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Denúncia

Trabalhadores correm riscos com falta de estrutura na avenida Conde Zeppelin

Conhecida por diversos acidentes envolvendo metalúrgicos, a Conde Zeppelin é responsável por interligar quem vem dos bairros à Zona Industrial da cidade; condições de tráfego preocupam o SMetal

Marcelo Rodrigues - CSE Scherdel
Acidente envolvendo metalúrgico aconteceu no último mês e foi flagrado por membros do CSE da empresa Scherdel

Acidente envolvendo metalúrgico aconteceu no último mês e foi flagrado por membros do CSE da empresa Scherdel

Gabriel Vinicius se senta para conversar enquanto distrai seus quatro cachorros agitados e brincalhões. Quem olha e o enxerga saudável, pronto para conceder uma entrevista ao Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), não imagina que depois do dia 19 de julho de 2022 muita coisa mudou na vida do jovem metalúrgico de 27 anos.

Soldador de profissão, Gabriel passa pela avenida Conde Zeppelin no trajeto entre sua casa, na Zona Oeste, e o trabalho no bairro Aparecidinha. Era mais uma manhã de locomoção ao trabalho, mas, no caminho, sua moto colidiu violentamente com a lateral de um carro. Foram três costelas quebradas, uma clavícula trincada e um trauma que fica para sempre.

Foguinho/Imprensa SMetal
Gabriel Vinicius, de 27 anos, quebrou três costelas e trincou a clavícula em um acidente de moto no mês passado

Gabriel Vinicius, de 27 anos, quebrou três costelas e trincou a clavícula em um acidente de moto no mês passado

“O que aconteceu foi um pouco de falta de destreza do motorista, mas também agravou pela via que está complicada com muitos buracos e precisamos andar desviando. Nessa, o motoqueiro sempre leva a pior”, lamenta Gabriel. Após ser encaminhado para o hospital, sua recuperação seguiu em casa, na companhia dos seus animais de estimação e da esposa, Mariana, que recorda a demora do resgate e da insegurança que fica agora.

O acidente aconteceu próximo à portaria da empresa Scherdel. Marcelo Rodrigues, membro do Comitê Sindical de Empresa (CSE) da fábrica, fez algumas imagens do acidente e prestou ajuda aos envolvidos. Ele comenta que todos os colegas de empresa transitam por essa avenida para chegar até o trabalho. “Não tem acostamento para os pedestres, nem faixa para os ciclistas, tampouco iluminação para quem trabalha à noite. As pessoas se sentem inseguras nessa avenida”, comenta Marcelo.

De acordo com a Prefeitura de Sorocaba, ao menos seis mil veículos trafegam pela Conde Zeppelin diariamente. Os buracos, a falta de acostamento e a má pavimentação do lugar, promovem uma disputa entre automóveis e pedestres, carretas e ciclistas, caminhões e motoqueiros. “Não temos calçada para andar, não temos acostamento, não temos nada. Precisamos ter é sorte e fé em Deus para que a gente passe por aqui, chegue vivo na empresa e retorne vivo para a casa”, afirma Paulo César Sola Garcia, o Tatu, dirigente sindical e trabalhador da CNH Case.

Dorival

A história de Gabriel se repete inúmeras vezes no passado. Como, por exemplo, no acidente de 2015 que envolveu o metalúrgico Dorival de Lima, companheiro de fábrica do dirigente Tatu, que resultou em traumatismo craniano, lesão na coluna e um coma de dois anos, após um acidente de moto na Conde Zeppelin.

Ele acordou do estado de coma, porém ficou com sequelas. Segundo pessoas próximas, o homem precisa de auxilio para realizar atividades básicas como comer e se locomover. De acordo com o Comitê Sindical da Case, o caso de Dorival é irreversível e algumas funções motoras e cognitivas foram afetadas pelo trauma.

“Apesar de sete anos de diferença entre os acidentes, o que vemos aqui é a repetição da tragédia. Esse tipo de recorrência leva insegurança para os trabalhadores e trabalhadoras que precisam transitar nesta via. O SMetal, enquanto entidade, faz a cobrança de melhorias há anos, mas não obtêm respostas do poder público”, comenta Silvio Ferreira, presidente interino da entidade.

Representação

Na época desse acidente, o Secretário de Organização do SMetal, Izídio de Brito, estava em seu segundo mandato como vereador. De acordo com o dirigente, nesse período ele ingressou com requerimentos na Câmara, participou de reuniões com várias secretarias colocando a situação de risco da via, mas não houve nenhuma ação da prefeitura para solucionar o problema.

Foguinho/Imprensa SMetal
Izídio protocola denúncia, em 2015, junto com representantes do SMetal

Izídio protocola denúncia, em 2015, junto com representantes do SMetal

Desta forma, a saída foi entrar como uma representação no Ministério Público (MP) pedindo para que o órgão investigasse a denúncia e cobrasse da Prefeitura de Sorocaba, da Secretaria Estadual de Segurança Pública e da Concessionária de Rodovias do Oeste de São Paulo (Vioeste), órgãos responsáveis pela via, soluções para as possíveis irregularidades. “Essa representação segue sem respostas e os trabalhadores seguem voltando para a casa dentro de um caixão”, comenta Izídio.

Vale ressaltar que o Departamento Jurídico do Sindicato dos Metalúrgicos irá ingressar com uma nova ação no MP, visando a execução de melhorias e obras na via.

Obras e duplicação

Quando questionada sobre a manutenção do local, a Prefeitura de Sorocaba respondeu que a via receberá obras de melhorias e duplicação em parceria com o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), com início previsto já para este segundo semestre de 2022. Além de comentar que a avenida recebe, de forma regular, manutenção e revisão da sinalização viária.

“Gostaríamos até de convidar o prefeito, vice-prefeito, os vereadores para passar neste lugar aqui [avenida Conde Zeppelin]. Porque andar no Campolim, que é tudo lindo, tem calçadas e espaço para trânsito é fácil. Precisam visitar e ver que essa via está largada e precisa urgentemente de obras e manutenção”, finaliza Tatu.

Assista o conteúdo que preparamos sobre o assunto:

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