Uma das principais fiadoras do impeachment de Dilma Rousseff, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – Fiesp recentemente ressuscitou o pato amarelo para criticar a decisão de Michel Temer de aumentar os impostos sobre a gasolina.
A entidade, porém, comemorou discretamente a “estabilidade econômica” derivada da decisão da Câmara dos Deputados de enterrar a denúncia de corrupção passiva do presidente peemedebista. E cravou em nota oficial: “É hora de construir”. O tom, portanto, é pela virada da página. (Leia a nota ao fim da matéria)
O apelo pela estabilidade econômica foi evocado por diversos deputados ao proferir o voto “sim” ao relatório de Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) e, portanto, contra o prosseguimento da denúncia.
Em nota assinada pelo presidente Paulo Skaf e divulgada na noite da quarta-feira 2, pouco depois da salvação de Temer pelos deputados, a entidade classificou como “soberana” a decisão da Câmara e que os deputados cumpriram sua “missão institucional”.
“Com isso, o Brasil supera mais uma etapa da crise que tanto sofrimento vem trazendo aos brasileiros e pode trabalhar para construir o futuro. Os sinais de recuperação da economia que já começamos a ver no horizonte precisam se fortalecer e se multiplicar”, diz a nota.
O recado para o governo é claro: deve concentrar os esforços “na retomada do crescimento, com geração de emprego e renda, sem aumento de impostos ou medidas que sacrifiquem ainda mais a sociedade”. Ou seja, para a entidade e para o mercado, o mais importante é a aprovação das reformas que ainda pairam no horizonte, como a da Previdência.
A postura não é nova. Em junho, questionada logo após as denúncias de Rodrigo Janot contra Michel Temer, a FIESP decidiu poupar o colega do PMDB.
“Não cabe à Fiesp falar sobre renúncia de Presidente da República, mas defender a retomada do crescimento do País”, disse Skaf ao jornal O Estado de S.Paulo.
Questionado sobre a contradição entre sua postura com Dilma e com Temer, Skaf disse se tratarem de situações diferentes. “No caso da Dilma era uma situação diferente. Ela havia perdido completamente o controle do País. Vivemos dois anos seguidos de crescimento negativo de 3,8%, tanto que acumulou mais de 13 milhões de desempregados”, afirmou.
Para Skaf, sob Temer houve “controle inflacionário”. Ainda segundo ele, “cabe à Fiesp discutir economia, não política”.
Justiça
Em meio às investigações da Operação Lava Jato, o nome de Skaf também surgiu. Ele é investigado em um inquérito derivado da delação de Marcelo Odebrecht, herdeiro da empreiteira.
Segundo Odebrecht, a pedido de Benjamin Steinbruch, presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a construtora repassou 2,5 milhões de reais à campanha de Skaf ao governo de São Paulo, em 2014. O dinheiro teria sido pago pelo “departamento de propina” da Odebrecht.
O caso estava com o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, mas em 22 de junho o ministro Edson Fachin, do STF, remeteu os autos à Justiça Federal de São Paulo, como solicitado pela defesa de Skaf.
Nota da FIESP
Brasil supera mais uma etapa da crise
A Câmara dos Deputados tomou hoje sua decisão soberana sobre a denúncia apresentada pelo procurador geral da República contra o presidente Michel Temer. Ela cumpriu sua missão constitucional, dentro das regras do Estado de Direito Democrático.
Com isso, o Brasil supera mais uma etapa da crise que tanto sofrimento vem trazendo aos brasileiros e pode trabalhar para construir o futuro. Os sinais de recuperação da economia que já começamos a ver no horizonte precisam se fortalecer e se multiplicar.
O governo deve agora empenhar todo o seu esforço na retomada do crescimento, com geração de emprego e renda, sem aumento de impostos ou medidas que sacrifiquem ainda mais a sociedade.
A Fiesp tem estado ao lado do Brasil em todos os momentos importantes e continuará lutando por um país mais próspero, desenvolvido e justo para todos os brasileiros.
Paulo Skaf
Presidente da Fiesp e do Ciesp