Segundo dados do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), em 2023 houveram 212 acidentes na indústria de transformação em Sorocaba. Desses, 143 foram acidentes leves; 40 graves; 26 Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT); além de 1 com animais peçonhentos; 1 dermatose ocupacional e 1 por transtorno mental.
O aumento de acidentes de trabalho na região de Sorocaba em cerca de 50%, comparado a 2022, é um reflexo direto da Reforma Trabalhista, aprovada em 2017. É o que afirma o Chefe da Regional da Fiscalização do Trabalho, Ubiratan Vieira. É o maior número de acidentes desde 2012.
“Há um esgarçamento na legislação, que colabora bastante com as mortes e mutilações. A reforma modificou cerca de 110 artigos da CLT e mexeram justamente onde cuida da área sindical”.
Saúde do trabalhador
Todos os metalúrgicos podem denunciar ao Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) ambientes de trabalho inadequados ou acidentes de trabalho através dos canais oficiais do Sindicato, como o Whatsapp, telefone ou site.
O diretor responsável pelo departamento de saúde do SMetal, Antônio Welber Filho (Bizu), destaca que os trabalhadores podem procurar o Comitê Sindical de Empresa (CSE) na fábrica onde trabalham.
“Os dirigentes estão no local de trabalho justamente para evitar que haja locais de trabalho em condições de prejudicar a saúde dos trabalhadores”, afirma o diretor.
Os trabalhadores que quiserem fazer uma denúncia presencialmente na sede do SMetal, serão acolhidos por diretores, que será devidamente encaminhada aos órgãos responsáveis. Se preferir, o trabalhador pode fazer a denúncia de forma anônima.
Valdeci Henrique da Silva (Verdinho), vice-presidente do SMetal e secretário de saúde da CUT/SP afirma que a saúde da classe trabalhadora é uma das prioridades do movimento sindical. “Estamos atentos a esses números e queremos respostas imediatas das empresas”, conta.
Em abril, o SMetal deve organizar o Fórum de Saúde do Trabalhador. Iara Ruzzinenti, assessora sindical, conta que, em 2023, cipeiros de diversas empresas foram qualificados, dando atenção à politica de saúde defendida pelo SMetal.
Acidentes nas metalúrgicas
Diante da flexibilização das leis trabalhistas, ressalta-se o papel dos trabalhadores para prevenir os acidentes.
Paulo de Oliveira Cordeiro, médico do trabalho do SMetal e ex-coordenador do Cerest, explica que no ambiente metalúrgico a subnotificação é comum.
“No ambiente metalúrgico, como é mais estruturado, as empresas têm serviços de medicina do trabalho, serviços de segurança, e nem tudo é comunicado da forma que deveria ser. Às vezes, quando comparamos os dados entre empresa, sindicato e hospitais, percebemos que há diferença nos números”, destaca.