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Juros altos fazem Volkswagen parar produção no país

Montadora é mais uma a reduzir seu ritmo de produção por causa da estagnação do mercado provocada pela alta da Taxa Selic, de 13,75%

Redação CNM/CUT
Divulgação

Planta da Volkswagen Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP)

As altas taxas de juros cobradas no país produziram mais estragos na indústria nacional. Desta vez, a Volkswagen anunciou na terça-feira (27) a suspensão temporária da produção de veículos em suas plantas no país por conta da estagnação no mercado. As unidades de São Bernardo do Campo (SP), Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR) usarão medidas de flexibilização de jornada para reduzir o ritmo de produção.

Em vídeo gravado na internet, o diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SP), Wellington Messias Damasceno, que é trabalhador na unidade da Volks em São Bernardo, lembrou que mesmo com as medidas do governo federal para estimular a venda de veículos através de incentivos fiscais, a alta da Taxa Selic impede que a venda de veículos seja financiada, já que o crédito bancário tem custo elevado para quem o procura.

“A decisão do Banco Central de manter os juros a valores tão altos afeta toda a sociedade negativamente neste momento, não só com a parada de produção nas montadoras, mas também afetando toda cadeia de autopeças, serviços e comércio. No final, quem é atingido é cada um dos trabalhadores e trabalhadoras. Por isso é tão importante que todos se engajem nessa luta contra a taxa abusiva de juros”, disse o dirigente.

Em Taubaté, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos (Sindmetau), Cláudio Batista, o Claudião, que também é trabalhador na empresa, disse que o setor automotivo aguardava uma redução dos juros, o que poderia impulsionar o aumento das vendas proporcionado pelo programa do governo federal para carros populares.

“As medidas do Governo Federal foram medidas importantes, mas precisavam ser complementadas com a redução da taxa de juros. Infelizmente, isso não ocorreu. Esse índice de 13,75% dificulta a situação do setor automobilístico e a venda de produtos financiados”, disse o dirigente ao site do Sindmetau. Ele recorda que o programa do governo federal fez a Volkswagen desistir de um layoff em Taubaté.

Nesta quarta-feira (28), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que o governo federal aumentará de R$ 500 milhões para R$ 800 milhões o crédito para bancar o desconto no preço de carros no país. O montante do programa, que também atende caminhões e ônibus, subirá de R$ 1,5 bilhão para R$ 1,8 bilhão.

Para o secretário-geral da CNM/CUT, Renato Carlos de Almeida, o Renatinho, esse aumento de subsídios no programa do governo não resolve o problema da falta de vendas das montadoras e tampouco atenua o receio dos trabalhadores do setor automotivo sobre o momento ruim do setor. “O problema maior são os juros do Banco Central, essa é a nossa maior batalha no momento, por isso que estamos nos mobilizando para ir às ruas cobrar que a Selic caia já”, diz o dirigente.

Até maio, ao menos 13 plantas de montadoras pelo país já haviam paralisado suas linhas de produção por conta das baixas vendas e altos estoques em seus pátios. Existe previsão ainda de mais paralisações, se o ritmo do mercado para o setor não melhorar.

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