Tendo a família como referência de luta e empoderamento, a arte-educadora Denise Teófilo, 22 anos, atua em dois projetos que lidam com as questões racial e de gênero.
“Quando não se tem acesso às informações ou à construção histórica fica difícil conseguir se empoderar e se identificar”. Por isso, um dos projetos, o Adeola, em parceria com Raisa Carvalho, trabalha com a ‘afrobetização’ de crianças pautada nas relações raciais, gênero, cultura e arte.
“Nós fazemos uma performance. A gente viaja pelo tempo como duas princesas guerreiras e nessa viagem contamos sobre os povos africanos desde a Pangéia até os dias atuais, contextualizando e desconstruindo questões como o racismo e o machismo”, conta Denise.
Outro projeto é o Muta Mundi, desenvolvido com outras duas companheiras, capacitam empreendedoras na periferia de Sorocaba por meio da iniciativa ‘Ela Muta Nova Esperança’, com 30 mulheres. “Elas participam de ações para ao fim do ciclo gerar renda, trabalho e para que consigam se fortalecer nessa rede feminina dentro do bairro”, conta Denise.
Apesar de agressões às mulheres e negras como as que aconteceram na quarta-feira, 18, em Brasília, durante a Marcha das Mulheres Negras e do racismo descarado, principalmente, nas redes sociais, Denise acredita que está se formando uma nova composição social, com boas perspectivas no horizonte.
Ela acredita nos jovens para fazer a desconstrução social dos preconceitos. “Acredito muito no potencial da juventude para fazer a transformação do Brasil”.
E caminho não falta para trilhar nessa luta contra o retrocesso a própria Denise lembra que o número de mulheres negras mortas aumentou consideravelmente em 10 anos e apesar da população brasileira ser 50% negra há apenas 8% de afrodescendentes nas universidades públicas federais.
Referência
Por esses dados e pela trajetória do movimento negro a arte-educadora se inspira e se orgulha da trajetória de sua mãe, Lúcia Maria, 51 anos, que trabalhou vários anos como camelô no centro da cidade e hoje, cursa o terceiro ano do curso de engenharia florestal do campus Sorocaba da Universidade Federal São Carlos (UFSCar). “Eu me orgulho em ver minha mãe feliz e empoderada, com suas três filhas nessa resistência”.
Confira alguns eventos do Dia da Consciência Negra
. Nesta sexta-feira, 20, a partir das 9h, acontece um ato público na Igreja de João de Camargo – a Capela Senhor do Bonfim – para marcar a comemoração do Dia da Consciência Negra em Sorocaba. A programação conta com culto ecumênico e atrações artísticas ligadas à cultura afrodescendente. O evento será aberto ao público. A Capela de João de Camargo está localizada na Avenida Barão de Tatuí, 1.083, no Vergueiro.
. Das 11h às 22h, acontece a Feira Crespa – Comunidade de Representantes e Empreendedores da Sorocaba Preta, no Parque dos Espanhóis. O evento em comemoração ao Dia da Consciência Negra terá diversas atividades gratuitas, como shows, desfile de moda, exposição artística, oficina de turbante e apresentações de dança. A principal atração será o show gratuito da Comunidade Samba da Vela, a partir das 21h, que encerrará a festa.
. ‘Batalha da Consciência Negra’, em parceria com o SMetal, a partir das 15h. O evento conta com shows, roda de rap, sarau de RAPoesia, entre outras atrações. A entrada é gratuita. O Sindicato fica na rua Julio Hanser, 140, próximo da rodoviária.
Confira abaixo trechos da entrevista com a arte-educadora Denise Teófilo: