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“Respeito e oportunidade é onde tudo começa”

Pessoa metalúrgica não-binária e outros membros da comunidade LGBTQIAP+ falam sobre desafios da comunidade

As demandas da comunidade ainda são básicas: serem contratados nas empresas e não serem destratados ao ingressar nos ambientes laborais

Caroline Queiróz Tomaz/Imprensa SMetal
Freepik

O SMetal reforça que todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero ou orientação sexual, têm direito a trabalhar em um ambiente livre de discriminação e preconceito.

Olhar para o futuro da metalurgia não se restringe, apenas, em preparar a categoria para as tecnologias. O futuro é recheado de termos novos que também se apresentam no que diz respeito à existência dos seres humanos. 

Há mudanças ocorrendo também na cultura da sociedade e o mercado de trabalho é um espelho do mundo. Nome social, identidade de gênero, orientação sexual são, nos dias atuais, pautas de importância para a comunidade LGBTQIAPN+, grupo que inclui lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis, queer, intersexuais, assexuais e pansexuais e pessoas não-binárias.

Um estudo divulgado em 2022 pela rede social de trabalho LinkedIn, mostra que oito em cada dez pessoas LGBTQIAPN+ sentem-se confortáveis para compartilhar a identidade de gênero e a orientação sexual no ambiente de trabalho, mas existem inúmeros desafios a serem superados.

As demandas da comunidade ainda são básicas: serem contratados nas empresas e não serem destratados ao ingressar nos ambientes laborais. “Respeito e oportunidade é onde tudo começa”, afirma Max Oliveira, que é uma pessoa metalúrgica, não-binária e atua há dois anos em uma empresa no ramo de telecomunicações. 

De acordo com Max, em sua trajetória nunca houve nenhum episódio de discriminação, nem pela sua raça ou identidade de gênero. Max é uma pessoa não-binária, portanto, não se identifica com os gêneros masculino ou feminino. 

Identidade questionada 

Emily*, 35, operadora multifuncional em uma montadora, é uma mulher lésbica cisgênero. Isso significa que ela se identifica com o gênero feminino e se relaciona romanticamente com pessoas do mesmo gênero. Ela recorda que já sofreu preconceito em outra empresa que trabalhou e, à época, mesmo tendo um bom desempenho profissional, alguns colegas tentavam a colocar como uma pessoa “masculina”, por ser lésbica. 

Ela se lembra do impacto de determinados comentários. “Já que quer ser ‘homem’ então aguenta trabalho mais pesado”, descreve Emily sobre o preconceito que vivenciou. 

A situação vivenciada por ela também foi reportada por 43% das pessoas consultadas para a pesquisa do LinkedIn, que citamos acima. Essa porcentagem de entrevistados afirma já ter sido vítima de preconceito, principalmente por meio de piadas e comentários homofóbicos.

“Pensar em um futuro que contemple a diversidade de gênero, raça e credo dentro do segmento industrial precisa ser uma pauta de todos nós. Que possamos abraçar essa diversidade”, Coletivo de Mulheres e Coletivo Racial do SMetal

Rede de apoio

Para a comunidade LGBTQIAPN+, o conceito de rede de apoio é crucial. “Eu acho importante a gente ter o SMetal como rede de apoio, entre outros meios, para relatar qualquer caso de discriminação. Espero para o futuro que as pessoas da comunidade sejam mais vistas em segmentos profissionais, em especial as mulheres trans que estão mais na rua”, afirma Max Oliveira.

Paulo*, metalúrgico há mais de 11 anos na mesma empresa da base do SMetal, acredita que o Sindicato tem um papel primordial para toda a categoria. No entanto, ele acredita que a comunidade deveria ter mais visibilidade nas indústrias. “Para que sejamos vistos como tal e tenhamos o devido respeito independente da cor, orientação sexual ou religião”, afirma ele, que é um homem-trans e gay.

Nesta toada, o SMetal reforça que todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero ou orientação sexual, têm direito a trabalhar em um ambiente livre de discriminação e preconceito. 

*Para preservar a identidade dos trabalhadores, parte dos nomes utilizados na reportagem são fictícios

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direitos Discriminação diversidade gênero LGBTQIAP+ luta não-binário respeito sexualidade
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