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Brasileiros fazem empréstimos para comprar comida, afirma pesquisa

De acordo com o Instituto Plano CDE, parte da população brasileira recorreu, junto a amigos, familiares e até mesmo bancos para comprar comida e pagar contas básicas de água, luz e aluguel

Com informações de Portal CUT
Tânia Rêgo/Agência Brasil
De 2020 para 2021, a retração na renda do trabalhador foi de 3,80%

De 2020 para 2021, a retração na renda do trabalhador foi de 3,80%

A crise econômica tem levado cada vez mais os brasileiros e brasileiras, especialmente as classes C, D e E a recorrerem a empréstimos junto a amigos, familiares e até mesmo bancários para comprar comida e pagar contas básicas de água, luz e aluguel, entre outras, diz pesquisa do instituto Plano CDE.

Para 45% e 50% dos pesquisados dessas classes sociais, a alimentação e as contas do mês foram ou seriam a principal finalidade dos empréstimos. Já para 50% da população das classes D e E a redução na compra de comida para pagar uma dívida se tornou uma realidade.

O percentual de pedidos de empréstimos cai para 30% entre as classes A e B. Considerando todas as classes, 42% afirmam ter alguma dívida em atraso, diz a pesquisa, publicada pelo jornal Folha de São Paulo.

Diante desses números, o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) recorda que a campanha Natal Sem Fome de 2022 já começou. Os interessados podem doar na sede do SMetal, no Clube dos Metalúrgicos e no Banco de Alimentos de Sorocaba. Além desses pontos, neste ano alguns parceiros também aderiram ao NSF: Depois Bar e Arte, Jabotá Beach Bar, Little Paul, Solana Records e DCE Livre – UFScar Sorocaba.

Neste ano, a campanha tem o tema “Alimentando a Esperança” e tem como objetivo arrecadar entre 45 e 50 toneladas de alimentos que irão para a mesa de milhares de famílias em situação de vulnerabilidade social da cidade e da região.

População tem mais dívida do que renda

Nos últimos 12 meses, cerca de 50% da população teve gastos maiores do que a renda, sendo 37% nas classes A e B; 48% na C1 (renda de R$ 3 mil a 6 mil) e 55% C2 (renda de R$ 2 mil a R$ 3 mil), chegando a 60% nas D e E.

De 2020 para 2021, a retração na renda do trabalhador foi de 3,80%. Quando se considera a média, metade dos empregados ganhava até R$ 1.995, menos de dois salários mínimos. Desde 2017, ano da Reforma Trabalhista, a perda é de aproximadamente 6,5%, lembrou o supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Victor Pagani, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Os motivos pelos quais os brasileiros estão cada vez mais endividados, foram analisados por economistas e especialistas em diversas reportagens do PortalCUT, que sempre indicaram que a queda de renda, o emprego precário sem direitos, e o fim da política de valorização do salário mínimo no governo Bolsonaro, são as principais causas desse enorme endividamento das famílias, especialmente entre os mais pobres.

Precarização do trabalho

Para fazer frente a esse endividamento e à falta de empregos decentes com carteira assinada e bons salários, os brasileiros têm recorrido a horas extras, bicos, trabalhos temporários e a venda de seus próprios bens materiais, como carro, móveis, eletrodomésticos.

Estrato da pesquisa

O Plano CDE considerou as classes D e E em domicílios com renda familiar de até R$ 2.000. A classe C foi dividida em duas: C2 com renda de R$ 2.000 até R$ 3.000, e C1 com renda de R$ 3.000 até R$ 6.000. Já a classe AB é formada por lares com renda familiar acima de R$ 6.000.

A pesquisa do Plano CDE, de abrangência nacional, ouviu 2.370 pessoas maiores de 18 anos de todas as classes sociais, entre 26 de julho e 9 de agosto de 2022.

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