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Editorial

Se for para gritar que seja por direitos

No editorial da Folha Metalúrgica, confira reflexão sobre a violência no Brasil e no mundo e mobilizações, como a Parada LGBT em São Paulo, que buscou discutir a liberdade religiosa e o Estado laico

Imprensa SMetal
Marcello Casal/Agência Brasil
O tema da 21ª Parada LGBT de São Paulo deste ano do desfile foi “Independente de nossas crenças, nenhuma religião é lei. Todas e todos por um estado laico”.

O tema da 21ª Parada LGBT de São Paulo deste ano do desfile foi “Independente de nossas crenças, nenhuma religião é lei. Todas e todos por um estado laico”.

A incitação à violência, xingamentos e outras manifestações de preconceito não estão restritas aos estádios de futebol e também não deveria fazer parte desse espaço de lazer esportivo.

Os gritos de intolerância repercutem pelo mundo afora, causando destruições por onde passam. São vidas humilhadas, são tragédias anunciadas como em casos de fanatismo religioso.

Quantas guerras já foram realizadas e ainda fazem jorrar sangue por uma defesa intransigente de uma ideologia, de uma crença?

Em Londres, fiéis que saíam de uma mesquita foram atropelados nesta segunda-feira, dia 19, em um possível atentado terrorista. No dia 3 de junho, outro atentado já havia atropelado pessoas na Ponte de Londres e ainda três homens desceram da van e esfaquearam pedestres. Em março, um britânico jogou um carro matando quatro pessoas na Ponte de Westminster.

Pânico nos centros urbanos e não somente nos da Europa. O que dizer dos países que vivem sobre constantes ataques? Como o Afeganistão e Síria? Junto à intolerância religiosa se junta instabilidade política e ganância. Está pronta a receita para o caos.

Mas todo mundo diz querer a paz. Governos fazem marketing com isso. Usuários de redes sociais promulgam seus ideais. Mas quantos realmente colaboram no seu dia a dia para uma convivência amistosa, sem extremismos?

Eventos como a 21ª Parada do Orgulho LGBT, de São Paulo, que reuniu 3 milhões de pessoas são fundamentais para evidenciar a necessidade do respeito ao próximo.

O tema deste ano do desfile foi “Independente de nossas crenças, nenhuma religião é lei. Todas e todos por um estado laico”.

Ninguém vive numa bolha, os militantes de São Paulo que realizaram e participaram do desfile LGBT, chamam a atenção para o respeito às diferenças. No desfile da capital houve críticas ao fundamentalismo religioso e ao conservadorismo mundial.

A vida não tá fácil para ninguém, se cada um parar de agredir o outro com hostilidades e perseguições já é um bom passo para a construção da cidadania, essa ainda desconhecida.

O aperfeiçoamento da tolerância às diferenças é indispensável para o sistema democrático.

Há tanta luta digna para se engajar, principalmente no atual contexto brasileiro, com os ataques violentos do ranço mais conservador contra a classe trabalhadora.

Há um desmonte do Estado ocorrendo, com retirada de direitos trabalhistas e sociais, e isso está em consonância com as intolerâncias que provocam perseguições e tragédias. Um governo ilegítimo que vê trabalhador como escravo, não o vê como ser digno e livre para escolher sua própria religião ou sua orientação sexual porque, obviamente, não tolera liberdade e pluralismo.

O brado pela democracia é mundial. Mas o que podemos fazer pela nossa casa, o Brasil, onde as bancadas da bala, do agronegócio e a parte mais conservadora da bancada religiosa, no Congresso Nacional, ameaçam e matam?

Não compactuar e não reproduzir o ódio, a violência e o rancor conservador já é um bom começo. A luta que agrega é muito melhor que a luta que extermina.

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