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Auxílio Brasil maior não compra uma cesta básica na cidade de Sorocaba

Às vésperas da eleição, o presidente Jair Bolsonaro quer aumentar para R$600 o valor do Auxílio Brasil; em Sorocaba, a compra de 23 itens da cesta básica consumiria ao menos R$507,43 desse montante

Imprensa SMetal
Fernando Frazão/Agência Brasil
Estudos mostram que o valor que o governo pretende direcionar às famílias não consegue custear os gastos com alimentação e insumos básicos dos brasileiros

Estudos mostram que o valor que o governo pretende direcionar às famílias não consegue custear os gastos com alimentação e insumos básicos dos brasileiros

Após criticar, em inúmeras oportunidades, programas de assistência contínua para famílias vulneráveis socialmente, Jair Bolsonaro sinaliza que o governo vai aumentar o valor do “Auxílio Brasil” de R$400 para R$600, com respaldo da PEC Eleitoral. Em 2021, o presidente lançou este programa para substituir o Bolsa Família.

Reprodução - Twitter
Jair Bolsonaro ironiza e se referir ao Bolsa Família como

Jair Bolsonaro ironiza e se referir ao Bolsa Família como

O Auxílio Brasil, como outras medidas de assistência, tem sido a via pela qual milhares de famílias – assoladas pela fome e miséria – conseguem minimizar os efeitos dessas dificuldades. Este programa, no entanto, nasce com data para acabar: dezembro de 2022. Coincidentemente, o último mês do mandato de Jair Bolsonaro à frente da Presidência da República.

Estudos mostram, ainda, que o valor que o governo pretende direcionar às famílias não consegue custear os gastos com alimentação e insumos básicos dos brasileiros. Em São Paulo, por exemplo, um levantamento da Central Única dos Trabalhadores (CUT) conclui que o valor de R$600 não cobre 13 itens básicos da cesta, que chegam a custar R$777.

Sorocaba

Já em Sorocaba, segundo o relatório mensal produzido pelo Laboratório de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade de Sorocaba (Uniso), uma pessoa desembolsa R$1087 na compra de 34 itens como carnes, legumes, mantimentos e produtos de higiene pessoal que compõem uma cesta básica.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região analisou cada um desses produtos, preço a preço, e identificou que um sorocabano gastaria R$507,43 para comprar 23 itens da cesta, sendo eles: batata (1kg); cebola (1kg); alho (1kg); carne 2ª (3kg); carne de 1ª (3kg); salsicha (1kg); leite (um engradado); feijão (1kg); café (1kg); óleo (um litro); ovos (1 dúzia); margarina (um pote); arroz (5kg); macarrão (um pacote); açúcar (um pacote); sal (um pacote).

Outros itens, de higiene da casa e pessoal, também caberiam nessa conta. Um desodorante (uma unidade); papel higiênico (12 rolos); absorvente (um pacote); sabonete (uma unidade); sabão em barra (uma unidade) e sabão em pó (uma caixa). Isso significa que o sorocabano desembolsaria ao menos 84,6% de um Auxílio Brasil para comprar esses 23 itens.

Apesar de parecer volumoso, é provável que uma família média que é composta por pai, mãe e dois filhos, precise repor os produtos com o passar o mês. Para esse dado, usamos como base 3kg de cada uma das carnes – levando em consideração a demanda alimentar de cada membro de uma família – mas contabilizamos outros itens individualmente.

Vale ressaltar que ainda é preciso somar a este orçamento o valor do gás de cozinha, que já chega ao patamar de R$120 em algumas distribuidoras da cidade.

“Além da alimentação, há famílias que precisam pagar aluguel, conta de luz e água e outros gastos. O governo está usando da fome como bandeira para promoção eleitoral. Não há projeto de continuidade para o Auxílio Brasil, parece que estamos diante de uma ação meramente filantrópica: que é feita para aliviar a consciência dos poderosos quanto a miséria dos que mais precisam”, analisa Silvio Ferreira, presidente interino do SMetal.

Auxílio Emergencial

“A descontinuidade do Auxílio Emergencial é uma das provas que a medida de Bolsonaro é eleitoreira. Se houvesse preocupação com a população brasileira, ele teria seguido com o programa contínuo de assistência e não apelado para medidas paliativas”, reforça Silvio.

O presidente interino do SMetal recorda que, em 2021, no auge da pandemia do coronavírus, a própria base governista se opôs ao pagamento do Auxílio Emergencial. À época, coube à oposição a tarefa de defender o programa, uma vez que o próprio presidente se manifestou contrário ao Auxílio e.

Em um primeiro momento, Bolsonaro queria pagar R$400 por mês às famílias. Foi por meio da pressão dos parlamentares de oposição que o projeto foi aprovado e pagou R$600 como auxílio. De acordo com o Ministério da Cidadania, somente no ano passado, o Auxílio Emergencial beneficiou 39,4 milhões de famílias.

Para ler o estudo da Universidade de Sorocaba, na íntegra, basta clicar aqui.

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