Foi decidido nesta terça-feira, dia 3, em reunião extraordinária realizada entre a Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT (FEM-CUT/SP) e os sindicatos filiados, que caso as bancadas patronais insistam em somente repor a inflação da data-base 2023, de 4,06%, ou pelo arrendamento do percentual nos salários, a FEM-CUT/SP está autorizada a protocolar comunicado de greve a partir da próxima semana.
A decisão deverá ser referendada pelos metalúrgicos e metalúrgicas da base do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) em assembleia geral, convocada para a noite desta sexta-feira, dia 6 de outubro, na sede da entidade. A primeira chamada será às 18h e a segunda, às 18h30.
“É muito importante a participação de todos os trabalhadores e trabalhadoras nesta assembleia, que é decisiva. Precisamos referendar as decisões tomadas junto à Federação e dar os encaminhamentos necessários referente às propostas dos grupos patronais que forem apresentadas até a data”, explicou o secretário-geral do SMetal, Silvio Ferreira.
Para Leandro Soares, presidente do SMetal, chegou a hora dos trabalhadores e trabalhadoras darem um basta no descaso dos patrões à pauta aprovada pela categoria. Entre as reivindicações estão: reposição total da inflação (de 4,06%) mais aumento real, valorização dos pisos, fim do teto salarial e renovação das cláusulas sociais da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
“Já passou mais de um mês da nossa data-base, que é setembro, e as bancadas patronais vem tratando com descaso a pauta dos trabalhadores e da Federação. Temos sentido nas assembleias que a categoria não aceita menos que aumento real nos salários e estamos mobilizados e, acima de tudo, organizados para buscar mais essa conquista para os metalúrgicos e metalúrgicas do Estado de São Paulo”, assegurou Leandro.
De acordo com Silvio Ferreira, “junto com a categoria, vamos lutar para conquistar uma campanha vitoriosa, nem que seja preciso negociar por empresa caso o patronal não chegue à uma proposta que atenda aos anseios dos trabalhadores e trabalhadoras”.
Reunião da FEM-CUT/SP
Durante a reunião entre os sindicatos filiados à FEM-CUT/SP, o presidente da Federação, Érick Silva, fez um balanço das negociações com as bancadas patronais. Segundo ele, chegou o momento de os trabalhadores mostrarem a força e a unidade da categoria, ampliando ainda mais a luta pela valorização salarial.
“A proposta do patronal de somente repor a inflação foi rejeitada e estamos agora na expectativa deles reformularem essas propostas, estabelecendo outro patamar que atenda à reivindicação dos trabalhadores. Se isso não acontecer, na próxima semana, entregaremos o aviso de greve e ampliaremos a mobilização em toda a base”, disse.
Érick completou: “acreditamos que o trabalhador esteja mobilizado e também que os patrões vão entender a reivindicação e estabelecer outros patamares de negociação, com aumento real além da reposição da inflação e todas as cláusulas sociais, para termos a nossa Convenção Coletiva renovada. Esse é o principal objetivo da Campanha Salarial de 2023”.
Grupo 10
No Grupo 10, formado predominantemente por pequenas e microempresas de manutenção industrial, equipamentos médicos hospitalares e odontológicos e mecânicas, o patronal se recusa a negociar a pauta de reivindicações da Campanha Salarial com a FEM-CUT e, por isso, as negociações ocorrer por fábrica (saiba mais).
Sobre a Campanha Salarial 2023
O tema das negociações deste ano será “A Luta Continua Pela Reconstrução dos Direitos, dos Salários e da Democracia” e os eixos aprovados são: reposição da inflação; aumento real; valorização dos pisos salariais; valorização das Convenções Coletivas de Trabalho; redução de jornada sem redução de salário e redução dos juros.
Em julho, foram protocoladas as pautas nas bancadas patronais. Nos grupos Sicetel, Siescomet, Siniem, Sindratar, Sifesp, Sindifupi, Grupo 10 (Fiesp e Aeroespacial), Grupo 8.3 (Simefre, Sinafer e Siamfesp) e G2 (Sindimaq E Sinaees), a pauta é cheia. Isso significa que serão discutidas as questões econômicas e sociais da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
Nos demais grupos – Sindicel e Grupo 3 (Sindipeças, Sinpa e Sindiforja) – a pauta é parcial, pois as CCTs possuem vigência até agosto de 2024. Por isso, em 2023, estão sendo negociadas somente as cláusulas econômicas, como reajuste no piso, no teto e nos salários.
A FEM-CUT/SP negocia a Campanha Salarial para cerca de 190 mil trabalhadores no Estado de São Paulo. Ao todo, a categoria tem cerca de 211 mil metalúrgicos, contando os trabalhadores das montadoras.