São Paulo – Para o deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), as ações desencadeadas hoje (4) pela operação Lava Jato, lideradas pelo juiz Sérgio Moro, que levou o ex-presidente Lula de maneira coercitiva para prestar depoimento, configuram um golpe de estado. “Não houve uma condução coercitiva. Houve, na verdade, um sequestro.”
“Vamos ser claros e objetivos: há um golpe de estado em curso. Esse foi, até o momento, o passo mais importante do golpe. Esse golpe é perpetrado pelo sistema de Justiça brasileiro, associado aos grandes meios de comunicação”, afirmou Damous, em entrevista nesta manhã à Rádio Brasil Atual.
O deputado diz que a chamada “República de Curitiba”, a mando do juiz Moro, a quem classifica como “obscuro e fascista”, coloca o país, e os seus poderes constituídos, de joelhos.
Wadih Damous, que é advogado e presidiu a seção fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), explica que a condução coercitiva só pode ser aplicada quando alguém que é intimado a depor perante o juiz se rebela e não vai. “Se não for assim, é sequestro. O presidente Lula foi sequestrado pela Polícia Federal a mando do juiz de Curitiba”, alega o deputado.
“O que está acontecendo agora aconteceu em 1964. Dia 13 vai ser algo similar à Marcha da Família, que precedeu o golpe de 1º de abril. Temos que, neste momento, nos lembrar de Getúlio, de João Goulart. O mesmo está acontecendo hoje no Brasil.”
Ele explica que todas essas ações fazem parte de um jogo de pressão comandado pelo “obscuro juiz-celebridade” para que o Supremo Tribunal Federal (STF) fixe em Curitiba a jurisdição para investigar e julgar o ex-presidente Lula.
“Essa questão está no STF. Ele quer forçar o Supremo a decidir que a competência é dele, e não é. O que Atibaia e Guarujá tem a ver com a investigação da Petrobras? O que nós estamos vendo em curso, repito, é um golpe de estado.”
Damous lembra que não vão se deter ao ex-presidente Lula, e que a articulação do golpe visa a atingir a presidenta Dilma e o PT. “Essa é a estratégia golpista do juiz Sérgio Moro, associado ao ministro do STF Gilmar Mendes e aos grandes meios de comunicação.”
Para o deputado, a mobilização da militância progressista e dos movimentos sociais vai ser decisiva para deter o golpe. “Isso se barra nas ruas. Não podemos ficar de braços cruzados. Não podemos fazer como em 1964, que, perplexos, se assistiu à perpetração de um golpe de estado. O que está em curso, no país, não podemos nos cansar de enfatizar, é um golpe de estado. Não mais no modelo tradicional, com as Forças Armadas, com canhões e baionetas, mas com a aparência de legalidade, levada a cabo pelo sistema judiciário brasileiro, liderado por um juiz fascista”, diz Wadih Damous.