A empresa tinha 600 funcionários em Sorocaba antes da crise, mas atualmente o quadro é de 500 trabalhadores
O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (Smetal) deve entrar, hoje, com uma ação contra a Jaraguá Equipamentos Industriais por conta do atraso no depósito do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) dos funcionários. A empresa pediu recuperação judicial no último mês e afirma passar por dificuldades no setor de óleo e gás, o que tem prejudicado o pagamento de credores. Fundada em Sorocaba, em 1957, a Jaraguá tem ganho destaque no noticiário nacional nos últimos meses. A planta da empresa localizada em Itapevi foi fechada e o receio do Smetal é de que o mesmo ocorra com a unidade de Sorocaba.
A aparição da Jaraguá Equipamentos no noticiário nacional, nos últimos meses, tem ocorrido por dois motivos. Na primeira, a empresa é citada em reportagem da revista Época em um suposto esquema de pagamento de propina derivada de contratos feitos com a Petrobras. Outro problema levou o nome da Jaraguá a aparecer no jornal Valor Econômico. Desta vez, por conta do pedido de recuperação judicial feito em junho. De acordo com a reportagem, a empresa alega que dificuldades no setor de óleo e gás e uma margem de lucro muito curta resultaram em problemas em seu fluxo de caixa. A estimativa é de que o volume de dívidas da empresa seja da ordem de R$ 500 milhões, metade do faturamento da empresa ao longo de 2013.
Problemas de gestão
Para o presidente do Smetal, Ademilson Terto, os problemas da Jaraguá são preocupantes, uma vez que ela emprega cerca de 500 funcionários na unidade de Sorocaba. “Essa situação é consequência da gestão que a Jaraguá teve, não é o setor”, diz. Segundo ele, no intuito de crescer, a empresa adquiriu demais e sem planejamento, ficando imersa em dívidas. “E aí tem o fato de que essa situação vai impactar diretamente nos trabalhadores”, avalia.
Os problemas de gestão apontados por Terto resultaram na perda de contratos com clientes, sendo o principal deles a Petrobras. “Ela fez um projeto que orçou para a Petrobras por “x” e, no final, era três vezes mais caro”, destaca. Por conta disso, a Jaraguá pediu a readequação do contrato, algo que foi rejeitado pela Petrobras.
Demissões
A Jaraguá contava com 600 funcionários na planta de Sorocaba antes da crise. Porém, de acordo com o presidente do Smetal, esse número caiu para 500 nos últimos meses. Terto ressalta que, pouco a pouco, os empregados têm sido demitidos pela empresa. “Isso nos preocupa bastante e, antes que o restante seja demitido, vamos fazer visitas importantes para contribuir que ela saia dessa situação”, diz.
A empresa também não deposita as parcelas do FGTS de seus funcionários há mais de um ano, esclarece Terto. Por conta disso, o Smetal entrará com ação judicial, hoje, contra a empresa. Outra questão que pode gerar nova ação do sindicato é o atraso frequente no salário dos colaboradores. “Se ela continuar atrasando vale e pagamento, vai caber ação de rescisão indireta, porque, quando atrasa essas coisas, ela está caminhando para uma falência, para um cenário pior.”
Terto afirma que o sindicato tem se colocado à disposição da Jaraguá com o objetivo de negociar soluções com credores e clientes. “Vamos a Brasília ou à sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, chamaremos os sindicatos. Tudo o que a gente quer é recuperar a Jaraguá, porque a empresa tem grande importancia aqui em Sorocaba e não podemos assistir a essa situação”, explica. No entanto, ele reitera que a empresa também precisa se movimentar para reverter este cenário. O presidente conta que o Smetal deve se reunir com os representantes da Jaraguá, de modo que seja feito um diagnóstico dos problemas a serem enfrentados.
O Cruzeiro do Sul fez contato com a Jaraguá nas duas últimas semanas para que se pronunciasse sobre a situação financeira e o futuro da unidade de Sorocaba. No fim desta semana, a assessoria da Jaraguá informou que deverá realizar reuniões com o sindicato dos metalúrgicos e, posteriormente, forneceria informações sobre estes assuntos.
