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Censura e Assédio Moral

Jornalistas do Cruzeiro do Sul entregam carta de repúdio à direção da FUA

Presidente da Fundação mantenedora do jornal afirma que atitude autoritária e invasiva do grupo liderado pelo promotor Farto Neto não condiz com princípios da FUA

Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo
Reprodução
Aos gritos, grupo liderado pelo promotor forçaram jornalistas a escrever matérias e títulos condenando a greve geral do dia 28

Aos gritos, grupo liderado pelo promotor forçaram jornalistas a escrever matérias e títulos condenando a greve geral do dia 28

Na sexta-feira (5), os jornalistas Cruzeiro do Sul estiveram reunidos com o presidente do Conselho de Administração da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), José Augusto Marinho Mauad (Gugo), que é o responsável pelo jornal, e entregaram um documento, assinado por toda a redação, com relato do assédio moral e censura de que foram alvo no dia 28 de abril, quando da cobertura da greve geral. Os profissionais manifestaram seu repúdio em relação ao fato, além de reivindicar a apuração do ocorrido e o fim de assédio, censura, constrangimento, coação e intimidação aos jornalistas da redação.

No último dia 28, conselheiros da FUA, ex-diretores e autoridades ligadas direta ou indiretamente à instituição, liderados pelo promotor de Justiça Antônio Domingues Farto Neto, que é conselheiro consultivo da Fundação, foram até a redação do jornal e impuseram aos profissionais, em tom agressivo e sem margem a argumentos ou explicações, a mudança na linha editorial da cobertura da paralisação geral ocorrida na cidade. Segundo relatos, os membros dessa “força-tarefa” entenderam que a edição daquele dia apresentava um viés favorável ao movimento grevista e exigiram que as versões impressa e online do jornal fossem modificadas para reproduzir o que chamaram de “agenda positiva”.

Na reunião com o presidente do Conselho de Administração, os jornalistas endossaram os fatos veiculados pela Regional Sorocaba do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e reforçaram o sentimento de indignação que os acometeu, relatando a onda de horrores a que foram expostos, a forma truculenta com que foram tratados, o desrespeito e o flagrante abuso cometido.

Segundo informaram os jornalistas, o presidente José Augusto afirmou que a ação praticada destoa dos princípios defendidos pela diretoria da FUA, mantenedora do jornal Cruzeiro do Sul, e consistiu num “fato excepcional”. Garantiu que isso não mais se repetirá e afirmou que compreende a sensação da equipe. Gugo afirmou também que o assunto será tratado na esfera administrativa e com base no que dispõe o estatuto que rege a Fundação. O presidente orientou a todos para que trabalhem “de cabeça erguida”, acreditando que não serão mais alvo de investidas como a praticada no dia da Greve Geral.

Esclarecimentos

O SJSP-Regional Sorocaba vem a público pedir desculpas ao Sr. Eduardo Cardum, presidente da Fundação mantenedora da rádio Cruzeiro FM 92,3. Diante de a pressão ocorrida no dia 28, e de presença, na redação, de inúmeras pessoas desconhecidas dos profissionais de imprensa, houve um engano e, diferente do anunciado primeiramente, Cardum não estava entre as autoridades que praticaram ações de censura e de assédio moral. Portanto, a Regional Sorocaba reforça o pedido de desculpas.

Em relação à participação no episódio do comandante do 7º Comando do Batalhão da Polícia Militar do Interior (CPMI-7), Antônio Valdir Gonçalves Filho, e do secretário de Segurança Municipal, delegado licenciado José Augusto Pupin, o SJSP-Regional Sorocaba esclarece que ambos foram até o jornal atendendo a convite da “força-tarefa” liderada pelo promotor Farto Neto para conceder as entrevistas da “agenda positiva” da Greve Geral.

Segundo relatos, o comandante e o secretário não foram atores do assédio moral e da censura e não acompanharam totalmente as ações intimidatórias cometidas contra os profissionais de imprensa. Eles presenciaram alguns episódios de assédio e a presença da autoridade policial e do secretário de Segurança do município, convidados por aqueles que cometeram assédio moral, deu mais peso ao ambiente de coação e ampliou o sentimento de fragilidade, intimidação e pressão sobre os jornalistas.

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