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Pressão sobre Banco Central para baixar juros vai aumentar, prevê sindicalistas

Com a manutenção da Taxa Selic em 13,75%, apesar da pressão da sociedade e dos movimentos sindicais, é momento para mais mobilização contra Campos Neto

Redação CNM/CUT
ROBERTO PARIZOTTI (SAPÃO)

Em junho, a CUT e outras centrais sindicais lançaram uma jornada nacional com diversos atos nas ruas do país mostrando como os juros altos são nocivos aos trabalhadores

Apesar da forte pressão da sociedade, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a Taxa Selic em 13,75% em sua última reunião na semana passada, o mesmo índice desde agosto do ano passado. Para o movimento sindical, o momento é de intensificar a pressão nas ruas sobre a atuação do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e cobrar que ele seja urgentemente sabatinado pelo Senado e destituído do cargo.

Segundo o secretário-geral da CNM/CUT, Renato Carlos de Almeida, o Renatinho, está prevista para o próximo dia 4 de julho uma audiência com a senadora Teresa Leitão (PT-PE), em Brasília, para debater a convocação de Roberto Campos Neto a uma sabatina no Senado. Junto à iniciativa dos sindicalistas, o governo federal também se movimenta. O senador Randolfe Rodrigues (Sem Partido – AP), líder do governo, pretende protocolar nesta semana um requerimento na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado convocando Campos Neto a dar explicações sobre a alta taxa de juros.

“Virou uma questão de honra pedir a saída do Campos Neto da presidência do Banco Central, porque ele está sabotando a economia do país”, reforça Renatinho.

O dirigente recorda que os Metalúrgicos da CNM/CUT iniciaram uma campanha pela queda do presidente do BC ainda no 11º Congresso da categoria, em maio. Em junho, a CUT Nacional e outras centrais sindicais lançaram uma jornada nacional com diversos atos nas ruas do país e na internet mostrando como os juros altos são nocivos aos trabalhadores e cobrando a queda de Campos Neto.

Metalúrgicos se mobilizam pelo país

Dando prosseguimento a Jornada de Mobilização Contra a Política Monetária do BC, iniciada pela CUT, e a convocação da campanha pela queda de Campos Neto ainda no Congresso da CNM/CUT, vários sindicatos metalúrgicos pelo país foram ou planejam ir às ruas para protestar contra os juros altos.

A mobilização da CUT começou no dia 16, com participação dos Metalúrgicos do ABC (SP). No dia 20, metalúrgicos da CUT-RS saíram às ruas para deixar seu recado contra a política monetária do BC. Segundo o presidente da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos da CUT-RS (FTM-RS), Lírio Segalla, o ato chamou a atenção da grande mídia, que, em grande parte, tem fortes ligações com o mercado financeiro e defende os interesses rentistas, grupo que lucra com os altos juros praticados no país. Os metalúrgicos gaúchos pretendem fazer novas mobilizações nos próximos dias, em conjunto com a agenda cutista.

No dia 21 de junho, a CUT/PE fez um ato simbólico nas ruas de Recife, capital pernambucana, com panfletagem, e os metalúrgicos locais estiveram presentes. Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco, Abinadabe Santos, os trabalhadores locais são afetados pelos altos juros como qualquer trabalhador no país e sentem a dificuldade no bolso, ao ver seus salários perderem poder de compra por causa do alto valor do crédito nos bancos, que impede de fazer empréstimos e fazer a economia girar.

Em Manaus, os metalúrgicos vão debater esta semana formas de mobilizar a categoria para debater o assunto. Segundo a vice-presidente da CNM/CUT e dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas, Catia Maria Braga Cheve, os trabalhadores locais entrarão em campanha salarial e a ideia é levar o debate dos juros às assembleias nas fábricas, em paralelo à campanha salarial.

Ata do Copom

Nesta terça-feira (27) o Banco Central deve divulgar a ata da última reunião do Copom e o governo federal espera que o tom da carta indique que a redução dos juros virá logo. Na quinta-feira (29) será realizada reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) para debater a meta da inflação dos próximos dois anos e o presidente Lula espera que ela seja alterada para cima. A preservação da meta de inflação é um dos argumentos usados por Roberto Campos Neto para manutenção dos altos juros cobrados no país, o que não se justifica na realidade, pois os números da inflação estão caindo nos últimos meses.

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