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“Sindicato Cidadão” comemora 20 anos de conquistas

A ideia, então inovadora no Brasil, começou a ser aplicada no interior paulista a partir do dia 24 de setembro de 92, data da posse da Chapa 1, encabeçada pelo metalúrgico Carlos Roberto de Gáspari

Imprensa SMetal
Paulo de Andrade/Imprensa SMetal
Ao longo dos últimos 20 anos, a

Ao longo dos últimos 20 anos, a

Na semana passada, o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região, filiado à CUT, comemorou vinte anos da implantação do conceito de “Sindicato Cidadão”. A ideia, então inovadora no Brasil, começou a ser aplicada no interior paulista a partir do dia 24 de setembro de 1992, data da posse da vitoriosa Chapa 1, encabeçada pelo metalúrgico Carlos Roberto de Gáspari.

“O Sindicato Cidadão é um conceito que entende que a atuação do sindicato não deve ficar restrita apenas nas questões da fábrica, mas ir além, na sociedade, pelos direitos à cidadania como emprego, saúde, educação, habitação, cultura entre outros”, explica o ex-presidente do Sindicato.

Antes mesmo da eleição, realizada no dia 24 de setembro daquele ano – vencida pela diferença de 571 votos -, os metalúrgicos da Chapa 1 já defendiam durante a campanha a noção de “cultura e o lazer como forma de resgate da cidadania”.

Gáspari lembra que o início da década de noventa foi um período caracterizado pelo “auge de demissões”, pois as políticas governamentais apostavam erroneamente na recessão como saída para combater a inflação.

O sindicalismo cidadão, já em sua origem, também incluía o incentivo à participação política dos trabalhadores. Esse princípio também implicava apoiar publicamente a eleição de representantes da classe trabalhadora para atuar nos poderes executivo e legislativo.

Essa participação cidadã ajudou a eleger parlamentares saídos do quadro de diretores do Sindicato, como o deputado estadual Hamilton Pereira, o ex-vereador Arnô Pereira e o atual vereador Izídio de Brito. Além das candidaturas locais, as lideranças metalúrgicas também apoiaram abertamente a eleição de representantes em âmbito nacional, como Lula e Dilma Rousseff.

Conquistas sociais

Ao longo dos últimos 20 anos, a “alma” do Sindicato Cidadão esteve presente em uma série de conquistas sociais para a região como a campanha Natal sem Fome; o Banco de Alimentos de Sorocaba, que atende mais de 100 instituições filantrópicas; o Centro de Estudos e Apoio ao Desenvolvimento, Emprego e Cidadania (Ceadec); o Fórum de Desenvolvimento Regional, Programa de Alfabetização de Adultos, Movimento pela Qualificação do Trabalhador, Espaço Cultural, entre outros.

Mais recentemente, junto ao mandato do vereador metalúrgico, Izídio de Brito (PT), o Sindicato liderou uma grande campanha de mobilização para coleta de assinaturas para um projeto de lei de iniciativa popular, em prol da construção de um hospital público municipal.

“Creio que esse tenha sido um dos exemplos mais significativos do conceito de Sindicato Cidadão. Afinal, a construção do hospital não será uma conquista apenas dos metalúrgicos, mas de suas famílias e de toda a sociedade”, comenta o também ex-presidente do Sindicato.

Sede de cultura

Gáspari também recorda que em Sorocaba o Sindicato já desempenhou o histórico papel de “pólo de resistência cultural”. “Quando o Fórum Velho (local que recebia atividades culturais) havia sido fechado, o prédio do Sindicato, que ficava na rua da Penha, assumiu o papel de abrigar os artistas da nossa região”, destaca.

Além de apoiar eventos e iniciativas artísticas e culturais, o Sindicato atua como parceiro de algumas entidades de destaque como a ONG Grupo Imagem Núcleo de Fotografia e Vídeo de Sorocaba. “Já o Rock dos Metalúrgicos, por exemplo, é um evento cultural promovido pelo sindicato que já está em sua sétima edição. Este ano ele foi realizado no Parque dos Espanhóis, na Vila Assis, e reuniu centenas de famílias”, comenta Ademilson Terto da Silva, atual presidente do Sindicato.

Avaliação e desafios

Atualmente diversos sindicatos do país já acolheram a política de Sindicato Cidadão e promovem experiências semelhantes às aplicadas na região de Sorocaba. “Sem dúvida foi um modelo pioneiro”, resume Gáspari.

No entanto, o ex-dirigente sindical sabe que, apesar dos avanços do país conquistados ao longo dos últimos anos – dentro e fora da fábrica -, alguns desafios são permanentes e dependem de luta diária. “Nós não podemos em hipótese alguma achar que o trabalhador tenha duas vidas, uma dentro do local de trabalho e outra fora. Afinal, não adianta nada ele [trabalhador] estar numa empresa, ter um carro, um convênio médico, e, ao mesmo tempo, seus filhos, irmãos, sobrinhos ou netos não tiverem boa condição de vida na sociedade”, finaliza Gáspari.

Carlos Roberto de Gáspari

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