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Com mortes em alta, especialista defendem lockdown para salvar vidas

Brasil pode chegar a 500 mil óbitos por Covid-19 em dois meses; SMetal cobra do poder público e das empresas da base medidas efetivas para proteger o emprego, a renda e a vidas dos trabalhadores

Imprensa SMetal com informações da CUT/SP
Divulgação/Prefeitura de Araraquara
Em Araraquara, o lockdown fez o número de mortos cair consideravelmente

Em Araraquara, o lockdown fez o número de mortos cair consideravelmente

A pandemia da Covid-19 segue totalmente fora do controle no Brasil. Ao todo, o país soma mais de 350 mil vidas perdidas e tem média de três mil óbitos por dia. Cerca de 13,5 milhões de pessoas foram testadas positivas para doença.

Em Sorocaba, já são 1.346 mortos desde o início da crise, em março do ano passado. Somente nos 13 primeiros dias de abril, 232 pessoas morreram na cidade em decorrência do coronavírus. Para se ter uma ideia do avanço da doença, a cidade demorou cinco meses para registrar 235 mortos, desde o primeiro óbito, que aconteceu em março. Além disso, hospitais públicos e privados de Sorocaba operam com lotação máxima, especialmente nas UTIs.

500 mil mortes e vacinação lenta

Se mantiver esse ritmo de mortes, o Brasil pode chegar a 500 mil vidas perdidas em cerca de dois meses. A estimativa é do neurocientista Miguel Nicolelis, em entrevista para o jornal O Globo.

Enquanto isso, especialistas e entidades defendem a urgência de um lockdown em todo país. O movimento “Abril pela Vida”, que reúne cerca de 30 especialistas é um deles. No documento enviado ao presidente Jair Bolsornaro (Sem Partido), eles apontam que “Brasil precisa adotar três semanas de lockdown, medida mais rígida que proíbe circulação de pessoas, para evitar uma disparada de mortes e salvar 22 mil vidas no mês de abril”.

Na carta, os especialistas defendem, entre outros motivos, que é preciso reduzir a circulação do vírus para evitar o surgimento de novas variantes, o que pode tornar as vacinas obsoletas. Pedem, ainda, o aumento da testagem no país, com acompanhamento das pessoas testadas. Coisas que o Brasil nunca fez desde o início da pandemia, em março do ano passado.

Nesse contexto, a entidades também cobram um plano nacional de vacinação eficiente, mas a realidade tem sido bem diferente. Algumas cidades no Estado de São Paulo, inclusive, interromperam a aplicação por falta de doses.

Ao todo, 23,8 milhões de pessoas receberam pelo menos uma dose das vacinas disponíveis, o que corresponde a 11,26% da população nacional. Nesse ritmo, o Brasil levaria quatro anos para ter todos habitantes vacinados.

Lockdown para salvar vidas

Diversas categoria também se movimentam para cobrar o fechamento de tudo para salvar vidas. Como é caso do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), que já pautou as empresas da base para que coloquem os trabalhadores seguros em casa, utilizando meios como férias coletivas ou individuais e banco de horas.

O presidente do SMetal, Leandro Soares, explica que, além disso, é preciso que os poderes públicos municipal, estadual e federal, adotem o lockdown como forma de salvar vidas. “Nós estamos trabalhando incansavelmente pela categoria, para defender o emprego, a renda e, principalmente a vida. Mas não adianta apenas os trabalhadores metalúrgicos ficarem em casa. O feriado fajuto do prefeito Rodrigo Manga provou que não adianta fazer as coisas pela metade. Somente se fecharmos tudo por cerca de 15 dias, conseguiremos amenizar essa situação drástica que vivemos”.

Para o secretário-geral do Sindicato, Silvio Ferreira, não podemos cair na armadilha de colocar a vida versus a economia. “São os trabalhadores que produzem e, consequentemente, geram a riqueza desse país. Portanto, precisamos proteger a saúde dessas pessoas e garantir que seus direitos sejam respeitados. Temos condições de fazer uma paralisação e recuperar isso depois. O que não podemos é assistir o número de mortos subir a cada dia e ficarmos de braços cruzados”.

Araraquara é exemplo

Leandro lembra que o lockdown deu certo em Araraquara. Na cidade paulista, o prefeito Edinho Silva (PT) decretou o fechamento de tudo e viu as mortes caírem drasticamente. Na semana passada, o município teve quatro dias sem mortes em 24 horas. “É preciso ter coragem e encarar a situação. Existem remédios que são amargos mas que são necessários para salvar vidas”.

Silvio completa que o Sindicato continua as negociações para proteção da categoria. “Estamos em constante contato com as empresas, monitorando a situação e cobrando para garantir que os trabalhadores estejam seguros em casa com as suas famílias. Nosso compromisso de manter os empregos, a renda e a vida continua firme e forte”.

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