Busca
Descaso

Prefeito mente e mantém trabalhadores da indústria fora dos feriados

Em entrevista a uma rádio local, na noite desta quinta, 1º, Manga descartou a publicação de um novo decreto, como havia anunciado no dia anterior, e deixa 50 mil trabalhadores da indústria à mercê do vírus da Covid-19

Imprensa SMetal
Arquivo/Foguinho Imprensa SMetal
Cerca de 50 mil trabalhadores do setor industrial, dentre eles mais de 32 mil metalúrgicos, não tiveram direito à antecipação de feriados

Cerca de 50 mil trabalhadores do setor industrial, dentre eles mais de 32 mil metalúrgicos, não tiveram direito à antecipação de feriados

O prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), mentiu na transmissão ao vivo que fez na noite de quarta-feira, 31, quando disse que iria rever o decreto que deixou cerca de 50 mil trabalhadores da indústria fora da antecipação dos feriados.

Em entrevista a rádio Band, na noite desta quinta-feira, 1º, Manga descartou a possibilidade de publicar o novo decreto, deixando os trabalhadores do setor industrial em risco de contágio da Covid-19 – inclusive com a confirmação de uma nova variante na cidade.

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), Leandro Soares, o atual governo trata com descaso a vida dos trabalhadores da indústria. “A antecipação dos feriados está longe de ser uma ação concreta para salvar vidas e, além disso, deixa milhares de empregados do setor industrial à mercê do vírus, em ônibus lotados, arriscando sua saúde”.

Na entrevista, o prefeito minimiza a situação dos trabalhadores da indústria à aglomeração no transporte público ocorrida nesta quarta e quinta-feira, conforme noticiou a rádio Jovem Pan. Ele afirmou que, em conversa com o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), havia resolvido essa questão com a disponibilização de ônibus fretados para levar os funcionários do setor para o trabalho.

“É inadmissível que vidas sejam tratadas apenas como meros números, não levando em consideração que a doença não tem cara e a contaminação pode ocorrer no próprio fretado ou na fábrica”, enfatiza Leandro.

Além disso, na categoria metalúrgica, somente grandes e médias empresas oferecem transporte fretado aos trabalhadores. “De cerca de 32 mil metalúrgicos de Sorocaba, aproximadamente 65% são contemplados com transporte fretado garantido a partir de negociação com o Sindicato. Mas outros 35% não possuem esse benefício, por isso nos gerou grande estranheza esse compromisso entre o prefeito e o Ciesp”, explica.

E completa: “esses números são apenas na nossa categoria. Então me pergunto, como é que vão disponibilizar transporte que atenda os trabalhadores de todas essas empresas sem fretado? O Ciesp e o prefeito estão menosprezando a vida de pais e mães de família para manter seus lucros e, assim, se tornam cúmplices da política genocida do governo federal”.

Leandro conta ainda que, na tarde de quarta-feira, 31, o setor jurídico da prefeitura entrou em contato com o Sindicato para consultar a entidade como poderia modificar o decreto. “Agora ele vem dizer à imprensa que está conversando conosco sobre isso. É mentira. Nós, no contato que tivemos, reafirmamos nossa posição em defesa dos metalúrgicos, enfatizando que estamos buscando o lockdown nas empresas da categoria e que, se fosse para ter o feriado, deveria beneficiar todos os trabalhadores, não apenas parte dos sorocabanos”.

Para o presidente do SMetal, não é hora de medidas paliativas. “Estamos na pior fase da pandemia, batendo recordes diários de mortes em todo o país. São vidas que estão em jogo e, ao criar um feriado parcial, ele deixa de lado milhares de sorocabanos”

Inclusive, na manhã de quarta-feira, 31, a diretoria do SMetal entrou com uma ação civil pública, no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, e com denúncia contra o prefeito Rodrigo Manga no Ministério Público, por conta da exclusão dos trabalhadores da indústria da antecipação dos feriados na cidade.

No documento, a entidade afirma que, ao deixar cerca de 50 mil trabalhadores fora da antecipação do feriado, Manga coloca essas pessoas em risco “de forma desumana, em violação ao direito à proteção e à saúde, questões humanitárias que deveriam ser defendidas pelo Poder Público em relação a todos os cidadãos sorocabanos”.

E completa: “através de uma medida discricionária o Poder Público municipal, na pessoa de sua autoridade máxima, mostrou menosprezo a grande parcela da população”.

Lockdown

O secretário-geral do SMetal, Silvio Ferreira, lembra que a entidade defende ações mais efetivas para conter a doença, como lockdown nas empresas metalúrgicas da sua base. “Estamos falando em salvar vidas e só vamos conseguir isso se as pessoas ficarem em casa. O setor industrial tem plenas condições de paralisar a produção por um período e recuperar esse tempo rapidamente. Como temos insistido nas negociações, é momento de parar para salvar vidas”.

Hospitais lotados e novas variantes

A situação de Sorocaba é bastante crítica. A cidade já atingiu a marca de 1.127 vidas perdidas desde o começo da pandemia da Covid-19. Além disso, todos os hospitais públicos e privados estão lotados, sem vagas em leitos clínicos e de UTI.

Completa o quadro preocupante, a confirmação de mais uma variante do coronavírus. De acordo com a prefeitura de Sorocaba, a variante sul-africana foi identificada nesta quarta-feira, 31, na cidade.

No total, Sorocaba identificou outras cinco variantes da Covid-19, inclusive a de Manaus, que é mais letal e tem um grau de contaminação maior do que as outras.

tags
antecipado feriado fretado indústria industrial manga metalúrgico prefeito SMETAL Sorocaba
VEJA
TAMBÉM