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Dia Nacional da Cultura

Há mais de 30 anos, SMetal segue defendendo a democratização cultural

Neste Dia Nacional da Cultura, relembre momentos marcantes em que o Sindicato se fez atuante pelo setor em Sorocaba; do Espaço Cultural dos Metalúrgicos, em 1993, até os agitados ‘1º de maio’ da entidade

Imprensa SMetal
Divulgação

Aos que entregam sua força de trabalho diariamente no chão de fábrica, muitas vezes é negado o básico. O trabalhador moderno, que gera todo o lucro das empresas, labuta para viver. Como diria Ferreira Gullar no poema ‘Como dois e dois são quatro’: “sei que dois e dois são quatro/sei que a vida vale a pena/mesmo que o pão seja caro/e a liberdade pequena”. Viver, no contexto atual, custa caro. É natural que o primordial entre na frente: arroz, feijão, vestir e calçar. Por essas e outras que o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) atua (e defende) que a cultura seja acessível, ampla e, acima de tudo, gratuita.

Não é de hoje que o SMetal se mostra compromissado com a pauta cultural. Um dos marcos em prol da população sorocabana, foi a inauguração do Espaço Cultural dos Metalúrgicos. Abrigado na antiga sede, na Rua da Penha, o local foi concebido como um núcleo de experimentação teatral em 1993.

Encabeçando o projeto estava Carlos Mantovanni, um dos principais nomes artísticos em Sorocaba durante o século XX. O artista tinha um faro inconfundível para arte, fato curioso devido a origem de seu trabalho pois se tratava, também, de um operário de fábrica. Com sua brilhante dualidade entre o que viu nas fábricas e o que projetava como arte, Mantovanni coordenou o local – que formou toda uma geração de artistas na cidade – durante 10 anos.

Há 30 anos, não se falava em cultura em Sorocaba. Os debates políticos ficavam limitados ao campo das mesmas questões que, apesar de importantes, foram tantas vezes usadas para fins eleitoreiros. Havia, no entanto, artistas sobrevivendo de arte em uma Sorocaba que trata, até os dias de hoje, a cultura como pauta-não-prioritária.

O SMetal, em contrapartida, sempre esteve ao lado da formação cultural e da arte, entendendo que se o arroz e feijão alimentam a carne, a cultura era a sustância da alma; mesmo tão negada e retirada das mãos dos trabalhadores. A entidade queria democratizar o acesso aos livros, peças, músicas, exposições.

O tempo passou e essa pauta continuou sendo um dos pilares de atuação do Sindicato. As festividades de 1º de maio, tão conhecidas pela população sorocabana, ficaram marcadas como um momento em que luta e diversão se encontram. Em 2019, por exemplo, 15 mil pessoas se reuniram no Parque dos Espanhóis para o ‘1º de Maio dos Metalúrgicos’ que, naquela edição, teve como tema “Pelo direito ao emprego e à aposentadoria digna”. Por meio das vozes potentes de Ana Cañas, das bandas francisco, el hombre e Detonautas, além de artistas locais, os trabalhadores e o público geral puderam aproveitar muito aquele que, de longe, foi um ato político-cultural.

A música também esteve presente durante o Rock dos Metalúrgicos, projeto que aconteceu durante onze anos para dar visibilidade as bandas locais e homenagear o gênero musical tão querido entre os metalúrgicos. Cinema também teve vez no SMetal por meio do Cine Debate, em que vários filmes, como “As sufragistas”, foram colocados em discussão com uma plateia diversa.

Para recordar outros dois momentos importantes para a cultura no SMetal, vale à pena mencionar o Ciclo de Debates e os eventos da Consciência Negra. Nomes como Guilherme Boulos, Frei Betto, Marcia Tiburi e Leonardo Sakamoto passaram pela entidade e deixaram seus acúmulos para os trabalhadores e participantes em suas palestras.

O presidente do SMetal, Leandro Soares, aponta que a cultura é uma pauta permanente do Sindicato porque o trabalhador também deve ter acesso a ela. “É comum pensarmos a cultura como algo inacessível e até mesmo caro. Por isso, temos como premissa democratizar o acesso, trazendo shows, palestras e outros eventos para perto do trabalhador de forma gratuita”, explica.

“O Sindicato dos Metalúrgicos vê a cultura como um ato-político; um mecanismo que pode expandir a forma de compreender as questões sociais”, finaliza o presidente.

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