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Para não cair na armadilha do consumo

Economista da subsede do Dieese do SMetal, Fernando Lima, alerta que para organizar a vida financeira é preciso deixar o imediatismo de lado

Imprensa SMetal
Divulgação

‘Um gasto desnecessário é um desrespeito com o seu próprio trabalho’, afirma o economista Fernando Lima

Diante de tantas inaugurações de lojas e grandes centros de compras, no final do ano passado, em Sorocaba, como fica o bolso do consumidor? Será que resiste às propagandas consumistas? Ou será que a renda do trabalhador está comprometida?

Para o economista da subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) do SMetal, Fernando Lima, estamos em uma sociedade do “ter e não do ser”; e isso sinaliza o rumo da economia brasileira.

“Os desejos das famílias nem sempre correspondem à situação financeira dela”, explica Lima. Ele afirma que o importante é traçar as prioridades e põe em xeque a “necessidade” de se ter uma roupa de marca, um carro zero. “Essa condução da vida acaba se tornando um modelo insustentável”.

Por outro lado, ele garante que “o consumidor esperto vai desfrutar dessa concorrência”, se souber colocar em prática a pesquisa de preços.

“Quanto você está disposto a gastar pela sua ansiedade?”

A oferta de cartões de crédito cresce à medida da expansão da concorrência. Você pode ter um cartão da megaloja x e do supermercado y, além do cartão do seu banco. E é preciso ter muita disciplina para não cair na tentação de gastar até os limites e enforcar a renda mensal.

Lima comenta que é situação comum, na classe trabalhadora, viver “no vermelho”, fazendo malabarismos para saldar dívidas acumuladas todo o mês. “Muitas vezes, o trabalhador utiliza o cheque especial como se fosse um dinheiro disponível em sua conta e não presta atenção na taxa de juros”, exemplifica.

O correto, segundo ele, é não comprometer mais do que 30% do orçamento com dívidas. Mesmo assim, explica Lima, “se a pessoa estiver pagando o financiamento de sua casa, tem que se considerar mais 30% do orçamento, isso se não estiver pagando também parcelas do carro. Então, é muito fácil cair na armadilha do endividamento”.

Como sair?

Uma das soluções apontadas por Lima para se sair do vermelho é ter um caderninho à mão para marcar todas as despesas e sentar com a família para se eleger o que é prioritário. “Pensar se há desperdício, planejar tudo colocando no papel”. Essa é uma ferramenta poderosa para se visualizar os desvios do orçamento.

O economista ressalta que, com a correria do dia a dia, a pessoa muitas vezes não reserva um tempo para sentar e organizar sua vida financeira doméstica e “isso faz um estrago tremendo”. Ele pondera que “um gasto desnecessário é um desrespeito com o seu próprio trabalho”.

DICAS

– Incorporar ao dia a dia o hábito da pesquisa de preços
– Passar a observar as taxas de juros
– Nunca procurar agiotas; se está com nome sujo e não consegue mais empréstimo consignado ou outro qualquer, procurar as empresas e tentar renegociação das dívidas
– Refletir se realmente precisa pegar o crédito consignado oferecido pelo banco da empresa onde trabalha
– Passar a poupar 10% da renda mensal para qualquer eventualidade ou para um planejamento a longo prazo na melhora na qualidade de vida
– Não gastar de uma só vez remunerações extras, como a participação nos resultados (PLR), sem planejamento.

Fernando Lima é economista do Dieese Subseção SMetal Sorocaba (Foto: Foguinho/Aquivo Imprensa SMetal)

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