Busca
CPI da Saúde

Diretores da Policlínica foram ouvidos na Câmara Municipal

Presidida pelo vereador Izídio de Brito (PT), a CPI questionou os problemas de atendimento na unidade de saúde e denunciou casos de mau atendimento

Assessoria vereador Izídio de Brito Correia
Assessoria/CMS
Esta foi terceira rodada de oitivas, que teve como foco os problemas no atendimento da Policlínica

Esta foi terceira rodada de oitivas, que teve como foco os problemas no atendimento da Policlínica

A Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as causas dos problemas de atendimento na rede pública de saúde de Sorocaba (CPI da Saúde) realizou na tarde desta terça-feira, 24, sua terceira rodada de oitivas, que teve como foco os problemas no atendimento da Policlínica.

Foram ouvidos a diretora e o diretor clínico da Policlínica, Cristiane Andrea Rosa de Lima e Oslan Teobaldo Ferreira. O ex-diretor da unidade, Luiz Antonio Areco, que deveria ser ouvido, não foi localizado para que fosse formalizada sua convocação.

Os trabalhos foram abertos pelo vereador Izídio de Brito (PT) às 14h20 e terminaram pouco depois das 18 horas. O presidente da CPI solicitou a veiculação de uma reportagem da TV Tem mostrando que a Policlínica (unidade de saúde dedicada ao atendimento de especialidades) é um dos principais gargalos da saúde pública em Sorocaba, com longas filas de espera no atendimento, tanto na marcação da consulta quanto dentro do próprio hospital.

Segundo a reportagem, mais de 60 mil pessoas aguardam por uma consulta. O tempo médio é de três meses, mas a demora pode chegar a um ano e meio.

O vereador Fernando Dini (PMDB) fez um contundente pronunciamento sobre os problemas da saúde em Sorocaba e relatou casos de falta de médicos numa das unidades de saúde que visitou. “Precisamos melhorar a gestão e precisamos de humanização da saúde”, afirmou Dini, que repassou ao presidente da CPI um relatório das visitas efetuadas. Já o vereador José Crespo (DEM) defendeu a convocação da diretoria do Hospital Evangélico, que, segundo ele, está passando ileso nas investigações que se faz sobre a saúde em Sorocaba. Crespo também quis saber o que aconteceu com a Policlínica Móvel.

Denúncias no atendimento – O vereador José Crespo contou que recebeu, através do correio eletrônico, uma denúncia envolvendo a Policlínica e outros setores da saúde em Sorocaba. Há três anos, uma munícipe procurou postos de saúde e, depois, a Policlínica para tratar de dores no estômago. Um médico da Policlínica disse que ela teria de operar da vesícula, mas não foi agendada uma data para a cirurgia, sob a alegação de que só haveria data posterior a um ano. Como a paciente voltou a sentir fortes dores, procurou novamente à Policlínica e desmaiou na recepção do hospital, sendo socorrida por outros pacientes, já que não foi atendida e desistiu, voltando para casa com as mesmas dores.

Ainda segundo o relato de Crespo, no último sábado, 21, a paciente foi levada pelo Samu à UPH da Zona Norte, mas os médicos não quiseram tocá-la, preferindo encaminhá-la para o Pronto-Socorro da Santa Casa. A paciente, com 62 anos de idade, já estava vomitando, com diarréia e expelindo sangue pela urina. Então, um médico do Pronto-Socorro detectou em meia hora o que, segundo o relato, não foi descoberto em três anos nos postos e na Policlínica.

“Ela não tinha problema na vesícula, mas um tumor na bexiga”, disse Crespo, cujo relato foi confirmado, com acenos de cabeça, por um genro da referida paciente, presente no auditório da Casa. “O tumor que era pequeno cresceu, daí as dores”, explicou. Então, o médico, apesar do diagnóstico certo, informou que não era cirurgião e que ela teria de fazer uma cirurgia urgente. Ainda segundo Crespo, o cirurgião confirmou o tumor na bexiga, mas disse à família: “Voltem para casa porque não vou agendar a cirurgia. Se algum órgão estourar, então volte que eu agendo a cirurgia”. E disse mais: “Se eu for internar cada idoso que chega com risco de morte, eu loto isso aqui”. Crespo, visivelmente emocionado ao deixar a tribuna, disse que a senhora continua em casa, com dores, à espera da cirurgia.

Outros vereadores também apresentaram casos de pacientes que também não tiveram o atendimento adequado.

Irineu Toledo (PRB) denunciou que uma paciente internada na Santa Casa teve de pagar mais de R$ 3 mil de exames complementares e, além disso, pagar uma ambulância para levá-la para fazer esses exames no Hospital Santa Lucinda. Marinho Marte (PPS) disse que há 600 pessoas esperando na fila para fazer fisioterapia na Policlínica e que, segundo denúncias que recebeu, pode estar havendo cobrança indevida pelo atendimento. Luis Santos (PMN) indagou sobre o “Ônibus da Mulher”, que, segundo os diretores da Policlínica, está funcionando. Antonio Carlos Silvano (PMDB) defendeu a Santa Casa, mas também fez críticas à demora no atendimento na rede de saúde.

Carlos Leite (PT) também fez indagações sobre a relação da Policlínica com a rede básica de saúde.

Indagações do relator –

O vereador Waldomiro de Freitas (PSD), relator da CPI da Saúde, fez uma série de indagações aos diretores da Policlínica, entre elas, os motivos que levam a Policlínica a desmarcar e remarcar atendimento. Respondendo esses e outros questionamentos dos parlamentares, a diretora Cristiane Andrea Rosa de Lima explicou que poucos exames são feitos na Policlínica e que muitos são remarcados devido, por exemplo, ao surgimento de cirurgias de urgência. Já o diretor Oslan Teobaldo Ferreira afirmou que a Policlínica Móvel atendeu 35 mil pessoas, mas, devido à evasão de médicos da rede, não foi possível deixar um médico por conta da unidade móvel, pois iria desfalcar a própria Policlínica. Mas disse que ela vai voltar a funcionar para atender os bairros mais distantes.

A diretora Cristiane Lima disse que tentou melhorar a parte administrativa e humanizar o atendimento e explicou as dificuldades encontradas pela Policlínica para fazer, por exemplo, reformas no prédio. Já o diretor Oslan Ferreira defendeu a proposta de descentralização do atendimento do secretário de Saúde, Armando Raggio, e se queixou da falta de especialistas na rede, como oftalmologista e neurologista. Mas disse que a Policlínica “não é o caos” e que o hospital realizou, de agosto 2012 a julho 2013, 440.884 atendimentos, uma média de 36.740 por mês. Também disse que as reclamações que chegam à ouvidoria são em índices relativamente baixos tendo em vista o grande número de pessoas atendidas.

Ao término dos trabalhos, o vereador Waldomiro de Freitas (PSD) propôs uma visita à paciente cujo caso foi denunciado pelo vereador Crespo e também a convocação do médico que deixou de prestar o atendimento à mesma. Já o presidente da CPI, Izídio de Brito, anunciou que mais diretores de unidades de saúde serão convocados para prestar depoimento. Os trabalhos foram transmitidos ao vivo pela TV Legislativa (Canal 6 da NET) e pelo sítio oficial do Legislativo sorocabano.

Além de Izídio de Brito, presidente, e Waldomiro de Freitas, relator, fazem parte da CPI da Saúde os vereadores José Crespo (DEM), Rodrigo Manga (PP), Neusa Maldonado (PSDB) Fernando Dini (PMDB), Cláudio do Sorocaba I (PR), Irineu Toledo (PRB), Jessé Loures (PV), Marinho Marte (PPS), Waldecir Morelly (PRP), Pastor Apolo (PSB) e Luis Santos (PMN).

tags
coi da saúde izidio de brito correia ouvidos diretores da policlínica PT resultado Sorocaba
VEJA
TAMBÉM