Chegou a hora de dar início às mobilizações nas fábricas em busca de aumento real nos salários e a manutenção dos direitos.
Foi o que decidiram os dirigentes da Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT (FEM-CUT/SP) e dos sindicatos filiados em encontro sobre a Campanha Salarial 2023, realizado nesta terça-feira, dia 5, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal).
“Na próxima semana, daremos ao processo de intensificação das mobilizações com realização de assembleias e mais discussão na base. É hora de colocar o trabalhador em condição de lutar pelo reajuste, também pelas cláusulas sociais, pela valorização dos pisos e dos tetos e todos os temas de direitos sociais que estão colocados na pauta da Campanha Salarial”, afirmou o presidente da FEM-CUT/SP, Érick Silva.
A data-base dos metalúrgicos é 1º de setembro e, faltando apenas o índice do mês de agosto para fechar a data-base da categoria, as perdas salariais dos trabalhadores com a inflação estão acumuladas em 3,85%. O INPC de agosto será divulgado pelo IBGE na próxima terça-feira, dia 12 de setembro.
“Falta uma semana para a divulgação do INPC e estamos discutindo qual é o índice que iremos defender enquanto aumento real nos salários. Sorocaba é fundamental para que possamos avançar nas nossas lutas e conquistas. Neste ano, temos convenções coletivas para serem discutidas, aumento de salário e precisamos cada vez mais do fortalecimento e da unidade da classe trabalhadora”, enfatizou o secretário-geral do SMetal, Silvio Ferreira.
Análise política e econômica
Além de deliberar sobre os próximos passos da Campanha Salarial 2023, no encontro foi realizado ainda uma análise de conjuntura do Brasil, desde a desconstrução dos direitos da classe trabalhadora até o momento atual, de reorganização na economia e nas políticas sociais brasileiras.
Foi apresentado ainda um compilado de informações e índices econômicos nacionais e do ramo metalúrgico, promovido pelo supervisor do escritório regional São Paulo do Dieese, o economista Fernando Lima.
“A economia brasileira mostra bons sinais. Quando analisamos o mercado de trabalho dos Metalúrgicos da CUT, ele é positivo, com uma inflação controlada e baixa e mais de 88% da categoria conquistando aumento real nas negociações em todo o país”, sintetizou.
Novas rodadas de negociação
No dia 22 de agosto, a FEM-CUT/SP concluiu a primeira rodada de negociações com as bancadas patronais. Apenas o Grupo 10, que abrange prioritariamente micro e pequenas empresas, se recusou, mais uma vez, a negociar a Campanha Salarial com a Federação.
De acordo com o presidente da Federação, Érick Silva, novas rodadas estão sendo agendadas para as próximas semanas. “Creio que vamos avançar nas discussões das cláusulas sociais nas próximas reuniões, as o caminho agora é buscar a unidade e mobilização da categoria, para garantir aumento real nos salários e também possibilitar fecharmos as CCTs com ganhos para os metalúrgicos, especialmente para as companheiras. Vamos seguir firmes nessa luta”, assegura.
Confira abaixo a divisão dos grupos na Campanha Salarial 2023:
SICETEL: trefilação e laminações de metais;
SIESCOMET: esquadrias e construções metálicas;
SINIEM: estamparia de metais;
SINDRATAR: refrigeração, aquecimento e tratamento de ar;
SIFESP: fundição;
GRUPO 10: lâmpadas; equipamentos odontológicos; mecânica; material bélico; entre outros – especialmente pequenas e micro empresas;
AEROESPACIAL: construção de aeronaves, equipamentos gerais aeroespaciais e aero peças;
GRUPO 8.3: SINAFER (ferros, metais e ferramentas), SIAMFESP (artefatos de metais não ferrosos) e SIMEFRE (equipamentos ferroviários e rodoviários);
SINDICEL: condutores elétricos, trefilação e laminação de metais não ferrosos;
GRUPO 2: SINDIMAQ (máquinas e equipamentos) e SINAEES (aparelhos elétricos e eletrônicos);
GRUPO 3: SINDIPEÇAS (autopeças), SINPA (porca e parafusos) e SINDIFORJA
MONTADORAS: Negociações por fábrica. Ex. Toyota negocia individualmente.
Sobre a Campanha Salarial 2023
O tema das negociações deste ano será “A Luta Continua Pela Reconstrução dos Direitos, dos Salários e da Democracia” e os eixos aprovados são: reposição da inflação; aumento real; valorização dos pisos salariais; valorização das Convenções Coletivas de Trabalho; redução de jornada sem redução de salário e redução dos juros.
Em julho, foram protocoladas as pautas nas bancadas patronais. Nos grupos Sicetel, Siescomet, Siniem, Sindratar, Sifesp, Sindifupi, Grupo 10 (Fiesp e Aeroespacial), Grupo 8.3 (Simefre, Sinafer e Siamfesp) e G2 (Sindimaq E Sinaees), a pauta é cheia. Isso significa que serão discutidas as questões econômicas e sociais da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
Nos demais grupos – Sindicel e Grupo 3 (Sindipeças, Sinpa e Sindiforja) – a pauta é parcial, pois as CCTs possuem vigência até agosto de 2024. Por isso, em 2023, estão sendo negociadas somente as cláusulas econômicas, como reajuste no piso, no teto e nos salários.
A FEM-CUT/SP negocia a Campanha Salarial para cerca de 190 mil trabalhadores no Estado de São Paulo. Ao todo, a categoria tem cerca de 211 mil metalúrgicos, contando os trabalhadores das montadoras.