Considerar a economia nas discussões e reflexões sobre as estruturas de raça, classe e gênero é fundamental para garantir a transformação social. É o que afirmam o deputado federal Kiko Celeguim e o professor de contabilidade e economia Antonio Doria, convidados especiais da reunião da direção Plena do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) realizada na última sexta-feira, dia 1º. As autoridades abriram o encontro entre os dirigentes da entidade sindical com uma mesa redonda sobre a atual conjuntura política brasileira, além da relação com o contexto global.
Responsável pelo planejamento e estruturação de vários ministérios durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, Doria falou aos dirigentes presentes sobre as avaliações da população brasileira sobre o governo federal e o que os dados oficiais indicam. “Nós vivemos uma grande crise da república, do que é público. E isso está associado a um bruto individualismo, egoísmo, em vários sentidos”, destacou.
Ainda, o especialista trouxe termos como “blocos no poder” e “hegemonia” para explicar como grupos dominantes – formados por proprietários de bancos e do agronegócio, segundo Doria – utilizam de meios como a comunicação para perpetuar seus ideais e interesses. “Quem manda no país não foi eleito para mandar no país”, diz.
Já o deputado Kiko Celeguim, que também é presidente do PT de São Paulo, trouxe uma análise do contexto político global para refletir sobre o presente e futuro do Brasil. Para ele, é necessário “mudar estruturalmente o pensamento na sociedade brasileira”, bem como “os vetores de financiamento da nossa economia”.
Assim, será possível ter “uma classe trabalhadora ganhando bem, uma classe média progressista, que ajude a construir um pensamento de projeto nacional, para que o Brasil não se renda e não volte a ser um ‘mero exportador de commodity’, com uma renda concentrada”, afirmou.
Dessa forma, para que o cenário seja alcançado, é necessário que a economia permeie o “debate na sociedade”. “Não se trata de ficar discutindo questões identitárias, religiosas. A gente precisa discutir economia, que é a maneira que transforma a vida das pessoas. Só que nós precisamos ter um projeto”, defendeu.
SMetal participa ativamente de discussões
Desde 2008, o SMetal conta com a subseção dos Metalúrgicos de Sorocaba do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A entidade, criada e mantida pelo movimento sindical brasileiro, desenvolve atividades e pesquisas sociais e econômicas sobre diversos temas relacionados ao mundo do trabalho.
Além disso, na edição mais recente da Folha Metalúrgica, publicada em fevereiro deste ano, o SMetal trouxe a temática da justiça tributária para debater, com a categoria metalúrgica de Sorocaba e região, sobre as mudanças na tabela do Imposto de Renda (IR) das Pessoas Físicas (Saiba mais aqui).
Para o secretário-geral do SMetal, Silvio Ferreira, trazer para a entidade discussões como essa – com a presença de Kiko Celeguim e Antonio Doria – é importante para mudar o cenário em que se pretende chegar. “Desde a fundação da CUT e do nascimento do Partido dos Trabalhadores, Sorocaba disputa as eleições com companheiros que fazem parte do movimento sindical. O projeto político faz parte da essência do SMetal, está em nosso DNA e, por isso, é fundamental entender a conjuntura socioeconômica brasileira”, disse.
O mesmo é defendido pelo presidente da entidade, Leandro Soares. “Essa representatividade demonstra a importância que este Sindicato tem, não somente para dentro do movimento sindical, mas também no que se diz respeito às políticas públicas e democracia”, destacou.
Reunião da direção Plena
Além de receber uma mesa redonda, com a presença de autoridades, a reunião da direção contou com um momento para revisão do planejamento, elaborado pelos dirigentes em 2021, e também para apresentação do Programa de Participação nos Resultados (PPR) 2024.
Durante o encontro, os dirigentes se dividiram de acordo com seus Comitês Sindicais de Empresa (CSE), para verificar as propostas e refletir sobre novos planos de ação para dar continuidade ao cumprimento dos eixos e dos objetivos estratégicos da gestão.
E, após o primeiro momento, os dirigentes discutiram sobre os critérios que vão nortear as negociações do PPR 2024, aprovados pelos trabalhadores da base do SMetal em assembleia híbrida, realizada de forma eletrônica (entre os dias 28 de fevereiro a 1º de março) e presencial, na última sexta-feira, 1º (Saiba mais aqui).