O Golpe Militar de 1964 instaurou no Brasil uma forte censura, intensificada por meio dos Atos Institucionais (AIs), criados para aumentar a repressão do Estado contra a população ou qualquer manifestação contrária ao governo imposto no país. Não demorou para a música – enquanto manifestação artístico-cultural de forte teor político – estar entre os principais alvos da censura. Mas nem isso calava a voz dos artistas.
Nesse período as músicas foram censuradas, tendo sido compostas ou não com o objetivo de protestar, tanto por motivos políticos como por motivos de ordem moral – ou até mesmo por despreparo dos censores. Já na década de 1980, período em que começou a redemocratização, surgiram bandas que fizeram muitas canções com letras de protesto contra a ditadura militar, escancarando o descontentamento com o sistema vigente. Esse movimento ficou conhecido como RockBrasil. Estávamos praticamente no final do regime ditatorial, e o Brasil caminhava para a abertura democrática, a campanha Diretas Já, a eleição indireta de Tancredo Neves e sua morte, a posse de José Sarney e o Plano Cruzado.
Como parte das “descomemorações” do cinquentenário do Golpe Militar de 1964, Pode ouvir! 50 canções ContraGolpe tem o objetivo de apresentar ao público 50 canções produzidas nesse contexto disponíveis no acervo da Discoteca Oneyda Alvarenga do CCSP, além de um programa em áudio com músicas consideradas “hinos” contra a ditadura e uma entrevista com o compositor Odair José. A seleção do acervo da Discoteca, que se divide em três recortes – Política (canções censuradas por motivos declaradamente políticos), Moral (Canções censuradas por motivos morais) e Redemocratização (Canções de protesto produzidas na década de 1980) -, poderá ser ouvida também nos Paradas Sonoras, espalhados pelos espaços do Centro Cultural.