades de gênero e de mobilização da juventude trabalhadora.

A luta na pandemia e o mundo digital

Nestes 30 anos a gente nunca parou de lutar pela categoria, não paramos nem na pandemia.

A maior crise sanitária dos últimos cem anos nos desafiou a continuar a nossa atuação. Além de trazer consequências catastróficas à saúde da população, com mais de 650 mil mortes, a Covid-19 desencadeou uma grave crise política e de retirada de direitos, e mais uma vez nos superamos.

Nós metalúrgicos da CNM/CUT, acostumados a ocupar às ruas, às portas de fábricas e os espaços políticos, não titubeamos e enfrentamos um dos maiores desafios de nossas vidas: ocupamos às redes sociais e os espaços virtuais para continuar lutando em defesa da classe trabalhadora e nos comunicarmos entre nós e com nossas bases.

Sempre se desafiando

A maioria de nós, mesmo com muitas limitações no manuseio das ferramentas tecnológicas, tivemos disposição de lutas nas ruas e também encaramos as lutas virtuais.

Criamos alternativas para facilitar acesso, além de mecanismos para orientar o uso das tecnologias e redes sociais de forma responsável e segura. Realizamos oficinas sobre “redes sociais “, cursos específicos sobre comunicação virtual, fortalecemos nossa imprensa, criamos o coletivo de comunicação da CNM/CUT e fomos a primeira Confederação a migrar para o Portal CUT, porque entendemos a necessidade de uma comunicação integrada e compartilhada.

Além disso, estamos acompanhando e participando do projeto “Brigadas Digitais”, desenvolvido pela CUT Brasil, que prevê criar um exército digital de dirigentes sindicais para as ações e luta sociais nas redes sociais.

A CNM/CUT está sempre se desafiando, se superando e atuando de forma organizada em defesa dos direitos e da vida da nossa categoria e de toda sociedade. Nós somos sindicatos cidadãos e solidários, porque entendemos que juntos somos muito mais fortes!

Nossa história continua. Parabéns CNM/CUT, parabéns metalúrgicas em metalúrgicos do país e toda sociedade. Ninguém consegue nada sozinho.

#Feliz30AnosCNM/CUT

#PauloCayres, que também é Secretário Nacional Sindical do PT

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