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CSE na Mercedes comemora 30 anos

Metalúrgicos alemães participam da celebração de 30 anos da empresa

Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Adonis Guerra

Metalúrgicos na Mercedes brasileiros e alemães

“Se os alemães tinham 40 horas de jornada semanal, a nossa era de 44. Se eles já ti­nham Comissão de Fábrica há mais de 25 anos, a nossa nem existia e a militância ainda era perseguida pela ditadura mili­tar. Tudo isso em 1984, quando conquistamos a Comissão de Fábrica na Mercedes”.

O depoimento do deputado federal Vicentinho, ex-traba­lhador na montadora, foi uma das muitas histórias relembra­das durante o seminário que celebrou os 30 anos da repre­sentação dos trabalhadores na Mercedes, com um intercâmbio com companheiros alemães no Centro de Formação Celso Daniel, no último sábado.

Para o diretor de Comu­nicação do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e CSE na Mercedes, Valter Sanches, refletir sobre a data dá sentido ao trabalho internacional de solidariedade realizado nestes anos. “Às vezes temos a im­pressão que estamos em um encontro de velhos amigos, o que não deixa de ser verdade”, destacou.

Ele destaca que é preciso entender que quase todas as ações deste perí­odo tiveram alguma ligação en­tre os dirigentes sindicais no Brasil e na Alemanha e a cooperação mútua foi muito importante para ambas às representações.

“Em 1984 nós vivíamos sob a ditadura militar, sob uma repressão enorme, e fazer sindicalismo significava risco de perder o emprego. Mesmo assim garantimos muitos direi­tos, com sucessivas conquistas”, afirmou Sanches.
Angela Hidding, dirigente sindical alemã aposentada na Mercedes, provocou boas lem­branças e risadas. “Em nossa primeira reunião na fábrica em São Bernardo, fomos proibidos de entrar na empresa. Por isso nos reunimos no estaciona­mento. Sentamos no chão e definimos as ações”, contou.

Angela lembrou também que uma das vezes que esteve na região foi bem alimentada, quando Vicentinho sacrificou a única cabra que tinha para ali­mentar toda a delegação. “Esta solidariedade dos metalúrgicos não cabe só do portão para dentro na fábrica, mas também do lado de fora”, afirmou.

Troca de experiências

Já Fritz Hofmann, dirigente alemão aposentado na Basf, declarou se sentir honrado em poder participar da atividade. “Acredito que o setor químico, no qual sempre trabalhei, ga­rantiu muitos de seus direitos graças a luta dos metalúrgicos, sempre tão intensas e solidá­rias”, destacou.

Para o presidente do Sin­dicato, Rafael Marques, uma das relações entre a categoria e dirigentes no mundo a fora que pode ser destacada é a mantida com os trabalhadores na Mercedes.

“Esta relação influenciou muito os rumos dos meta­lúrgicos do ABC, pois o relacionamento com os compa­nheiros alemães é de extrema solidariedade, tornando nos­so processo de negociação muito produtivo e servindo como exemplo para outras fábricas”, lembrou Rafael.

“Hoje estamos em meio ao debate com o governo federal para instituir na legislação trabalhista brasileira um programa de proteção ao emprego semelhante ao que já existe na Alemanha e acredito que em breve será aplicado no País”, concluiu Rafael.

Tribuna Metalúrgica

Também participaram do encontro o coordenador do CSE na Mercedes, Ângelo Máximo de Oliveira Pinho, o Max; o vice-presidente do Sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva; o diretor admi­nistrativo, Moisés Selerges (ambos trabalhadores na Mercedes); o presidente da CUT-SP, Adi dos Santos Lima (trabalhador na Mercedes); e os representantes da de­legação alemã, Fritz Stahl (Mercedes), Gertrude Moll (Bosch), Wolfgang Schulz (Volks), Hans Josef Wüst (Padre João), entre outros.

Fritz lê a Tribuna antes dos brasileiros “Eu leio a Tribuna Metalúrgica todos os dias. Leio, inclusive, antes mesmo dos companheiros no Brasil, as­sim que o jornal é publicado no site do Sindicato [risos]. Fico muito contente em ver os antigos e novos dirigentes unificando ainda mais a luta da categoria e espero que possam continuar juntos por mais 30 anos”.

Fritz Stahl, companheiro alemão aposentado na Mercedes

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