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Economia

Comitê do Banco Central reduz taxa Selic para 12,75% ao ano

Essa é a segunda queda na taxa básica de juros da economia; Para SMetal, política monetária do BC deve ser guiada por um olhar social e não focada no interesse de rentistas

Caroline Queiróz Tomaz/Imprensa SMetal

Este é o segundo corte realizado pela autoridade monetária em 2023 | Foto: Agência Brasil 

Em reunião realizada na noite da última quarta-feira, 20, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu reduzir a taxa Selic em 0,5 ponto percentual. Agora, a taxa de juros básica da economia brasileira está no patamar de 12,75% ao ano.

Este é o segundo corte realizado pela autoridade monetária em 2023. Em agosto deste ano, os membros do Comitê haviam reduzido a Selic em 0,5 ponto percentual, fazendo com que a taxa fosse de 13,75% ao ano para 13,25%.

A decisão do Copom foi tomada em um cenário social de muita pressão por parte de movimentos sociais, inclusive, do sindicalismo brasileiro. À época, a redução de 0,5 ponto percentual foi considerada insuficiente já que mantinha a Selic em um patamar elevado, enquanto a inflação do país estava controlada.

Em agosto, a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 0,23% e acumula 3,23% em 12 meses. Mesmo com este cenário, de agosto de 2022 até agosto de 2023, o Copom manteve a taxa de juros no patamar dos 13%.

Na leitura do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), o registro da taxa de juros ter sido reduzida duas vezes neste ano é positivo, mas ainda há um longo caminho a percorrer para um cenário verdadeiramente satisfatório e que represente efeitos na vida e no bolso dos trabalhadores.

“Para nós qualquer queda é positiva, mas esperávamos que fosse de uma forma mais agressiva. Isso para que o país possa receber investimentos, gerar mais postos de trabalho e fazer com que a economia tenha um fluxo mais interessante e justo”, analisa Silvio Ferreira, secretário-geral do SMetal,

Entre outros impactos, uma taxa Selic alta resulta no encarecimento do crédito e na desaceleração da economia. Os trabalhadores, diante dos juros altos, não conseguem comprar bens de consumo duráveis, imóveis, automóveis e outros produtos.

Ferreira argumenta que, atualmente, os conselheiros que fazem parte do Copom deliberam em favor de um grupo que o mercado chama de “rentistas”, ou seja, pessoas que vivem de aplicações financeiras ou rendimentos que são recebidos, de forma regular, como consequência de alugueis, investimentos, recebimentos e outros. A economia financeira, praticada pelas instituições como os bancos, também é beneficiada por uma taxa de juros alta mas a massa de assalariados brasileiros sai perdendo.

Ele ressalta que, se nas próximas reuniões do Copom as quedas continuarem em 0,5 ponto percentual, o Brasil terminará o ano com uma taxa de juros na casa dos dois dígitos, enquanto a inflação oficial, medida pelo IPCA, continuará controlada.

“É uma prática dos governos petistas manter o controle inflacionário. Ter uma taxa de juros tão alta só é interessante para os rentistas. Isso acaba atrapalhando investimentos, além de impactar no mercado de trabalho e de consumo”, diz.

Em contrapartida, o órgão não deu sinais de que deve fazer alterações mais profundas na Selic. No comunicado divulgado na noite de ontem, o Copom informou que: “a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto [capacidade ociosa da economia] e do balanço de riscos [para a inflação futura]”.

Neste ano, seis reuniões já foram realizadas pelos conselheiros do Copom que devem se reunir, novamente, daqui a 45 dias para discutir assuntos ligados à autoridade monetária do BC.

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