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Mais de 30 mil se reúnem em defesa da democracia

A convocação de Lula para depor ao juiz Sérgio Moro, reuniu mais de 30 mil pessoas em Curitiba na quarta-feira, dia 10, para garantir que o ex-presidente não fosse submetido a condições humilhantes

Imprensa SMetal
Gabriela Guedes/Imprensa SMetal
Concentração: Impedidos de chegar perto da sede da Justiça Federal, manifestantes se concentraram na Praça Santos Andrade para prestar solidariedade a Lula

Concentração: Impedidos de chegar perto da sede da Justiça Federal, manifestantes se concentraram na Praça Santos Andrade para prestar solidariedade a Lula

A convocação de Lula para depor ao juiz Sérgio Moro, na capital paranaense, reuniu mais de 30 mil pessoas na praça Santos Andrade, em frente à Universidade do Paraná, nesta quarta-feira, dia 10; para garantir que o ex-presidente não fosse submetido a condições humilhantes, como aconteceu na chamada “condução coercitiva” imposta pelo juiz ano passado.

A multidão que acompanhava de longe o depoimento, realizado na sede da Justiça Federal e sem filmagem independente, por ordem de Moro; era formada por pessoas de todas as idades, etnias e categorias profissionais. Caravanas de várias partes do país desembarcaram no local.

Nem mesmo a chuva que caiu à tarde fez a multidão dispersar; e até o início da noite milhares de pessoas continuavam na praça à espera da chegada de Lula ao local.

Apesar do forte esquema policial, nenhuma ocorrência grave havia sido registrada até às 19h. A imprensa golpista tentou criar notícias a partir da apreensão de utensílios de um acampamento montado em outro local da cidade, mas não houve a repercussão esperada.

A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CUT) convocou dirigentes de sindicatos ligados à entidade para participarem da manifestação. Vários metalúrgicos de Sorocaba estiveram presentes, inclusive o presidente eleito Leandro Soares, que tomará posse do cargo no dia 24 deste mês.

Confira mais fotos no final da matéria.

Entenda os motivos do depoimento em Curitiba

Apesar de todo o circo criado pela mídia, com incentivo do juiz Sérgio Moro, os assuntos do depoimento do ex-presidente Lula em Curitiba nesta quarta-feira, dia 10, eram relativamente banais.

Lula foi questionado sobre a preservação e o transporte das lembranças e homenagens que ganhou quando exercia o cargo de presidente da República (2003 a 2011). O outro assunto foi a novela que a direita repete há mais de três anos: o apartamento no Guarujá que, supostamente, seria de Lula.

A maior parte da imprensa governista deu destaque à novela do Guarujá, que tem mais audiência e apelo sensacionalista. A questão do transporte do acervo presidencial vem sendo pouco divulgada, mas é ela quem dá a dimensão melhor do quanto o depoimento em Curitiba foi forçado.

Todo presidente, no exercício do cargo, recebe presentes e homenagens ganhas no próprio país e também do exterior. Existe há décadas um departamento específico na Presidência da República para cuidar desse acervo que, em parte pertence à União e em parte é de propriedade do presidente que recebeu a gentileza, que pode vir de populares ou de chefes de estado.

O valor do acervo é muito mais histórico e cultural do que monetário. Alguns presentes requerem conservação especial: quadros, obras feitas com materiais frágeis, edições históricas de livros, etc. Outros são cartas, materiais audiovisuais, peças de artesanato de várias regiões do país e do exterior, entre outras.

Rotina da Presidência

Quando termina o mandato presidencial, os profissionais responsáveis separam os presentes destinados à União ou à Instituição Presidência da República daqueles que são direcionados à pessoa do presidente da República.

Os presentes pessoais do presidente, embora sejam de interesse público devido ao seu valor histórico, passam a ser responsabilidade de quem deixa o cargo. Esse acervo pessoal deve ser retirado imediatamente do Palácio do Planalto ou qualquer outros espaço oficial da Presidência.

O governo Lula seguiu à risca o procedimento padrão. Foi contratada uma tradicional empresa do ramo, a Granero, para cuidar da conservação e manuseio do acervo. No fim do mandato, essa mesma empresa cuidou do transporte da parte do acervo particular do presidente de Brasília para São Bernardo do Campo.

Sempre foi assim. Mas só com Lula isso passou a ser assunto de Justiça Federal.

Tanto o dono da Granero, Emerson Granero; quanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) já foram ouvidos por Moro e prestaram depoimentos favoráveis a Lula. FHC falou com o juiz por videoconferência. Lula teve que ir pessoalmente.

História mirabolante

O assunto está sendo prolongado porque os opositores de Lula criaram um cenário mirabolante onde a empreiteira OAS teria pago para a Granero o transporte do acervo como contrapartida ao contrato que tinha com a Petrobras.

Quanto ao apartamento no Guarujá, Lula repetiu que não é dele, nem nunca foi. Não há nenhuma prova de que um dia sequer tenha sido do ex-presidente. Moro sustenta o caso com base numa superficial “delação premiada” de um ex-presidente da OAS, interessado em diminuir sua pena.

Quem mais provocou o clima de confronto na capital paranaense foram os integrantes da auto-proclamada “República de Curitiba”, composto por integrantes do MBL, Vem Pra Rua e outros grupos golpistas de extrema direita.

Mais de 30 mil se reúnem em defesa da democracia

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