Na última quarta-feira, dia 22, o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) fez assembleia com os trabalhadores da Edscha, para denunciar os acidentes de trabalho que vem prejudicando a vida dos trabalhadores.
“Trabalhar não significa deixar parte de você na fábrica. Existem normas, regras e leis que fazem com que toda e qualquer empresa faça a adequação para que nenhum trabalhador se acidente”, ressaltou na porta da fábrica o secretário de administração e finanças do SMetal, Tiago Almeida do Nascimento.
O dirigente lembrou que em abril deste ano uma trabalhadora perdeu o couro cabeludo em acidente na fábrica e, o mais recente, no dia 6 deste mês, quando uma das mãos do metalúrgico Robson Nucci, de 41 anos, foi esmagada na máquina em que trabalhava. Ele teve necrose no dedo médio, além de sofrer ferimentos na mão e punho.
Ao SMetal, Robson contou que estava colocando a peça na fresa e teve um momento em que a peça ficou torta. “Quando isso acontece, a gente coloca a mão na cortina e ela abre a máquina e ela para e sobe. Mas, quando eu estava arrumando, desceu o mandril, aí eu apertei o botão de emergência”, disse.
Para o diretor do SMetal, “é obrigação da empresa garantir a integridade física para cada um dos seus trabalhadores. Ninguém pode dizer: isso não vai acontecer comigo, não em uma empresa onde, em poucos meses, ocorrem dois acidente mutilando trabalhador”, destacou Tiago aos trabalhadores.
Ele disse ainda que a empresa tem uma semana para entrar em contato com o Sindicato para começar a articulação de uma visita ambiental, além de realizar mudanças para garantir a saúde e segurança do trabalhador.
A intenção do SMetal é discutir com a empresa as cláusulas e as normas da NR 12. “Nós queremos zerar os acidentes de trabalho não somente aqui na Edscha, como em toda a categoria. Mas aqui, onde uma trabalhadora perdeu parte do couro cabeludo e um trabalhador pode ter parte do dedo amputado nos próximos dias, para nós é muito grave”.
Como intuito de avançar nos pontos de segurança do trabalhador, Tiago alertou: “se ocorrer mais um acidente nesta empresa, o caminhão do sindicato estará aqui para mobilizar toda a fábrica a parar de produzir até que a empresa garanta a integridade física dos trabalhadores”.
Campanha por direitos
Durante a assembleia, os metalúrgicos também foram informados de que a categoria está em Campanha Salarial e, mais do que reajustar os salários dos trabalhadores, é quando se negocia a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
“Convenção é aquele documento que você pode baixar gratuitamente no site do Sindicato. Vocês aqui são do Grupo 3, setor de autopeças, que tem lá todos os benefícios que são acordados, a nível estadual, entre Sindicato e empresa. Vai da obrigação de ter água potável no trabalho à estabilidade de emprego para quem sofre um acidente de trabalho”, explicou Tiago.
Na Campanha Salarial do ano passado, mais do que querer garantir novos direitos e trazer mais benefícios aos trabalhadores, toda a categoria passou a Campanha Salarial inteira praticamente tentando evitar que a Reforma Trabalhista fosse aplicada.
O Sindicato conquistou a cláusula de barreira para impedir isso, a salvaguarda. “As empresas tiveram que assinar essa cláusula impedindo que a reforma fosse aplicada e qualquer mudança que fossem fazer teriam que negociação com o Sindicato”, lembrou.
“Este ano será tão difícil quanto 2017”, afirmou o dirigente. “Além de querer colocar a Reforma Trabalhista na pauta da negociação, os sindicatos patronais do G3 querem retirar 55 itens da Convenção Coletiva de Trabalho. Ou seja, menos direitos. Não é retirando direito de trabalhador que empresa alguma sai da crise”.
E completou: “pra mim aqui não tem crise, fábrica que compra outra fábrica tem dinheiro. E não é tirando direito de trabalhador que vai economizar”.
Tiago lembrou ainda que o Sindicato, além das assembleias nas portas das fábricas, também informa o trabalhador por meio da Folha Metalúrgica, do portal de notícias na internet e da página do Facebook.
“Temos, inclusive, um canal de denúncia no site para, caso haja alguma irregularidade, o trabalhador se manifeste de forma sigilosa. Se a máquina não estiver em boas condições, não trabalhe! Denuncie para um diretor do Sindicato ou envie denúncia pelo Portal SMetal”, finalizou.