A palestra do Frei Betto acontece nesta sexta-feira, dia 4, na sede do SMetal, em Sorocaba
No artigo intitulado ‘Marighella”, publicado no jornal Estado de São Paulo, em 20 de outubro de 1999, Frei Betto destacou que “não se forma uma geração sadia sem utopias e figuras paradigmáticas altruístas”.
O frei dominicano vem a Sorocaba nesta sexta-feira, dia 4, para falar sobre os conflitos decorrentes de uma sociedade consumista, em palestra gratuita no SMetal.
Ele é uma dessas pessoas altruístas de que a sociedade precisa. Um intelectual e militante que coloca em prática a teoria por uma sociedade melhor, mais digna. À sua frente Frei Betto tem a utopia de que uma outra sociedade é possível. Uma sociedade menos individualista.
Esse é o paradigma que ele abraça e que sempre aborda em suas palavras, em mais de seus 60 livros, sem temer os conflitos decorrentes de atitudes que contradizem os antivalores da sociedade consumista e individualista em que vivemos.
Falar sobre as diferenças entre o ‘cidadão’ e o ‘consumista’ é refletir sobre o modo como as pessoas se relacionam com a cozinheira, a faxineira, o porteiro do prédio, o manobrista, o camelô do semáforo ou a criança que encosta o rosto na janela do carro.
O tema tem tudo a ver também com o olhar que o branco dispensa ao outro por aquilo que ele, branco, tem a seu alcance, como carro, telefone e aparelhos eletrônicos.
O poeta Carlos Drummond retratou um pouco dessa questão com o ‘Eu, etiqueta’, no qual ele diz sobre os nomes grudados na roupa, que são as marcas que o fazem de “homem-anúncio itinerante, escravo da matéria anunciada”.
O individualismo/consumismo impede a sociedade de ir além dos muros invisíveis ou não da ignorância. Impede o pensar na coletividade, em projetos que favorecem o povo e não apenas um pequeno cercado eleitoral.
Todo mundo quer a mudança da sociedade. Todo mundo reclama que do jeito que está não pode ficar. Mas e o próximo passo para essa mudança? O economista Marcio Pochmann em palestra realizada no Sindicato, também como parte do ciclo de formação, destacou a importância de se construir uma utopia.
O que isso significa? É pensar no futuro, na nova configuração dos trabalhadores. O poder de consumo aumentou significativamente em 12 anos, mas e a consciência política, sustentável?
O próprio Frei Betto define: “o capitalismo é irmão gêmeo do individualismo. Ao exaltar como valores a competição, a riqueza pessoal, o acúmulo de posses, interioriza em nós ambições que nos afastam do esforço coletivo de conquista de direitos para nos mergulhar na ilusão pessoal de que, um dia, também galgaremos, como alpinistas sociais, o pico da fortuna e do sucesso”.
A palestra é gratuita e é um bom estopim para a reflexão das mudanças que precisamos fazer em nós primeiro e as que queremos para a sociedade.
