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Saúde

Psicóloga da ‘cura gay’ tem cargo sem concurso em gabinete de deputado do DEM

Questionado sobre a função de Rozangela em seu gabinete, o deputado Sóstenes Cavalcante afirma que ela é assessora do mandato “para vários assuntos”

Revista Fórum
Reprodução
Rozangela ocupa um cargo de natureza especial, que dispensa concurso público para efetivação.

Rozangela ocupa um cargo de natureza especial, que dispensa concurso público para efetivação.

A psicóloga Rozangela Alves Justino, conhecida por dizer que faz terapias de reversão sexual, a chamada “cura gay”, a mesma que conseguiu na última sexta-feira (15) a liminar que assegura a manutenção dos seus “tratamentos”, possui desde junho de 2016 um cargo no gabinete do deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) na Câmara. O parlamentar, que está em seu primeiro mandato no Congresso, é apadrinhado pelo líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, pastor Silas Malafaia.

Rozangela ocupa um cargo de natureza especial, que dispensa concurso público para efetivação. Com uma remuneração de R$ 3.346,34 em agosto, a psicóloga é vinculada à Liderança do Democratas na Câmara e está lotada no gabinete de Sóstenes. Na Casa, ela já foi vista este ano participando de um culto evangélico.

A psicóloga entrou com a ação na Justiça Federal este ano contra a resolução 01/1999 do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que estabelece algumas regras de atuação em relação à orientação sexual. O documento afirma, por exemplo, que os profissionais “não devem exercer qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados”.

A liminar concedida pelo juiz Waldemar Cláudio de Carvalho gerou forte reação negativa. O CFP já anunciou que irá recorrer da decisão.

Assessora para “vários assuntos”

Procurado nesta terça (19) por The Intercept Brasil, o deputado Sóstenes afirmou que não entende a questão da homossexualidade como uma enfermidade. “Eu nunca entendi a questão do homossexualismo (sic) como enfermidade. No meu critério, é uma opção e deve ser respeitada por quem quer que seja”, afirmou.

Questionado sobre a função de Rozangela em seu gabinete em Brasília, o congressista afirma que ela é assessora do mandato “para vários assuntos”. Sóstenes negou que seu gabinete tenha patrocinado ou possua alguma relação com a ação popular protocolada pela psicóloga. “Ela é uma cidadã, psicóloga, teve o registro suspenso, e tem todo o direito de tomar as medidas judiciais cabíveis como qualquer cidadão brasileiro”, defendeu.

Sóstenes Cavalcante é pastor da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, liderada por Silas Malafaia, e atuou por cinco anos como diretor de eventos de uma associação ligada à congregação. Em seu site, diz que o principal objetivo de seu mandato é a “defesa à vida e aos interesses da família”. “Comigo Deus tem tratos específicos de tempos em tempos para cumprir determinadas missões”, destaca o parlamentar em seu perfil.

Uma das missões recentes de Sóstenes, aliás, foi se manifestar contra a exposição “Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira”, realizada em Porto Alegre, que tratava de temas ligados ao universo LGBT. A mostra foi cancelada após protestos de grupos conservadores.

Apoio ao MBL

O deputado gravou um vídeo sobre o tema, publicado no Twitter com o título “Em defesa da família e dos valores morais”, em que afirma que “políticos esquerdistas defenderam essa aberração”. O Movimento Brasil Livre (MBL) também publicou um vídeo em sua página no Facebook em que Sóstenes dá apoio à postura do grupo em relação à exposição.

Em novembro ao ano passado, o parlamentar já havia se aliado a um dos principais líderes do MBL, o vereador Fernando Holiday, de São Paulo, para combater a ocupação de campi do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, por estudantes que pediam melhorias no ensino público. Os dois chegaram a visitar uma unidade juntos.

Rozangela Justino não foi vista nesta terça no Congresso para comentar a decisão, apesar do gabinete do deputado Sóstenes afirmar que ela estava trabalhando na Câmara. Em contato por telefone, ela pediu que perguntas fossem enviadas pelo Whatsapp, mas não respondeu.

*Com informações do The Intercept Brasil

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