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Campanha Salarial

Em Sorocaba, presidente da FEM avisa que reajuste só sai com mobilização

Ademilson Terto, do SMetal, afirma que os metalúrgicos de Sorocaba vão realizar protestos para melhorar propostas salariais

Imprensa SMetal
Foguinho/Imprensa SMetal

Plenária no sábado, com presença de Valmir Biro Biro, presidente da FEM, decidiu realizar protestos por propostas salariais

Entre os seis grupos patronais em negociações com a bancada dos metalúrgicos, o maior índice de reajuste salarial oferecido até agora se limitou a 4,5%. “Rejeitamos essas propostas já na mesa de negociações. Para forçar os empresários a melhorarem as propostas de acordo, vai ter que ter muita mobilização da categoria”, afirmou o presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT (FEM), Valmir Marques, Biro-Biro, durante plenária da categoria em Sorocaba na manhã deste sábado, dia 30.

A inflação desde a última data-base dos metalúrgicos, em setembro de 2013, está estimada em 6,4%. O índice ainda não está consolidado porque os dados de agosto não estão finalizados. “Temos condições de conquistar, se houver mobilização suficiente, não apenas a reposição integral da inflação, mas também aumento real nos salários e a valorização dos pisos salariais da categoria acima das demais faixas salariais”, explicou Biro-Biro.

A plenária foi realizada na sede do Sindicato dos Metalúrgicos em Sorocaba e Região (SMetal) e contou com representantes dos trabalhadores de dezenas de fábricas locais. Ademilson Terto da Silva, presidente do SMetal, afirmou que a categoria vai dar sua parcela de contribuição para o avanço das negociações, realizando protestos nos próximos dias.

SMetal se prepara
“Não vamos divulgar aqui nem data nem locais, mas vamos realizar grandes manifestações para forçar os patrões da região a cobrarem seriedade dos seus representantes na Fiesp (federação estadual das indústrias), que estão fazendo corpo mole nas negociações com a FEM”, afirmou Terto.

“Não adianta as empresas ficarem especulando dias ou formatos do nosso protesto. Não adianta os setores de Recursos Humanos ficarem espalhando cartinhas antissindicais nas fábricas ou tentarem mudar itinerários de ônibus e horários de entrada dos turnos. Nossa manifestação pública vai acontecer no tempo certo e vai deixar claro que os metalúrgicos estão, como sempre estiveram, dispostos a lutar”, avisa o dirigente do SMetal.

Oportunismo patronal
O presidente da FEM reconhece que há setores com a produção desaquecida, mas que isso não justifica o pessimismo econômico e a falta de propostas de acordos salariais. “Quando surgiram os primeiros sinais de desaquecimento, este ano, as empresas já fizeram os ajustes que queriam fazer. Em algumas regiões demitiram, deram férias coletivas, fizeram lay-off (suspensão de contrato), como já tinham feito em 2008, no auge da crise mundial. Como aconteceu naquela época, agora a tendência é de melhora”, afirma.

“O que está existindo é um movimento pessimista e especulativo para desgastar o governo da presidenta Dilma às vésperas das eleições. Muitos patrões oportunistas estão aproveitando o momento para barrar avanços à classe trabalhadora, especialmente aos metalúrgicos, que servem de referência para campanhas salariais de outras categorias profissionais”, alerta o presidente da FEM.

Tensão pré-eleitoral
O vereador sorocabano e dirigente sindical metalúrgico, Izídio de Brito, presente à plenária, concorda com Biro-Biro. “A oposição está fabricando uma tensão pré-eleitoral contra o PT, sem se importar com o fato de isso estar prejudicando a economia do país inteiro. É uma oposição irresponsável e precisa ser denunciada e combatida”, afirma o parlamentar.

Para Izídio, as empresas tiveram faturamento e lucros extraordinários no Brasil nos últimos 12 anos, mas não aceitam reduzir em nada suas margens de lucros nos períodos de necessidade para o país. “Para manter os altos lucros, sacrificam os trabalhadores e criam cenários negativos”, afirma.

“Multinacionais como os grupos ZF, Schaeffler, Carrefour e Wall-Mart não admitem sequer reduzir a imensa remessa de lucros enviada para o exterior. Elas sugam a mão d eobra, sugam os recursos naturais do País e ainda reclamam do governo, dos sindicatos e dos trabalhadores”, lembra o vereador metalúrgico petista.

Para o vereador, tem empresário revoltado com o PT porque já não há mais tanta reserva de mão de obra barata à disposição. “Foram criados 22 milhões de empregos com carteira assinada nos governos de Lula e Dilma. Faz anos que muitos trabalhadores conseguiram a tranquilidade para escolher emprego. Isso valoriza os salários e melhora as condições de trabalho. Tem patrão reacionário que não aceita essa evolução”.

Convenção Coletiva
O parlamentar metalúrgico Izídio parabenizou a FEM/CUT por ter conquistado, em 2013, a renovação das cláusulas sociais da convenção coletiva dos metalúrgicos por dois anos. “Por conta dessa estratégia, este ano podemos negociar somente as questões salariais. Caso contrário, a tensão pré-eleitoral contra a nossa categoria seria ainda maior”.

Biro ressaltou que a campanha salarial este ano tem que dividir atenções com a eleição de outubro. “Nossa categoria, que cresceu muito nos últimos anos, tem obrigação de defender esse projeto político representado por Dilma, que é um garantia de manutenção dos direitos trabalhistas e sociais. Temos que atuar pensando em conquistar avanços nesta e nas próximas campanhas salariais”.

Apesar da prioridade da FEM este ano ser a valorização salarial, há outras reivindicações dos trabalhadores nas mesas de negociações. “Lutamos também pela licença maternidade de 180 dias em todos os setores metalúrgicos. Já conquistamos esse avanço em três grupos. Mas os grupos 8, 10 e Estamparia insistem em apenas indicar, ao invés de garantir, esse direito na convenção coletiva.
Também a redução da jornada de trabalho sem redução do salário está na pauta da FEM.

Aviso de greve
Biro-Biro afirma que estão previstas mobilizações pela campanha salarial na próxima semana nas bases metalúrgicas do ABC, Sorocaba, Taubaté, Pindamonhangaba, Araraquara, Matão e Monte Alto, entre outras cidades.
“Caso os patrões não apresentem propostas sérias na próxima semana, no início da outra semana vamos enviar avisos de greve para os grupos patronais. Assim teremos respaldo legal para parar a produção nas fábricas até por tempo indeterminado”, explica.

O presidente do SMetal pede aos metalúrgicos da região já comecem, neste fim de semana, a conversar com seus familiares e companheiros de trabalho sobre a importância de participar das mobilizações para fazer os patrões cederem reajustes salariais para todos.

“Mesmo nas fábricas em que há acordo salarial garantido para este ano, pedimos solidariedade ao movimento coletivo que se aproxima. Quem já está com a situação salarial garantida este ano pode precisar da ajuda dos companheiros de outras fábricas no próximo. É esse sentimento de unidade e fraternidade que faz a nossa categoria ser uma das mais fortes do Brasil há décadas”, explica Terto.

Apresentação do Dieese
Antes dos debates e encaminhamentos de ações, a plenária dos metalúrgicos contou com uma apresentação do economista Fernando Lima, responsável pela subseção do Dieese no SMetal Sorocaba. Lima fez um balanço das campanhas salariais da categoria desde 2002 e explicou o comportamento de mercado e notícias publicadas sobre os setores metalúrgicos mos últimos meses.

Além de Terto, Biro-Biro, Izídio e Fernando, compuseram a mesa da plenária os dirigentes João Farani, diretor executivo do SMetal e da FEM; Joildes Ferreira, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Cajamar e da FEM; Kelly Carmo da Silva, diretora do SMetal e membro dos coletivos de mulheres metalúrgicas de Sorocaba e da FEM; e Leandro Soares, secretário-geral do SMetal e secretário da Juventude na Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM).

Fernando Lima, Izídio de Brito, Joildes Ferreira, Ademilson Terto, Kelly Carmo e Leandro Soares (Foguinho/Imprensa SMetal)

Plenária foi realizada do auditório do térreo do Bloco 2 do SMetal Sorocaba (Foguinho/Imprensa SMetal)

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